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28/09/2011
Peça Seu Miguel – Um mito afro baiano será apresentada gratuitamente no Pelô
Com apresentação única, peça retrata a vida de um ícone reconhecido por Jorge Amado e Pierre Verger.
Um ícone da história da Bahia. Grande nome da religiosidade baiana. Quem não conhece a história desse célebre baiano terá a oportunidade de conhecer através do espetáculo Seu Miguel – Um mito afro baiano. A peça faz parte da agenda cultural do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e será apresentada gratuitamente no Largo Pedro Archanjo - nome de um dos personagens criados por Jorge Amado para homenagear Miguel Santana.
O espetáculo será nesta quinta-feira, dia 29 de setembro, às 20h. A atração do CCPI presta homenagem a este ilustre nome baiano, que pertenceu a uma antiga família de santo, tendo sido confirmado por vários terreiros famosos e desde jovem foi ogã de Omolu no Engenho Velho.
Mais tarde seria um dos primeiros Obás, na sociedade Cruz Santa Axé Opô Afonjá, no terreiro de São Gonçalo do Retiro. A peça, recheada de lirismo, conta a história do homem conhecedor da riqueza e da pobreza, participante ativo de grandes terreiros em Salvador e Itaparica, como o extinto Gunokô (atual região do Bonocô) e a Casa Branca, além da maçonaria e irmandades católicas. Foi considerado um benfeitor e em vida ajudou financeiramente muitas pessoas carentes.
Citado em várias obras de Jorge Amado, como Capitães de Areia e Dona Flor e Seus dois Maridos, Miguel Santana se destacava por ter sido testemunha ocular da vida no Centro Histórico.
“A primeira reforma do Pelourinho, na década de 1970, teve Miguel Santana como patrono e contador de histórias que só ele sabia. Foi chamado pelas autoridades políticas da época para resgatar uma parte esquecida do Pelourinho”, explica Marcos Santana, neto de Miguel.
“O apoio do CCPI é estratégico na medida em que se abre espaço para um personagem real da cultura baiana e da história dos afrodescendentes na Bahia. Homenagear Miguel Santana é homenagear a história da Bahia”, completa.
No livro Bahia de Todos os Santos, Jorge Amado diz que Miguel sabia mais que os acadêmicos e conta uma conversa que tiveram juntos: “Quem não o viu dançar e cantar numa festa de candomblé não sabe o que perdeu. Quantos filhos você semeou no mundo, Miguel? O sorriso modesto, a voz tranquila: ‘51, meu amigo, entre homens e mulheres, um deles nasceu de uma sueca, outro de uma índia’. Descemos juntos a Ladeira do Cabula, a voz de Miguel Santana Obá Aré recorda distantes acontecimentos. Sabe mais sobre a Bahia do que os doutores, os eruditos do Instituto, os historiadores e os membros da Academia. Sabe por ter vivido. Foi rico e é pobre, teve mando de barcos, hoje possui apenas o respeito do povo - a bênção, Obá Aré! Deus lhe salve, seu Miguel Santana”.
E não foi somente Jorge Amado que reconheceu a importância de Miguel. Pierre Verger citou-o como um nome ilustre daquela época em seu livro Retratos da Bahia. Essas e outras passagens serão retratadas na peça que fará uma viagem por meio de leitura dramática, canções e lirismo com o objetivo de transportar o público à Velha Bahia.
Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) - órgão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA), busca, através do Programa Pelourinho Cultural, além de dinamizar as ações culturais no Centro Histórico, incentivar também a produção local, por meio da promoção de eventos realizados pela comunidade. Toda a agenda de atrações do programa tem acesso gratuito ou a preços populares.
Ficha Técnica
Direção Musical: Marcos Santana
Direção Cênica: Paulo Nery
Elenco: Paulo Nery, Diogo Teixeira e Roberto Amanti
SERVIÇO:
O quê: Seu Miguel – Um mito afro baiano
Quando: 29 de setembro (quinta-feira) às 21h
Onde: Largo Pedro Archanjo
Quanto: Gratuito
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