22/08/2013

MAR DE RELÍQUIAS


FOTO: Erivan Morais.

Artista baiano realiza exposição com elementos encontrados nas areias do mar.

Extrair beleza do que, para a maioria das pessoas, seria material descartável. Esse é desafio do artista visual Florisvaldo Cardim do Nascimento Filho, conhecido como Nen Cardim. No mês de agosto, através de incentivo do Ministério da Cultura e Correios, o artista retoma o projeto “Relíquias do Terceiro Extrato – Esculturas de Nen”. Reunindo trinta peças, entre esculturas, objetos inéditos e trabalhos consagrados do artista no Brasil e outros países, a exposição será aberta ao público 22 de agosto e permanecerá em cartaz até 5 de outubro no Centro Cultural Correios, com visitação gratuita de segunda a sexta das 10h às 18h e aos sábados de 8h às 12h.


Natural da cidade de Valença, filho de pescador e artesã, Nen sempre teve o mar como fonte de inspiração. Com sensibilidade capaz de transformar objetos simples em arte, o contato íntimo com o mar desde a infância influencia seu processo criativo e trajetória, que passeia por experiências artísticas à beira mar. “As esculturas são compostas por fragmentos de embarcações, boias de vidro, outros objetos trazidos pelo mar e até sucatas de estaleiros. Utilizo elementos que fazem parte do meu cotidiano como matéria prima para produzir as peças”, revela o artista.

Nesta mostra, Nen imprime sua herança de homem do mar e, no título do trabalho, apresenta o legado que resgata de seu convívio com a vida praiana. As relíquias coletadas da areia do mar ganham vida a partir de sua criatividade e imaginação. “Quando garimpo os materiais pra compor as peças, me transporto para minha infância. A pesca sempre foi a principal fonte de renda da maioria das famílias da cidade e, com a minha família, não foi diferente. Sempre via as embarcações de um modo diferente, com um olhar de curiosidade, encantamento. Acho que foi o que me inspirou e me inspira ainda hoje”, acrescenta Nen.

A exposição “Relíquias do Terceiro Extrato – Esculturas de Nen” tem a curadoria de Lêda Deborah, que destaca o potencial criativo do artista, que dá um novo conceito a pedaços de embarcações velhas e abandonadas. “Da areia ou da lama, pedaços de barcos singulares apontam para o céu e reconstituem-se como “cavernas”. Nen recolhe tais esculturas imprevistas, dando-lhes novas formas, combinando umas com as outras, articulando-as e, dessa maneira, empregando-lhes um novo sentido”, revela a curadora, que teve a oportunidade de também organizar a exposição Contemporaneidades, no ano de 2006, quando o trabalho de Nen foi apresentado pela primeira vez na capital baiana. “A repercussão foi nacional. A simplicidade dele encantou vários artistas, entre eles o escultor Emanuel Araújo, o diretor do Museu Afro do Brasil em São Paulo”, relembra.

Sobre o autor:

Natural de Valença, Florisvaldo Cardim do Nascimento, 40 anos, descobriu o talento para artes plásticas aos 13 brincando de entalhar madeira. “Como não tinha ferramenta apropriada, comecei a esculpir com prego e chave de fenda, que amolava nas pedras”. Três anos depois, Nen começou a se expressar nas telas influenciado pela mãe que, na arte da sobrevivência, pintava desenhos decorativos em tecidos. O artista pinta até hoje, mas é como escultor que se destaca desde que passou de estreante a vencedor do grande prêmio na categoria escultura da Bienal do Recôncavo em 2002. Desde então, Nen já expôs trabalhos na Alemanha e Suíça, venceu diversos prêmios ao longo da carreira, entre eles: Exposição Relíquias do Terceiro Extrato, Galeria EBEC, Salvador- Ba, 2011- Prêmio Matilde Matos de Curadoria e Montagem 2010, pela FUNCEB. Medalha de Ouro -2ª mostra de Arte Brasileira, em Londres-2010, Grande Prêmio Viagem à Europa - Bienal Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix - BA. 2° lugar no I Salão de Arte Contemporânea do Consulado da Holanda na Bahia e Sergipe.
SERVIÇO:

O QUÊ? Relíquias do Terceiro Extrato – Esculturas de Nen

QUANDO? Abertura: 22 de agosto às 19h – Encerramento: 5 de outubro de 2013

HORÁRIO? De segunda a sexta das 10h às 18h e aos sábados de 8h às 12h.

ONDE? Centro Cultural Correios. Esquina da Praça Anchieta com a Rua Inácio Acioli, no Pelourinho, no 20; próximo à Igreja de São Francisco.

QUANTO? Entrada franca

INFORMAÇÕES: Centro Cultual Correios (71) 3321-6665

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