01/05/2010

Residências artísticas fortalecem diálogo entre artistas baianos e estrangeiros

Desde 2007 o Programa de Artistas Residentes, o PAR, da Secretaria de Cultura do Estado, prioriza ações de mobilidade nacional e internacional para artistas brasileiros e estrangeiros.

Investir em ações que fomentam o diálogo entre criadores é um dos focos do Programa de Artistas Residentes da Secretaria de Cultura do Estado, SecultBA. Desde 2007, o PAR vem realizando ações de fomento à mobilidade artística com intuito de contribuir para a renovação da produção local. O programa funciona através de intercâmbio regulares disponibilizando meios para que artistas baianos (ou residentes na Bahia há mais de três anos) possam fazer residência no exterior, bem como promover a vinda de artistas estrangeiros para o Estado.

De acordo com a assessora chefe de Relações Internacionais da SecultBA, Monique Badaró, o PAR contribui para a inserção da Bahia no circuito mundial das artes e dinamiza a cena. “O programa tem o intuito de tornar visível a produção artística local, principalmente a contemporânea. Ele prevê também, residência de curta duração para o acolhimento de curadores, jornalistas, diretores de instituições culturais, críticos e agentes de mercado internacionais para conhecerem in locu a produção cultural do Estado”, afirma.

Com o PAR, 20 artistas baianos ou residentes na Bahia foram para países como Portugal, Inglaterra, França, Holanda, Itália, México, Cuba, Timor Leste e Alemanha. Eles desenvolveram atividades de pesquisa nas linhas de Artes Cênicas, Literatura, Dança, Audivisual, Música, Artes Visuais e Multimeios.

Atualmente, uma dessas experiências está sendo realizada na cidade fracesa de Montpellier, desenvolvidada pela artista contemporânea baiana Ana Pi. A pesquisa tem foco nas relações deslocadas entre dança e imagem e dialoga principalmente com a imagem do video na dança contemporânea. O “Desloco em corpo e Imagens” é projeto de formação profissional em dança e imagem do Centre Chorégraphique National (CCN) de Montpellier/França, com o apoio financeiro do Fundo de Cultura/BA e Ministério da Cultura/Brasil.

A residência teve início em outubro de 2009 e terá seu encerramento em setembro deste ano, quando a artista volta a Salvador. Para muitos artistas como Ana, a residência é uma oportunidade de conhecer profissionais de diversas partes do mundo para trocar experiência, além de poder usufruir de uma estrutura diferenciada em sua linha de pesquisa. “A infra-estrutura do CCN é muito bem pensada e isso facilita a pesquisa, tenho livre acesso aos equipamentos, técnicos, salas de dança, arquivo bibliográfico e videográfico. Os trabalhos sempre se desenvolvem em colaboração com outros artistas, o que traz um olhar externo que eu acredito ser fundamental para o entendimento da minha própria obra. As trocas são fundamentais” garante Ana Pi.

Expressões contemporâneas - “A exigência do mercado pela aquisição de uma linguagem global, códigos internacionais e formas de expressão contemporâneas tem levado os artistas a moverem-se não somente para buscar o enriquecimento pessoal e profissional, através do confronto entre obras e públicos diversificados, idéias e valores diferentes e de trabalhos colaborativos, como também para construir redes e alianças transnacionais entre agentes diversos”, explica Badaró.

A assessora da Secretara completa dizendo que essa experiência interfere na obra do artista, e que o resultado é a longo prazo. Quem também concorda com essa mudança é a vídeo documentarista Paula Damasceno que participa do Programa PAR. “Acho que este edital é um excelente investimento que o Governo do Estado faz e deve continuar, pois fortalece os artistas, nos prepara, nos modifica e nos trasnforma”, finaliza.

Paula Damasceno esta na América Latina, mais precisamente na cidade de Tijuana, no México, e promove através PAR, o projeto "Mnemocine Tijuana" que propõe realizar vídeo-documentário sobre os cinemas tradicionais do centro antigo de Tijuana, com duração de 15 minutos. O vídeo se propõe a revelar memórias sobre estes cinemas do ponto de vista de quem trabalha ou trabalhou neles. Durante sua residência ela promove ainda o projeto “La Baianita” que leva mostra gratuita de cinema baiano para comunidade.

“A experiência tem sido rica em vários sentidos: a troca com artistas locais, experimentar outra língua e me expressar, mas principalmente, a pesquisa em busca do assunto escolhido, os cinemas tradicionais da cidade de Tijuana, é a pesquisa que me faz ir pra rua, perguntar, olhar olhos nos olhos de outra gente e perceber suas historias. É uma chance de imersão em uma sociedade desconhecida por mim, tatear seus signos e significados, suas estéticas, com a humildade de saber que meu tempo aqui me permite ter impressões e sensações mais que rígidas definições”, afirma a video documentarista.

Instituto Goethe – Em 2009, o Instituto Cultural Brasil-Alemanha junto com a Secretaria de Cultura do Estado, através da Fundação Pedro Calmon, lançou o edital Residências Literárias em Salvador e Hamburgo, que promoveu intercâmbio específico de escritores entre a Alemanha e a Bahia.

O representante baiano escolhido foi o autor Marcos Ribeiro, que por dois meses reside em Hamburgo, cidade portuária ao norte da Alemanha e uma das mais importantes da Europa. O premiado escritor alemão selecionado foi Thomas Meinecke que por sua vez, passará um período equivalente em Salvador. No final do projeto será publicado um livro com os dois textos produzidos durante a passagem do escritor alemão pela Bahia e do baiano por Hamburgo. As obras devem ser de natureza literária (ou ensaística, mas não científica) e inspiradas nas fisionomias de passado e presente que marcam as duas cidades.

Ano da França no Brasil – Em 2009, o país comemorou o Ano da França no Brasil e a Bahia recebeu diversos artistas e grupos franceses. Quem inaugurou a programação no Estado foi o artista francês Pierre David, com trabalho especialmente desenvolvido para a Capela do Museu de Arte Moderna – MAM. Durante um mês o artista plástico, cenógrafo e designer, residiu em Salvador trabalhando na exposição “Nuancier” que é a terceira parte de uma trilogia que trata de uma única questão: o que determina a escolha de um modelo. No projeto, as peles de quarenta modelos foram fotografadas e reunidas em um clássico catálogo de cores.

Quem também fez residência na cidade durante as comemorações Franco-Brasileiras foi a Companhia Kastôr Agile que, inspirado no texto “A Tempestade”, última peça do dramaturgo William Shakespeare, a montagem teatral “Tempête 13°sud”, situada na latitude 13°sul (latitude de Salvador) a peça deu continuidade ao projeto de pesquisa artistica de Gilles Pastor sobre a religiosidade afrobrasileira em Salvador.

Dirigida pelo francês Gilles Pastor, a experiência movimentou o cenário artístico local, onde artistas, músicos e técnicos brasileiros e franceses trabalharam por três meses em um formato de intercâmbio artístico. O projeto visual do espetáculo foi realizado por Pierre David. A peça ficou dois meses em cartaz no Teatro Matrin Gonçalves, a preços populares, e foi apresentado simultaneamente em Português e Francês e após suas apresentações em Salvador, a trupe, inclusive os participantes baianos, seguiram em turnê na França.



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