19/10/2017

Bahá’í na Bahia


Para celebrar os 200 anos de nascimento do profeta Bahá’u’lláh, comunidade Bahá’í realiza atividades abertas ao público no Palacete das Artes
 


Há um ano e meio, todas as sextas-feiras, ao voltar da escola, Aisha Chagas arruma sua casa, em Fazenda Coutos, para receber seus amigos e vizinhos em um compromisso pensado e organizado por ela. Às 18 horas, dez crianças convidadas por Aisha e cinco adultos encontram-se para uma reunião de orações, com preces e cânticos de diversas religiões. Eles provêm de famílias católicas, evangélicas, umbandistas, candomblecistas, espíritas e bahá’ís, unidas pela fé e livres para louvar de acordo com sua própria tradição espiritual, e que encontraram na proposta de reunião devocional da Fé Bahá’í um elo comum, capaz de revelar que há mais alinhamento do que dissensão entre eles.

Cerca de 40 outras famílias bahá’ís de Salvador têm como prática realizar uma reunião de orações em seus lares, com portas abertas a todos aqueles que buscam por um espaço de comunhão fraternal acima de quaisquer divisões. Esta é uma das principais atividades da Comunidade Bahá’í em todo o mundo e segue os ensinamentos de Bahá’u’lláh, o profeta desta que é a segunda religião monoteísta independente mais difundida no mundo, em número de países. No próximo dia 22 de outubro, seu bicentenário de nascimento será celebrado ao redor de todo o planeta, em 218 países, por cerca de 7,3 milhões de pessoas.

Em Salvador, a comemoração será aberta ao público e ocorre das 14 às 18 horas, no Palacete das Artes. A programação inclui oficinas, exposição sobre a vida e obra do Profeta e celebração artística. Para Gabriel Marques, corretor de imóveis que é membro da comunidade Bahá’í em Salvador e integra a comissão de organização do evento, essa realização tem ainda mais significado pela conexão que estabelece com o mundo inteiro. “Entendemos que em um mundo tão desunido por preconceitos e radicalismos, com multidões sofrendo os efeitos do materialismo, corrupção e dogmatismo, é importante que cada pessoa tenha a oportunidade de conhecer os ensinamentos de Bahá'u'lláh, pois são ensinamentos que promovem a unidade na diversidade, o respeito a todas religiões e credos, o amor universal”, explica.
 
Bicentenário
Além da celebração em si e do fortalecimento do vínculo entre os Bahá’ís de vários lugares, a proposta do evento é mostrar que é possível e saudável a convivência entre pessoas de várias crenças. “O proselitismo e a doutrinação são proibidos na Fé Bahá’í. Não se pode persuadir ou converter pessoas. A Palavra de Deus precisa ser compartilhada, de coração a coração, respeitando-se a liberdade individual. Cada um irá responder de uma forma”, esclarece Gabriel.
Das 14h às 15h30, a comemoração do Bicentenário vai oferecer oficinas que reproduzem as atividades centrais da Comunidade Bahá'í: oficina de virtudes para crianças, encontro de empoderamento de pré-jovens, círculo de estudo para capacitação ao serviço à humanidade, e reunião de orações. Às 16 horas tem início a programação artística, com esquetes e intervenções musicais que relembram momentos da vida de Bahá'u'lláh e destacam a atualidade dos seus ensinamentos para o mundo de hoje. Em paralelo haverá uma exposição sobre sua vida e obra. “Os ensinamentos bahá'ís enfatizam que todos nós, como criações de um mesmo Deus, somos parte de uma única família humana. A nossa comunidade de encarrega de espalhar essa mensagem de esperança, respeito, igualdade e acolhimento”, afirma Marques.

O Profeta
Bahá'u'lláh (1817-1892) é o título adotado por Mírzá Husayn 'Alí Núrí, filho de um proeminente nobre iraniano, nascido em Teerã. O termo significa “A Glória de Deus”, em árabe. Fundador da Fé Bahá'í, ainda jovem tornou-se famoso por seus serviços aos pobres e por sua sabedoria. Sua mensagem central para a humanidade é a da unidade e da justiça e os escritos que deixou enfatizam que o bem-estar individual e coletivo requerem duas práticas essenciais: a adoração a Deus e o serviço à humanidade. Pela propagação de suas crenças, foi perseguido e sofreu 40 anos de aprisionamento e exílio. Seus seguidores, os bahá’ís, promovem a unidade e o respeito entre as religiões e são cerca de 60.000 pessoas no Brasil e mais de sete milhões no mundo, espalhados por mais de 100.000 localidades, em 218 países. É a religião que mais rapidamente se espalhou e a que mais cresce no mundo hoje. A Bahia foi o primeiro local para onde vieram no Brasil, em 1921.
 
SERVIÇO:
Bicentenário de Bahá’u’lláh
– Oficinas, exposição e intervenções artísticas
22 de outubro – das 14h às 18h
Palacete das Artes (Graça)

GRATUITO

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