06/01/2011

Cairu celebra Reisado de São Benedito com apresentações culturais e religiosas



Entre os dias 07 e 12 de janeiro a centenária cidade de Cairu, no Baixo Sul da Bahia, comemora a festa do padroeiro São Benedito e encerra o ciclo de programação dos 400 anos, iniciado em janeiro do ano passado.

Na programação, estão inaugurações, celebrações religiosas e apresentações culturais. Para marcar a data, a prefeitura preparou uma programação especial com shows folclóricos e culturais, além da entrega das obras de reurbanização de três praças.

As inaugurações acontecem na sexta-feira, dia 07, à partir das 17h, com a entrega das praças Vereador José Edson Palma, Ananias Meireles e Praça da Bandeira. Em seguida o prefeito inaugura a Nova Fonte da Caixa do Guarani. As obras de requalificação urbana contemplam projetos de paisagismo, iluminação pública, drenagem e calçamento.

Programação Cultural

Dentro da programação cultura a primeira apresentação será da Fanfarra Municipal de Cairu (FAMUCA), na noite da sexta-feira (07), percorrendo as principais ruas da cidade. Além da Fanfarra, haverá performance de teatro de rua com o grupo teatral Antagon.

No início da noite do sábado (08), a ruas históricas serão tomadas com o colorido e musicalidade do Terno de Reis, que retratam a bíblica entrada dos Reis Magos à cidade de Belém.

No domingo (09), a programação festiva começa às 10h, com a realização da missa solene, em louvor a São Benedito, padroeiro da cidade, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.

Em seguida serão entregues os certificados de reconhecimento aos de mestres da cultura popular. Um reconhecimento aos líderes dos grupos folclóricos que mantém o resgate das manifestações culturais do município.

A certificação será dada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através da Secretaria Municipal de Cultura. O certificado é resultado do mapeamento dos grupos que mantém viva a cultura e o folclore do município.

Entre os grupos beneficiados estão o Reinado, a Chegança, o Congos, a Barquinha, a Dandoca, o Maculelê, os Caretas, a Mulinha, a Marujada, entre outros. Às 11h, grupos culturais farão um desfile pelas ruas da cidade.

Paralelo à programação, no Sobrado Meireles, acontece a exposição fotográfica, de artes plásticas e artesanato, descrevendo através das peças, as etapas do Projeto Cairu 400 anos, que aconteceu ao longo de 2010.

Shows do axé ao arrocha

Além das apresentações culturais, durante todas as noites, à partir das 22h, o palco principal, armado na Praça do Cais, receberá artistas de axé, reggae e arrocha. Entre os convidados estão a Banda É o Tchan, que se apresenta na sexta-feira, o grupo Adão Negro, no sábado e Pablo do Arrocha, no domingo.

Louvor a São Benedito

A Festa de São Benedito de Cairu também conhecida como Reinado de São Benedito é uma tradição do Brasil Império, rica em sincretismo religioso, em que gente simples vira rei, com vestimentas ricamente adornadas com miçangas e lantejoulas.

Os negros relembram através da dança seus antepassados, simulando o combate entre mouros e cristãos. Os grupos culturais Chegança e o Congo desfilam em cortejo pelas ruas, juntamente com a filarmônica cairuense, o rei, a rainha e o séqüito real do Reinado de São Benedito.

2 comentários:

  1. O Reinado de São Benedito acompanhado dos Ternos de Reis, dos Congos, da Chegança e da Barquinha, são manifestações populares, muito fortes aqui em Cairu. Remontam ao século XVII e, não sendo festas católicas, são historicamente toleradas pela Igreja e mesmo aproveitadas no processo de inculturação da fé. Mediante a inculturação, busca-se que a sociedade descubra o caráter cristão dos valores evangélicos, os aprecie e os mantenha como tais. Sintonizada com as exigências objetivas da fé e da missão de evangelizar, a Igreja tem em conta este dado essencial: O encontro entre a fé e as culturas se opera entre duas realidades que não são da mesma ordem. A inculturação da fé e a evangelização das culturas aqui em Cairu rejeitam qualquer forma de sincretismo. Para os irmãos e devotos de São Benedito, sejam congueiros, cheganceiros, ou da marujada da Barquinha, São Benedito é somente São Benedito.


    Nascidas no meio dos escravos e aculturados, essas manifestações têm atravessado séculos, sob os cuidados dos irmãos devotos, dos franciscanos e da comunidade. Sua “aceitação pelos ‘Sinhores’" do passado, foi determinada por um “Decreto original de Dona Maria I, concedendo à Irmandade de São Benedito, festejar seu padroeiro com solenidades reais, assistidas por dois soberanos, pois no dia da festa, 26/12, (também em seis de janeiro) apresenta-se um casal negro, ricamente vestido, com capa, coroa e cetro e, assim, lá se vão Rei e Rainha, Príncipe e Princesa, Oficiais e Juizes, para assistir no Convento, do alto de um trono, à solene festa de São Benedito. O préstito desses soberanos é tão curioso quanto eles. Compõe-se de muitos irmãos do Santo, vestidos com suas opas violetas. As tropas que lhe prestam continência alegram a Vila com marchas, acompanhadas de pandeiros, canzás e buzinas. São Cheganças, Congos, e a Marujada da Barquinha. Tem também, na véspera do Santo, leilões, Ternos de Reis, Taieiras, Dondoca, Bumba, Meu Boi, todos convenientemente vestidos e ensaiados para a ocasião.”

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