Capa do livro
A Editora Corrupio lança nesta quarta-feira (24), na Livraria LDM - Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, às 18h, o livro Sángò,
da antropóloga Juana Elbein
dos Santos e de Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi Asipá
(1917-2013). Com esse volume, dedicado ao orixá Xangô a editora conclui a
edição de livros assinados pelo casal que inclui os volumes Èsù (2014) e Arte Sacra e Rituais da África
Ocidental no Brasil (2015). Com 76 páginas e impresso em
papel couché, o livro conta com apoio financeiro do Fundo de Cultura do
Estado da Bahia mecanismo de fomento à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do
Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz).
Os
textos do livro tratam do orixá do panteão nagô, cultuado em
comunidades-terreiros brasileiros, associado à justiça, ao fogo e ao
trovão. “Xangô,
ao mesmo tempo, resume toda a ancestralidade e todo futuro, todo
princípio de virilidade. Ele representa do conceito que emerge tudo o
que o ser humano é: guerra, violência, destruição, mas também família,
amorosidade, carinho, bem-querer. Porque nós somos
tudo isso que Xangô é”, afirma Juana.
Várias
dimensões do herói mítico e dinástico são abordadas no livro: Xangô
como o quarto rei de Òyó, (Nigéria); como símbolo de realeza e da
continuidade
de linhagens, bem como o orixá filho de Yemanjá. Os autores apresentam e
interpretam mitos, orikis, fabulações e descrevem suas oferendas e
emblemas, como o osé (machado de duas lâminas), as pedras de raio e a
gamela, entre outros. A relação entre o “Rei”
e suas esposas (Obá, Oxum e Oyá) também integram o que a autora chamou
de Linha do Tempo.
Os textos de Sángò foram
escritos em vários momentos da existência da antropóloga, que foi
casada com Mestre Didi por 50 anos. E, assim como
revelam a continuidade do seu interesse e respeito pela visão de mundo
nagô, também são um testemunho da convivência do casal, no Brasil e na
África, com passagens encantadoras e epifanias.
Criatividade - Doutora em Antropologia pela Universidade de Sorbonne – Paris V, em 1972, com a tese que originaria o clássico Os Nagô e a
Morte (1975), Juana imprime em Sángò a criatividade
que a anima hoje: “Não sou cientista, muito ao contrário, sou uma
criadora e uma criadora permanente. Acho que os milhões de células que
se reproduzem em nós, essa criatividade enorme que
nosso corpo é, reproduz um pouco o que acontece no cosmo”.
Essa
criatividade também se expressa na própria realização do livro, desde a
paginação a outras peculiaridades sugeridas pela autora e acatadas pela
Corrupio, a mais antiga editora em atividade na Bahia, reconhecida pela
edição de obras fundamentais da cultura afro-basileira, que completa 36
anos em 2016.
Em parte, os textos de
Sángò foram escritos, como Juana afirma, para “alcançar e
divulgar a sabedoria vivenciada, mas nunca pronunciada” pelo marido, que
também foi Sumo Sacerdote do Culto aos Ancestrais, fundador do Ilê
Asipá e escultor. “Didi foi a pessoa mais nobre que
conheci na vida”, sintetiza ela, que é de origem judaica e agnóstica; e
Mestre Didi, filho da lendária ialorixá Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô
Afonjá, da linhagem de Oba Tosi, que implantou o culto a Xangô no
Brasil.
O
livro conta com imagens de manuscritos da antropóloga, arte de Mayra
Lins sobre foto de Mestre Didi e fotografias de Pierre Verger que
retratam sacerdotes
de Xangô na Nigéria e no Benin. Também integram o volume textos de
acadêmicos como o antropólogo nigeriano Wande Abimbola (Universidade de
Ife) e do linguista Olabiyi Babalola Yai, escritos após o falecimento
de Mestre Didi, que vinculam a linhagem do Sumo
Sacerdote e artista a Xangô. A autora optou por manter o título e
algumas expressões do livro em Nagô para ser fiel ao “profundo legado
civilizatório” das etnias que realizaram a continuidade transatlântica
do culto aos orixás.
Sobre Juana Elbein dos Santos -
Doutora em Etnologia pela Sorbonne – Paris V, Coordenadora Nacional
das Comunitates Mundi Secneb – Sociedade de Estudos das Diversidades
Culturais, Ejidé Elefundé do Ilé Asipá Olukotun – Sociedade Cultural e
Religiosa do Culto aos Ancestrais, Egungun.
Sobre Deoscoredes Maximiliano dos Santos (Mestre Didi Asipá) –
Alapin’ni Asipá Olukotun Asogbá Obaluayê, Fundador do Ilê Asipá –
Sociedade Cultural e Religiosa Transatlântica do Culto aos Ancestrais.
Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA)
– Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas,
o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O
mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente
culturais de iniciativa de pessoas físicas ou
jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo
Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da
importância do seu significado, sejam
de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio
junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas
de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações
Continuadas de Instituições Culturais sem
fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizad os;
Mobilidade Artística e Cultural e
Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br
SERVIÇO:
O quê: Lançamento do livro Sángò, de Juana Elbein dos Santos e Mestre Didi
Onde:
Livraria LDM – Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, na Praça Castro
Alves, s/nº, Centro, Salvador | (Telefone: 71 3013-4759)
Quando: 24 de fevereiro, quarta-feira, de 18h às 21 h
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