22/05/2015

Cantora e ativista baiana participa de campanha do Greenpeace pela popularização da Energia Solar no Brasil


Foto: Otávio Almeida.

A baiana Lis Braga acaba de retornar de São Paulo, onde passou cinco dias em companhia de uma equipe de, aproximadamente, trinta pessoas, entre multiplicadores voluntários e profissionais ativistas da organização ambientalista Greenpeace.

Além de publicitária por formação, ela é cantora profissional desde 2009, quando começou sua carreira fazendo espetáculos cênico-musicais em teatros de Salvador. A partir de 2011, encarou a carreira solo realizando shows como intérprete da Música Popular Brasileira mais clássica, e, neste ano, passou a mesclar músicas autorais nos shows, estreando como compositora. Os palcos, no entanto, não a afastaram da missão de proteger a natureza e inspirar jovens a seguir o mesmo caminho.

“Eu me considero ativista bem antes de ser artista, então não tenho como desvincular uma coisa da outra. Todo show traz, direta ou indiretamente, uma mens agem em prol de alguma causa. Se posso usar o espaço que tenho para divulgar algo bom para o público, por que não fazê-lo? Tenho consciência de não alcançar a grande massa, porém, não deixo de fazer a minha parte. É assim que vamos, aos poucos, mudando o nosso contexto, a nossa realidade.” – justifica Lis Braga.

Lis participou de diversos trabalhos pela proteção ambiental na Bahia e em outros estados, chegando a dirigir a Comunicação do Projeto Fundo Limpo de Limpeza no Fundo do Mar e a criar o Instituto RAM de Reeducação Ambiental, um grupo de ativistas com o intuito de incentivar boas ações em prol da natureza. No ano passado, foi pintada pelo artista Marcelo Mendonça para uma exposição com ativistas do mundo, onde escolheu defender os animais silvestres vitimados pelo tráfico. Sua história com o Greenpeace não é recente. Ela foi voluntária entre 2006 e 2011, chegando a coordenar o grupo de voluntários baianos; voltou agora como uma das trinta pessoas selecionadas no país para integrar os “Multiplicadores Solares” – uma equipe de jovens treinada pela organização com o intuito de difundir a utilização da energia solar como solução energética para o Brasil.

“Solarizando” o Brasil

Neste mês, Lis Bragasou integrou uma equipe de Multiplicadores Solares que instalou placas fotovoltaicas e realizou palestras para mais de mil alunos e professores da Escola Estadual Oswaldo Aranha, no bairro de Artur Alvim, extrema zona lesta de São Paulo.

“Além dos treinamentos específicos a respeito da energia solar, fomos certificados em NR35, uma norma obrigatória em Segurança do Trabalho para profissionais que precisam desenvolver trabalhos em altura. Após a instalação das placas, os voluntários foram divididos em equipes para dar conta das palestra interativas para as 1200 crianças que estudam na instituição. Além de gratificante – afinal, além de compartilhar nosso conhecimento ajudamos um colégio público a economizar 25% na sua conta de eletricidade –, confesso que foi muito divertido, algo que é bem comum nas atividades do Greenpeace!” – relata a ativista.

A campanha do Greenpeace

Os jovens Multiplicadores Solares do Greenpeace têm a missão, não apenas de ajudar na instalação das placas fotovoltaicas, mas também de divulgar para estudantes e a população em geral dos diversos estados dos quais fazem parte, como a sociedade brasileira pode ser beneficiada pelo Sol e como esta fonte pode ser aproveitada para gerar energia, empregos e melhorias no dia-a-dia.

“Esta é a segunda instalação de placas solares realizada pelo Greenpeace em uma escola pública. O projeto mostra na prática os benefícios econômicos e sociais da energia solar”, diz Bárbara Rubim, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. A primeira instalação ocorreu na Escola Municipal Milton Porto, em Uberlândia, Minas Gerais, em abril. As duas escolas passam a ter parte de seus consumos abastecidos por energia limpa e renovável e a economizar em suas contas de luz. Este valor irá para a administração da escola que poderá escolher, junto com seus alunos, a melhor forma de investir em atividades extracurriculares e ainda reforçar a formação dos estudantes.

As instalações foram financiadas por mais de dois mil doadores que contribuíram com o financiamento coletivo, mostrando que as pessoas acreditam no poder transformador da Educação e do Sol. “Há um nítido descompasso entre as mudanças que a sociedade civil quer, desejando mais energia limpa, e as políticas públicas do governo. As instalações nas escolas mostram que, mesmo sem receber os devidos incentivos do governo federal, estadual e municipal, a energia solar é uma realidade e uma solução para diversos dos problemas enfrentados pelo país”, afirma Rubim. “Agora, queremos ver os governantes dedicando à fonte a atenção que ela merece”.

Hoje, um dos maiores entraves para o desenvolvimento da energia solar no Brasil é a forma como ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) incide na eletricidade. Na prática, quem opta por gerar sua própria energia tem cerca de 20% a menos de ganhos do que poderia ter. Quatro estados brasileiros, entre eles São Paulo, optaram por dar aos cidadãos a possibilidade de gerar sua própria energia de forma mais barata, sustentável e democrática. Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo representam 48% do consumo residencial de eletricidade no Brasil.

“A Escola Oswaldo Aranha já usufruirá do benefício, no entanto a maior parte dos estados brasileiros ainda não optou por este caminho. Queremos que eles também escolham aproveitar o potencial de geração solar e que os exemplos dados pelo Greenpeace sirvam como uma amostra do que poderia existir em todos os cantos do País”, conclui Barbara Rubim.

De volta à Bahia

Completam o time de Multiplicadores Solares com Lis Braga, no estado da Bahia, a bacharel em Direito Jana Lopes e o bacharel interdisciplinar em Humanidades João Raphael Gomes. Os três já fizeram parte do Greenpeace e voltaram a integrar a entidade após uma seleção via edital, aberto para todo o território nacional, que recebeu em torno de 2.000 inscrições para a campanha de popularização da energia solar no país, que durará cerca de dois anos.

O grupo passará a realizar palestras em colégios públicos e particulares no estado, além de intervenções pacíficas para chamar a atenção para as possibilidades da utilização prática da energia solar no dia-a-dia.

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