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12/12/2014
Natura apresenta “Toada Ancestral” em espaços públicos da Bahia e São Paulo, unindo matrizes africanas e música erudita
Gerônimo e a Orquestra Afrosinfônica mostram repertório atual e vibrante que exalta a religiosidade afro-brasileira com arranjos orquestrais.
As nuances da música de matriz africana, sua diversidade e riqueza rítmica, em combinação com a complexidade da música erudita, de linhagem europeia. Dois universos aparentemente distantes fundem-se no projeto Toada Ancestral – Gerônimo e Orquestra Afrosinfônica, apresentando uma pesquisa singular no panorama contemporâneo: composições que exaltam a ancestralidade religiosa africana com arranjos que dialogam com a tradição das culturas eruditas. O resultado é um repertório atual e vibrante, que será apresentado em espaços públicos de três cidades: Salvador e Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e em São Paulo.
A estreia acontece em 16 de dezembro, às 20h, na Escadaria da Igreja do Passo (Centro Histórico), na capital baiana. No dia 24 de janeiro de 2015, a apresentação ocorre no Parque da Aclimação em São Paulo, às 15h. Fechando o circuito, Toada Ancestral vai até Santo Amaro da Purificação, cidade do Recôncavo Baiano, notadamente marcada pelo traço cultural afro-brasileiro. O projeto foi selecionado no Edital Bahia Natura Musical 2013 para receber o patrocínio da empresa de cosméticos, por meio do programa estadual de incentivo Fazcultura. A realização é da Fábrica da Palavra e a produção, da Sole Produções.
O Toada Ancestral é desenvolvido por Gerônimo - um dos maiores artistas do cenário baiano e espécie de guardião da música brasileira de raiz feita na atualidade -, em parceria com a Orquestra Afrosinfônica, do maestro Ubiratan (Bira) Marques. Gerônimo vem amadurecendo e lapidando a ideia da mistura entre o erudito e popular num formato sinfônico desde meados dos anos de 1990, quando Bira era então tecladista da sua banda Mont Serrat. Mesmo após a ida do instrumentista para o estado de São Paulo, onde realizou estudos de composição e regência, ambos os artistas continuaram suas pesquisas e criações dentro das matrizes rítmicas e harmônicas da música africana.
"Com este projeto, vamos dar harmonia às músicas que vieram da África para o Brasil, com todo o respeito e sem entrar nos fundamentos da religião. São músicas que estão na nossa formação miscigenada, no nosso inconsciente coletivo. Vamos explorar suas raízes e influências”, propõe Gerônimo, que se considera um semierudito. Ele estudou composição e regência na Universidade Federal da Bahia, mas nunca abriu mão da música popular, tornando-se um compositor reconhecido nacionalmente, com músicas gravadas por Maria Bethânia, Carlinhos Brown, Elba Ramalho e Daniela Mercury, entre outros e autor de sucessos como É D'Oxum e Eu Sou Negão.
Agora, com o Toada Ancestral, ele tem a oportunidade de combinar, mais uma vez, dois universos que fazem parte de uma trajetória artística marcada pela polirritmia, em pesquisas que misturam influências africanas e caribenhas. Ele ressalta que a proposta do projeto é também levar ao público um pouco mais de conhecimento e informação sobre esta parte da nossa história e formação cultural e social. “O objetivo é o fortalecimento do lastro cultural do público e a apreciação e aproximação com universos musicais vistos, em geral, com preconceito”, diz.
No mesmo barco
Para Gerônimo, a Orquestra Afrosinfônica é a parceira ideal para o projeto Toada Ancestral, pelo perfil e resultado artístico alcançado com experiências em unir a música clássica à sonoridade afro-brasileira. A orquestra foi criada em Salvador em 2009, por Ubiratan Marques, depois de residir em São Paulo e realizar pesquisas em Angola. De volta à Bahia, o artista fortaleceu seu trabalho com ritmos que dialogavam com a realidade de sua terra, localizando originalidade nos estilos afro-brasileiros e suas variantes. Foi assim que estruturou os alicerces da sinfônica.
O maestro destaca que uma das propostas do grupo é sintetizar a música afro, que deu origem a toda a música baiana, e ligá-la às doses de instrumentação da orquestra, com 21 integrantes, naipe de metais, cordas, vozes e percussão. Também desenvolve uma pesquisa ampla sobre os cânticos em iorubá - idioma trazido pelos escravos negros ao Brasil e ainda utilizado por seus descendentes, principalmente nos cultos do candomblé - e dialetos.
“Bira é meu irmão, temos total afinidade”, diz Gerônimo. O maestro rebate: Gerônimo tem uma influência gigantesca sobre o meu trabalho e o nascimento da orquestra. “Estamos juntos há muito tempo e uma das nossas realizações é a Sinfonia dos Orixás, na década de 1990, que só vem fortalecer o que estamos desenvolvendo agora”. No palco, Ubiratan e Gerônimo tocam juntos e separadamente. “Isso mostra que estamos no mesmo barco, mas temos nossas distinções”, concordam eles.
Quem
Gerônimo Santana, um dos artistas mais respeitados da música baiana, é cantor, compositor, instrumentista e bailarino afro, autor de vários sucessos e composições gravadas por A Cor do Som, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Margareth Menezes, Carlinhos Brown e Daniela Mercury, dentre outros. Uma marca do seu trabalho é a polirritmia, que justifica a utilização vasta e frequente dos ritmos que pesquisa. Dentre os que mais aparecem estão a lambada, ijexá, aguerê, afoxé e adarrum, misturados com influências africanas e caribenhas. Com uma discografia de dez trabalhos, é presença ativa na cena independente e dinâmica cultural da Bahia, realizando há dez anos o projeto Pagador de Promessas, na escadaria da Igreja do Passo, no Centro Histórico de Salvador.
Ubiratan Marques foi integrante da banda Reflexu's, que vendeu mais de um milhão de cópias na década de 1980, foi um dos colaboradores mais ativos do início da explosão da axé music. Fez arranjos sinfônicos para Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Mariene de Castro e Martnália. Morou em São Paulo durante 12 anos, fez os arranjos para a Orquestra Jazz Sinfônica, compôs trilhas sonoras para filmes, foi responsável pela direção musical de diversos concertos, fez arranjos de discos, além de parcerias com artistas como Gerônimo, José Miguel Wisnik e Maria Dapaz. Em 2007 voltou a residir em Salvador e em 2009 criou a Orquestra Afrosinfônica, que rapidamente conquistou destaque no panorama artístico do estado.
Serviço
O quê
Shows Natura Musical - Toada Ancestral, com Gerônimo e Orquestra Afrosinfônica.
Onde e quando
- Salvador, 16/12/2014, às 20 horas, Escadaria do Passo – Centro Histórico.
- São Paulo, 24/01/2015, às 16 horas, Parque da Aclimação, Aclimação.
- Santo Amaro da Purificação, 31/01/2015, às 22 horas, Praça da Purificação, Centro.
Quanto
Apresentações gratuitas.
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