24/02/2016

Livro Sángò, de Juana Elbein dos Santos e Mestre Didi, será lançado amanhã (24)




Capa do livro

A Editora Corrupio lança nesta quarta-feira (24), na Livraria LDM - Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, às 18h, o livro Sángò, da antropóloga Juana Elbein dos Santos e de Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi Asipá (1917-2013). Com esse volume, dedicado ao orixá Xangô a editora conclui a edição de livros assinados pelo casal que inclui os volumes  Èsù (2014) e Arte Sacra e Rituais da África Ocidental no Brasil (2015). Com 76 páginas e impresso em papel couché, o livro conta com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia mecanismo de fomento à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz).  

Os textos do livro tratam do orixá do panteão nagô, cultuado em comunidades-terreiros brasileiros,  associado à justiça, ao fogo e ao trovão. “Xangô, ao mesmo tempo, resume toda a ancestralidade e todo futuro, todo princípio de virilidade. Ele representa do conceito que  emerge tudo o que o ser humano é: guerra, violência, destruição, mas também família, amorosidade, carinho, bem-querer. Porque nós somos tudo isso que Xangô é”, afirma Juana.

Várias dimensões do herói mítico e dinástico são abordadas no livro: Xangô como o quarto rei de Òyó, (Nigéria); como símbolo de realeza e da continuidade de linhagens, bem como o orixá filho de Yemanjá. Os autores apresentam e interpretam mitos, orikis, fabulações e descrevem  suas oferendas e emblemas, como o osé (machado de duas lâminas), as pedras de raio e a gamela, entre outros. A relação entre o “Rei” e suas esposas (Obá, Oxum e Oyá) também integram o que a autora chamou de Linha do Tempo.

Os textos de Sángò foram escritos em vários momentos da existência da antropóloga, que foi casada com Mestre Didi por 50 anos. E, assim como revelam a continuidade do seu interesse e respeito pela visão de mundo nagô, também são um testemunho da convivência do casal, no Brasil e na África, com passagens encantadoras e epifanias.

Criatividade - Doutora em Antropologia pela Universidade de Sorbonne – Paris V, em 1972, com a tese que originaria o clássico Os Nagô e a Morte (1975), Juana imprime em Sángò a criatividade que a anima hoje: “Não sou cientista, muito ao contrário, sou uma criadora e uma criadora permanente. Acho que os milhões de células que se reproduzem em nós, essa criatividade enorme que nosso corpo é, reproduz um pouco o que acontece no cosmo”.

Essa criatividade também se expressa na própria realização do livro, desde a paginação a outras peculiaridades sugeridas pela autora e acatadas pela Corrupio, a mais antiga editora em atividade na Bahia, reconhecida pela edição de obras fundamentais da cultura afro-basileira, que completa 36 anos em 2016.

Em parte, os textos de Sángò foram escritos, como Juana afirma, para “alcançar e divulgar a sabedoria vivenciada, mas nunca pronunciada” pelo marido, que também foi Sumo Sacerdote  do Culto aos Ancestrais, fundador do Ilê Asipá e escultor. “Didi foi a pessoa mais nobre que conheci na vida”, sintetiza ela, que é de origem judaica e agnóstica; e Mestre Didi,  filho da lendária ialorixá Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, da linhagem de Oba Tosi, que implantou o culto a Xangô no Brasil.

O livro conta com imagens de manuscritos da antropóloga, arte de Mayra Lins sobre foto de Mestre Didi e fotografias de Pierre Verger que retratam sacerdotes de Xangô na Nigéria e no Benin.  Também integram o volume textos de acadêmicos como o antropólogo nigeriano Wande Abimbola (Universidade de Ife) e do linguista  Olabiyi Babalola Yai, escritos após o falecimento de Mestre Didi, que vinculam a linhagem do Sumo Sacerdote e artista a Xangô. A autora optou por manter o título e algumas expressões do livro em Nagô para ser fiel ao “profundo legado civilizatório” das etnias que realizaram a continuidade transatlântica do culto aos orixás.

Sobre Juana Elbein dos Santos - Doutora em Etnologia pela Sorbonne – Paris V, Coordenadora Nacional das Comunitates Mundi Secneb – Sociedade de Estudos das Diversidades Culturais, Ejidé Elefundé do Ilé Asipá Olukotun – Sociedade Cultural e Religiosa do Culto aos Ancestrais, Egungun.

Sobre Deoscoredes Maximiliano dos Santos (Mestre Didi Asipá) – Alapin’ni Asipá Olukotun Asogbá Obaluayê, Fundador do Ilê Asipá – Sociedade Cultural e Religiosa Transatlântica do Culto aos Ancestrais.

Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) – Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Artística e Cultural e Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br


SERVIÇO:
O quê: Lançamento do livro Sángò, de Juana Elbein dos Santos e Mestre Didi
Onde: Livraria LDM – Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, s/nº, Centro, Salvador | (Telefone: 71 3013-4759)

Quando: 24 de fevereiro, quarta-feira, de 18h às 21 h 

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