18/08/2010

Projeto Paredes em Movimento garante bate-papo descontraído no Cine-Teatro Solar Boa Vista

Projeto de dança é bem recebido pelo público que dialoga com fotógrafos especializados em trabalhos com o foco na dança. Evento marca o reconhecimento da classe artística baiana em ocupar o espaço.

O Cine – Teatro Solar Boa Vista localizado no bairro de Brotas em Salvador deu inicio ontem (17/08) ao projeto Paredes em Movimento, espaço de diálogo com outras linguagens artísticas. O projeto é uma extensão do Balé do Teatro Castro Alves – BTCA e idealizado por uma de suas bailarinas, a também coreógrafa Cristina Castro. O evento contou com a presença da comunidade artística, da comunidade local, além de representantes do BTCA e da Fundação Cultural do Estado, unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado.

“Essa é uma iniciativa que representa a forma como deveriam dialogar todas as instâncias e linguagens, porque envolve um espaço que é o Solar Boa Vista, que também é um ponto de cultura e que desenvolve um trabalho com o BTCA através da iniciativa de uma de suas bailarinas. Então essa transversalidade é bastante importante para que as linguagens se desenvolvam e para que trabalhem em rede”, afirma a diretora da Funceb, Gisele Nussbaumer.

O primeiro diálogo foi realizado entre as linguagens da dança e da fotografia e contou com a presença da nova geração de fotógrafos baianos, Gabriel Guerra e João Meirelles, e do reconhecido fotógrafo pernambucano, Márcio Lima.

“O projeto Paredes em Movimento tem o objetivo de trazer pessoas que trabalhem com o universo da dança, porque essas pessoas são preciosas para nós, principalmente no processo de criação. O teatro não tem a função apenas de ver arte, mas de provocar. Então o Paredes em Movimento não tras apenas arte, mas traz também os artistas”, explica a idealizadora do projeto a bailarina do BTCA, Cristina Castro.

Em exibição no foyer do teatro, fotos da pesquisa ‘Simbiose’ desenvolvida pelo fotógrafo Gabriel Guerra e tiradas ao ar livre e com luz natural dos dançarinos – Mariana Gottschall e Leandro de Oliveira.

“Simbiose é o resultado de uma pesquisa minha, eu sentia a necessidade de extrapolar o limite do registro da dança. Pensei em realizar um projeto que fosse UNO e que misturasse a dança e a fotografia e que isso resultasse em um produto só”, afirma Guerra.

A diretora da Funceb, Gisele Nussbaumer está contente com a iniciativa e garante que esse projeto vai além por ser ação de uma artista baiana em ocupar o Cine Solar Boa Vista. “É preciso que o Solar Boa Vista seja ocupado por artistas da cidade, porque ele já é ocupado pela comunidade”, afirma.

Para o diretor artístico do BTCA, Jorge Vermelho, o projeto aponta a continuidade de um trabalho muito específico do bailarino que tem o corpo como instrumento de trabalho. “É a partir desse momento que ele se desenvolve plenamente pela pesquisa e difusão da dança, sendo assim uma extensão do BTCA”, completa Vermelho.

Diálogo – Mediado pelo jornalista Joceval Santana, especialista em textos críticos sobre dança, o bate papo foi bastante descontraído e mostrou as diferenças entre o processo artístico de cada fotógrafo, as angústias durante o processo fotográfico, a profissionalização do trabalho, reconhecimento da profissão, além de discutir os apectos da fotografia focada no universo da dança, conhecida como uma das linguagens artísticas mais difíceis de fotografar. “A fotografia de dança é como uma sugestão do movimento. O vídeo dá a idéia completa da ação e a fotografia dá a idéia do movimento” completa Santana.

O projeto já tem sua próxima edição pensada para o mês de outubro e as datas e convidados ainda serão confirmados.

Mais Informações:

Cine-Teatro - Aberto ao público de terça a domingo, das 14 às 20 horas, o Cine-Teatro Solar Boa Vista é um espaço cultural administrado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – SecultBA.

Fundado em 6 de julho de 1984, o cine-teatro, localizado no bairro do Engenho Velho de Brotas, tem sido palco de diversas apresentações culturais ao longo de sua existência. Funciona também como um centro de aprendizado multicultural, onde as pessoas da comunidade podem ter acesso a oficinas gratuitas diversas, como de Teatro, Artes Plásticas, Canto, Capoeira, Ginástica e Dança. Atualmente, o Solar Boa Vista, que vem se transformando em referência da cultura popular de Salvador e atuando na ampliação de opções culturais para a população da cidade, é um dos Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva, ação do Ministério da Cultura. O espaço trabalha em regime de cessão de pautas, sendo utilizado para apresentação de espetáculos de grupos da comunidade, que é incentivada a frequenta-lo através de ações de formação de plateia.

História - No início do século passado, a localidade onde hoje se encontra o Solar Boa Vista fazia parte da desaparecida Fazenda da Boa Vista, cujo proprietário era conhecido como Machado da Boa Vista. Naquele local, havia um casarão colonial, o Solar da Boa Vista, pertencente à família de Castro Alves e onde o poeta, aos 11 anos (1858) foi residir. Na mesma região, funcionou durante muitos anos o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. Chegando ao século XX, nos anos 80, foi criado o Parque Solar Boa Vista e, desde a década de 1990, as instalações do Solar abrigam a Secretária Municipal de Educação e Cultura.

Reforma - Em março de 2010, mês em que se comemora o dia do Teatro e do Circo e o aniversário do município de Salvador, o Cine-Teatro Solar Boa Vista foi reaberto após ampla reforma. Com melhorias de infraestrutura, o espaço cultural celebrou o retorno às atividades com uma intensa programação, com duração de 17 dias. Desde 2007, o Solar vinha passando por melhorias em sua estrutura física, que agora, requalificada, oferece ao público um ambiente agradável e bem equipado. Dentre os reparos realizados, foram feitos conserto do sistema de climatização, substituição do carpete da plateia, descupinização e aquisição de equipamentos de som e luz. As obras também incluíram a recuperação dos telhados e forros de concreto, pinturas, colocação de gradil de proteção na área externa, revisão das redes hidráulica e elétrica, construção de palco no foyer para pequenas apresentações e adequação da sala de ensaio.

No total, foram mais de R$ 400 mil investidos, com recursos provenientes da própria FUNCEB e do Fundo de Cultura da Bahia. A sala principal do Solar foi batizada de Sala Sílvio Robatto, em homenagem ao arquiteto e fotógrafo baiano que foi responsável, entre 1983 e 1987, pela concepção e projeção de oito espaços culturais pertencentes à Fundação Cultural, inclusive o próprio Cine-Teatro Solar Boa Vista.

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