20/10/2017

Lançamento da Associação CANNAB - Associação para pesquisa e desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil aconteceu nesta quinta, 19


Site no ar: http://cannab.com.br/

A sala ficou pequena para a quantidade de entusiastas e curiosos, entre médicos, engenheiros químicos, agrônomos, antropólogos, jornalistas, estudantes de diversas áreas, mães e pais com suas crianças em busca de tratamentos eficazes para casos de autismo, epilepsia, entre outras enfermidades. Foi lançada oficialmente na noite desta quinta, 19 de outubro, a associação Cannab - Associação para pesquisa e desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil. O consultor e pesquisador Marco Algorta e o Prof. Dr. Antônio Andrade Filho, presidente da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia Instituto do Cérebro - que sediou o encontro - deram uma super aula sobre os avanços científicos e socioculturais envolvendo a utilização da Cannabis para fins medicinais.  




Planta que contém aproximadamente 60 compostos farmacologicamente ativos, a Cannabis em suas diferentes variedades vem sendo aplicada para fins medicinais há milhares de anos. Indicações do uso da planta na China datam de 2.700 a. C. para tratamento de diversas condições médicas como constipação intestinal, dores, malária, expectoração, epilepsia, tuberculose, entre outras. Na Índia, há registros do uso da planta desde antes de 1.000 a. C., administrada como hipnótico e ansiolítico no tratamento de ansiedade, manias e histeria.

Entre os componentes medicinais da planta está o CBD (Cannabidiol) proveniente do óleo extraído da Cannabis. Desde 2006, a lei 11.343 prevê a possibilidade de autorização para o uso de produtos à base de Cannabidiol por recomendação médica. A Associação Cannab é uma organização sem fins lucrativos, criada com o intuito de apoiar e dar suporte a pacientes com as mais diversas enfermidades, em especial a Epilepsia Refratária de difícil controle, que fazem uso de tratamentos à base de Cannabidiol. A Associação almeja conseguir autorização para realizar o plantio, estudo e pesquisa para fins medicinais e científicos, considerando principalmente os altos custos envolvidos na importação dos produtos autorizados pela ANVISA (Agência nacional de vigilância Sanitária), em especial óleos extratos ricos em Cannabidiol.

Para alcançar esse objetivo, a associação conta com o suporte de médicos e profissionais de diversas áreas que se uniram para estudar e desenvolver uma solução para o fornecimento a baixo custo deste medicamento natural, que já vem auxiliando muitos pacientes a terem uma condição de vida mais digna, mas que encontram barreiras para seguir com seus tratamentos, tanto pelo alto custo de importação, como pela falta de conhecimento técnico e dificuldade em obter autorização para a produção caseira. A Associação Cannab está sendo estruturada para atender 150 pacientes. Para preencher essas vagas, que serão ocupadas por ordem de chegada, é preciso levar toda documentação necessária, incluindo laudo médico. Mais informações sobre as vagas podem ser obtidas através do e-mail   associacaocannab@gmail.com.

“A Associação Cannab tem como propósito auxiliar pacientes a terem acesso a este tratamento alternativo, com base no direito universal a vida, através do estudo das melhores práticas de cultivo da Cannabis medicinal e do estudo científico em parceria com médicos e especialistas das mais variadas áreas, a fim de estabelecermos um padrão de produção e extração do óleo da Cannabis medicinal, estudando a qualidade do óleo extraído, acompanhando de perto a dosagem e os efeitos e a evolução em cada um dos pacientes atendidos, promovendo o bem estar destes e de suas famílias”, pontua Leandro Stelitano, um dos criadores da associação.


Planta que cura

No início do século XX, extratos de Cannabis eram comercializados na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos para o tratamento de desordens mentais, especialmente como hipnóticos e sedativos. Após a terceira década do mesmo século, houve uma redução no uso da Cannabis para fins médicos, causado principalmente pelo limitado conhecimento de seus princípios ativos, ainda não isolados na época.

Na década de 1960, o grupo do professor Raphael Mechoulam, natural de Israel, isolou os principais componentes da Cannabis e identificou suas respectivas estruturas químicas. Além do THC, outros componentes da planta podem influenciar sua atividade farmacológica. Um deles é o canabidiol (CBD), principal composto não psicotrópico da Cannabis Sativa, que constitui até 40% dos extratos da planta. Vale ressaltar que as propriedades anticonvulsivantes do CBD são conhecidas pela ciência ocidental desde 1843.

Alguns ensaios clínicos em 1980 demonstraram a atividade antiepilética da substância em pacientes com epilepsia refratária, apresentando apenas a sonolência como efeito adverso. Porém, o obstáculo imposto pela proibição do uso medicinal da Cannabis prejudicou profundamente o avanço científico e a exploração dessas propriedades.

Em dezembro de 2013 o Food and Drug Administration (FDA) aprovou nos Estados Unidos o uso terapêutico do cannabidiol em pesquisas para tratamento de epilepsias refratárias em crianças. Um grupo da University of California e outro da New York University School of Medicine receberam autorização para iniciar suas pesquisas. A partir daí, países como o Canadá, Holanda e Chile vem mantendo setores responsáveis para a produção de Cannabis para fins medicinais e científicos e salvando muitas vidas.

Autorizar o uso medicinal dos derivados da Cannabis se tornou um desafio, mesmo com a comprovada ação terapêutica dos mesmos, em especial, do CBD. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou o uso medicinal do CBD por importação para casos específicos, porém, exigindo-se prescrição, laudos médicos e termo de responsabilidade.



Mais informaçõesassociacaocannab@gmail.com

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