Para
celebrar os 200 anos de nascimento do profeta Bahá’u’lláh, comunidade
Bahá’í realiza atividades abertas ao público no Palacete das Artes
Há
um ano e meio, todas as sextas-feiras, ao voltar da escola, Aisha Chagas
arruma sua casa, em Fazenda Coutos, para receber seus amigos e vizinhos
em um compromisso pensado e organizado por ela. Às 18 horas, dez
crianças convidadas por Aisha e cinco adultos encontram-se para uma
reunião de orações, com preces e cânticos de diversas religiões. Eles
provêm de famílias católicas, evangélicas, umbandistas, candomblecistas,
espíritas e bahá’ís, unidas pela fé e livres para louvar de acordo com
sua própria tradição espiritual, e que encontraram na proposta de
reunião devocional da Fé Bahá’í um elo comum, capaz de revelar que há
mais alinhamento do que dissensão entre eles.
Cerca
de 40 outras famílias bahá’ís de Salvador têm como prática realizar uma
reunião de orações em seus lares, com portas abertas a todos aqueles
que buscam por um espaço de comunhão fraternal acima de quaisquer
divisões. Esta é uma das principais atividades da Comunidade Bahá’í em
todo o mundo e segue os ensinamentos de Bahá’u’lláh, o profeta desta que
é a segunda religião monoteísta independente mais difundida no mundo,
em número de países. No próximo dia 22 de outubro, seu bicentenário de
nascimento será celebrado ao redor de todo o planeta, em 218 países, por
cerca de 7,3 milhões de pessoas.
Em Salvador, a comemoração será aberta ao público e ocorre das 14 às 18
horas, no Palacete das Artes. A programação inclui oficinas, exposição
sobre a vida e obra do Profeta e celebração artística. Para Gabriel
Marques, corretor de imóveis que é membro da comunidade Bahá’í em
Salvador e integra a comissão de organização do evento, essa realização
tem ainda mais significado pela conexão que estabelece com o mundo
inteiro. “Entendemos que em um mundo tão desunido por preconceitos e
radicalismos, com multidões sofrendo os efeitos do materialismo,
corrupção e dogmatismo, é importante que cada pessoa tenha a
oportunidade de conhecer os ensinamentos de Bahá'u'lláh, pois são
ensinamentos que promovem a unidade na diversidade, o respeito a todas
religiões e credos, o amor universal”, explica.
Bicentenário
Além
da celebração em si e do fortalecimento do vínculo entre os Bahá’ís de
vários lugares, a proposta do evento é mostrar que é possível e saudável
a convivência entre pessoas de várias crenças. “O proselitismo e a
doutrinação são proibidos na Fé Bahá’í. Não se pode persuadir ou
converter pessoas. A Palavra de Deus precisa ser compartilhada, de
coração a coração, respeitando-se a liberdade individual. Cada um irá
responder de uma forma”, esclarece Gabriel.
Das 14h às 15h30, a comemoração do Bicentenário vai oferecer oficinas
que reproduzem as atividades centrais da Comunidade Bahá'í: oficina de
virtudes para crianças, encontro de empoderamento de pré-jovens, círculo
de estudo para capacitação ao serviço à humanidade, e reunião de
orações. Às 16 horas tem início a programação artística, com esquetes e
intervenções musicais que relembram momentos da vida de Bahá'u'lláh e
destacam a atualidade dos seus ensinamentos para o mundo de hoje. Em
paralelo haverá uma exposição sobre sua vida e obra. “Os ensinamentos
bahá'ís enfatizam que todos nós, como criações de um mesmo Deus, somos
parte de uma única família humana. A nossa comunidade de encarrega de
espalhar essa mensagem de esperança, respeito, igualdade e acolhimento”,
afirma Marques.
O Profeta
Bahá'u'lláh (1817-1892) é o título adotado por Mírzá Husayn 'Alí
Núrí, filho de um proeminente nobre iraniano, nascido em Teerã. O termo
significa “A Glória de Deus”, em árabe. Fundador da Fé Bahá'í, ainda
jovem tornou-se famoso por seus serviços aos pobres e por sua sabedoria.
Sua mensagem central para a humanidade é a da unidade e da justiça e os
escritos que deixou enfatizam que o bem-estar individual e coletivo
requerem duas práticas essenciais: a adoração a Deus e o serviço à
humanidade. Pela propagação de suas crenças, foi perseguido e sofreu 40
anos de aprisionamento e exílio. Seus seguidores, os bahá’ís, promovem a
unidade e o respeito entre as religiões e são cerca de 60.000 pessoas
no Brasil e mais de sete milhões no mundo, espalhados por mais de
100.000 localidades, em 218 países. É a religião que mais rapidamente se
espalhou e a que mais cresce no mundo hoje. A Bahia foi o primeiro
local para onde vieram no Brasil, em 1921.
SERVIÇO:
Bicentenário de Bahá’u’lláh
– Oficinas, exposição e intervenções artísticas
22 de outubro – das 14h às 18h
Palacete das Artes (Graça)
GRATUITO
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