Cine Kurumin, evento apoiado pelo Fundo de Cultura da Bahia, chega ao quinto ano com edição inédita na capital baiana.
O Palacete da Artes recebe a mostra em março; na aldeia Tumbalalá será a partir dessa sexta-feira (26) e em Kiriri, em abril.
A 5ª edição do
Cine Kurumin chega pela primeira vez a Salvador, abrindo o
calendário audiovisual de 2016 na Bahia. De 04 a 06 de março, o Palacete
das Artes será palco da exibição de 32 produções de temática indígena,
entre curtas, médias e longa-metragens – a maior
parte inédita no circuito comercial. As tradicionais mostras a céu
aberto acontecem nas aldeias Tumbalalá, em Abaré, de 26 a 28 deste mês, e
Kiriri, em Banzaê, de 01 a 03 de abril. O
Cine Kurumin conta com apoio financeiro do Fundo de Cultura da
Bahia, mecanismo de fomento gerido pelas secretarias de Cultura do
Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz), através do edital
Agitação Cultural: Dinamização de Espaços Culturais.
Treze
convidados compõem a programação de debates em Salvador e nas aldeias,
em um encontro único no Brasil de cineastas indígenas e não-indígenas.
Entre eles estão: Vincent Carelli, Ariel Ortega, Isael Macaxali, Patri
Ferreira, Takumã Kuikuro e Zezinho Yube. Esta edição também traz à
capital baiana o grande xamã e porta-voz dos Yanomami, Davi Kopenawa.
Ele lançou recentemente a obra
A queda do céu, em parceria com o etnólogo Bruce Albert, que foi
celebrada pelos principais intelectuais do país. “Neste quinto ano da
mostra, ela dá novos passos e chega à cidade, onde queremos povoar o
mundo não-indígena com o olhar, os sons e imaginários
da floresta, acreditando que olhar para o mundo do outro é uma forma de
olhar para o nosso mundo”, afirma a curadora do projeto e antropóloga,
Thaís Brito. Além de ser uma janela para as produções indígenas,
segundo ela, as rodas de conversas do Cine Kurumin
com os realizadores e líderes são uma abertura para o pensamento
ameríndio.
Programação -
A
programação nas aldeias está recheada de convidados e bate-papos, além
das sessões diárias. Em Tumbalalá, um dos principais debates é sobre o
Cinema Indígena no Nordeste, com a participação
de Jaborandy Tupinambá, Sirleia Kiriri, Fábio Titiá Pataxó Hãhãhãe,
Élvis Ferreira Fulni-ô e Gabriel Tumbalalá.
“Um
dos objetivos do projeto é o de formar público para o cinema indígena a
partir da própria referência, ampliando a rede de distribuição desses
conteúdos”,
diz a curadora. O nome do projeto, Cine Kurumin, é, inclusive,
inspirado nas crianças, que sempre encheram as sessões nas aldeias. Nas
duas comunidades haverá transmissão ao vivo por rádio livre.
Antropofagia Visual,
de Vincent Carelli, abre as sessões do Cine Kurumin
na aldeia Tumbalalá. Vincent Carelli, idealizador do Vídeo nas Aldeias,
é um dos convidados do 5º Cine Kurumin e participa da roda de conversa
“Já me transformei em imagem” – Perspectivas do cinema indígena, no dia
04 de março no Palacete das Artes, às 15h30,
com Takumã Kuikuro, Isael Maxacali, Patrícia Ferreira, Zezinho Yube
Huni Kuin e Taquari Pataxó. “Já me transformei em imagem” é também o
tema da mostra na capital baiana e o título do filme da etnia Huni Kuin,
no Acre, que abre a programação do Cine Kurumin
em Salvador. O filme é de Zezinho Yube e representou o Brasil no Berlim
International Film Festival, o Berlinale, um dos festivais de cinema
mais importantes do mundo, no ano passado.
A mostra no Palacete das Artes terá produções inéditas em Salvador e no Brasil.
ETE Londres - Londres como uma aldeia, de Takumã Kuikuru, foi
exibido apenas no Parque Indígena do Xingu, e terá sessão em Londres, no
fim de fevereiro. A obra compõe a programação do sábado (05/03), que
terá ainda o filme
No caminho como Mário, vencedor do prêmio de Melhor Curta no
Cachoeira Doc 2015, e é inédito em Salvador. Ainda no sábado também se
destacam trabalhos de cineastas não-indígenas, lançados em 2015. O
Retorno da Terra, de Daniela Alarcon, e Retomada, de
Leon Sampaio, expõem de formas distintas os conflitos vividos pelos
Tupinambás na Bahia. Já o documentário Índios no Poder, de Rodrigo
Siqueira, aborda, a partir da vida de Mário Juruna, os ataques aos
direitos constitucionais dos indígenas.
A programação completa dos filmes, conferência, rituais e rodas de conversas está no site:
www.cinekurumin.wordpress.com.
Sobre o Cine Kurumin -
O Cine Kurumin surge da experiência de exibição de
filmes em aldeias indígenas durante oficinas de cultura digital
realizadas pela rede de comunicação indígena Espalha Semente. As sessões
de cinema indígena aconteciam durante oficinas de rádio livre, produção
audiovisual, internet e costumavam reunir um público
diverso de indígenas para assistir aos filmes. Em 2009, a rede recebeu o
Prêmio Tuxaua, do Ministério da Cultura. Em 2011, com apoio do
Instituto de Radiodifusão da Bahia - IRDEB aconteceram três edições da
mostra nas aldeias Tupinambá, Tumbalalá e Pataxó,
comunidades indígenas da Bahia. Nessas edições, foram exibidos filmes
direcionados para crianças, público sempre presente nas exibições e que
inspira o nome do projeto. Em 2015, a mostra aconteceu na aldeia Kiriri
e trouxe 30 produções de dez diferentes etnias.
Foi a primeira vez que os realizadores indígenas participaram das
sessões, com bate-papos na comunidade após a exibição dos filmes.
Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) –
Criado em 2005 para incentivar
e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de
Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo
custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de
iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são,
preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado,
sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de
patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA
está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência
para outros estados da federação: Ações Continuadas de Instituições
Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados;
Mobilidade Artística e Cultural e Editais Setoriais. Para
mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br
5º CINE KURUMIN - MOSTRA DE CINEMA INDÍGENA
Aldeia Tumbalalá - Abaré (BA)
Quando: 26 a 28 de fevereiro de 2016, às 17h
Salvador - Palacete das Artes (Rua da Graça, 289 – Graça)
Quando: 04 a 06 de março de 2016, às 15h
Aldeia Kiriri - Banzaê (BA)
Quando: 01 a 03 de abril de 2016, às 19h
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