20/10/2011

Presidente da Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá recebe título de Cidadão de Salvador



Nascido no Maranhão, Dr. Ribamar recebe homenagens da vereadora Olívia Santana.

A vereadora Olívia Santana e a Câmara Municipal da Cidade do Salvador realizam a solenidade de outorga do Título de Cidadão de Salvador ao Sr. José de Ribamar Feitosa Daniel, presidente da Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá, sexta-feira, 21 de outubro, às 19 horas, no Plenário Cosme de Farias.

Nascido em Caxias, no Maranhão, em 1943, Dr. Ribamar é dono de um currículo impecável na área acadêmica. Apesar de morar em Salvador desde 1978, e graduar-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde se especializou em Otorrinolaringologia, José Ribamar não dedicou-se apenas à medicina e à vida acadêmica. Hoje é conhecido e respeitado com Pai Ribamar, Ogã de Oxalá do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.

Além da vereadora, que é ouvidora-geral da Câmara Municipal de Salvador, estão confirmados para a mesa de homenagens, Mãe Stella de Oxossi, Ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, Ney Campello, Secretaria da SECOPA, Monica Trigo, representante do MINC na Bahia, Elias Sampaio, secretário da SEPROMI, representante do governador Jacques Wagner. Eloi Ferreira, presidente da Fundação Cultural Palmares e Edvaldo Brito, vice-prefeito de Salvador estão na lista dos componentes da mesa, mas ainda não confirmaram presença.

O TERREIRO – A “casa (ilê) da força (axé) sustentada por Xangô (Afonjá)” é uma das maiores referências da luta dos negros escravizados pela preservação da vida e da cultura afro-brasileira. Fundado em 1910, por Eugênia Ana dos Santos – a Mãe Aninha -, uma descendente de nobres africanos, é também um dos mais antigos terreiros do País, tendo sido tombado como patrimônio histórico no ano 2000.

O templo foi / é liderado por cinco Iyás (mães): Aninha (1909-1938), Bada de Oxalá (1939-1941), Senhora (1942-1967), Ondina de Oxalá (1969-1975) e Stella de Oxossi (1976). Localizado em São Gonçalo do Retiro (Salvador-BA), é cercado por extensa área de vegetação fechada, constituindo-se, hoje, no único espaço verde das redondezas – testemunho, portanto, da prática de defesa da natureza, um dos fundamentos do candomblé.

HISTÓRICO PAI RIBAMAR

Ogã Ribamar chegou ao Axé Opo Afonjá, em 1978, sozinho, quando voltava de um caruru. Ele, pelo caminho, ouviu o toque dos atabaques e entrou no terreiro para conferir, pois sempre gostou de assistir a candomblés em casas distintas, como Alaketu, Seu Domingos, Casa Branca, Gantois, e outras.

Após 10 anos sem voltar ao Afonjá, aconteceu que um dia no consultório atendendo a um paciente, de nome Américo José (falecido), que após a consulta, numa conversa se identificou como sendo Ogã de Iyemanjá do Afonjá, e o convidou à assistir uma festa de Orixá. Fez questão de levá-lo ao terreiro dizendo para o entrevistado, que ele era do candomblé.

Ogã Ribamar, ou apenas Riba, como hoje ficou conhecido por membros da casa, passou a freqüentar o terreiro com uma maior assiduidade. Dias depois, recebeu do paciente que a aquela altura já se tornara seu amigo, um calendário com as datas das festas que seriam realizadas, até o final daquele ano de 1988. A medida que os dias iam passando Ogã Ribamar foi se tornando amigo de vários componentes do terreiro.

Chegava sempre à noite, em virtude do trabalho nos consultórios, estava na ativa e trabalhava quase que o dia inteiro. Somente aos domingos é que chegava mais cedo que de costume. E, o amigo e paciente, sempre cuidadoso, procurava colocá-lo num dos pontos estratégicos do barracão, que não precisasse ficar mexendo a cabeça pra lá e pra cá, fosse apenas para se sentar e assistir à festa sem infortúnio.

Até que no dia 10 de outubro de 1992, foi suspenso pelo Oxaguian de ebome , já falecida, Noêmia – Adjagun Tundè – numa festa do Pilão de Oxalá. Passou pelo rito de passagem porque passam todos os escolhidos no barracão, de ser carregado pelos outros Ogãs mais velhos que circularam o barracão, como já descrito em parágrafo anterior, e em seguida foi sentado na cadeira pelo mesmo Orixá por 3 vezes e se conservando sentado na terceira vez.

“...é algo assim inesquecível acho que para todos aqueles que são suspensos no barracão. A situação éindescritível. As pessoas começam a suspender a gentee você não sabe se vão deixar você cair no chão, umsegura uma perna e os outros seguram o que sobra docorpo da gente, você não sabe se está pesado, enfim é uma sensação única”.

Após esse dia, ele passou a receber os cumprimentos da maioria dos filhos de santo, foi fazendo amizades lá dentro, conversando, sempre que chegava ao terreiro. Esperou um ano, como é uma prática da casa para se confirmar.

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