Rodas de conversas, plenárias, exposições, oficinas e atividades artísticas e culturais fazem parte da programação do evento, que visa dar visibilidade às mais variadas expressões das culturas negras, promovendo o diálogo e o intercâmbio entre elas.
Para contemplar e difundir as mais diversas formas de manifestações das culturas da diáspora africana, tão ricas e diversas, de modo a possibilitar um maior e melhor conhecimento delas, o Governo do Estado da Bahia promove o I Encontro das Culturas Negras. O evento, uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), que acontece entre os dias 8 a 10 de novembro de 2012 em Salvador e, no 12, na cidade de Santo Amaro da Purificação, pretende criar redes de intercâmbio e cooperação entre os agentes culturais envolvidos neste cenário e estimular reflexões e estudos sobre um das modalidades de cultura mais presentes e significativas no mundo atual. O I Encontro das Culturas Negras faz parte da programação do Novembro Negro, projeto do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), e tem toda a programação gratuita e aberta ao público em geral.
Importantes nomes nacionais e internacionais envolvidos com o tema das culturas e das diásporas negras estarão em Salvador para participar das MESAS REDONDAS e PLENÁRIAS do encontro que acontecerão no Pelourinho, na Faculdade de Medicina, dias 08, 09 e 10 de novembro. São eles artistas, pesquisadores, intelectuais, produtores, agentes culturais reunidos sobre os temas “Culturas negras no mundo contemporâneo”, “Culturas negras no Brasil hoje”, “Carnavais negros nas Américas”, “Diversidade das Culturas Negras da Bahia”, “Redes de Intercâmbio e Cooperação das Culturas Negras” e “Encontro de Estudos das Culturas Negras”. Para participar das mesas e plenárias, basta se credenciar gratuitamente, a partir das 8h do dia 09, na sede do evento na Faculdade de Medicina da Bahia.
O Encontro visa ainda apresentar a diversidade artística destas culturas, com shows dos mais variados estilos musicais (do samba reggae ao soul, passando pelo maracatu, zambiapunga e pela música das novas afro-orquestras da Bahia), além de apresentações de dança, teatro e exposições de artes visuais.
Entre os convidados do evento, estão o crítico de arte camaronês, Simon Njami; o artista afro-americano John Sims; a diretora da biblioteca latino americana da Universidade Tulane, de New Orleans, Hortência Calvo; o professor, historiador e presidente da Casa da Cultura Afrouruguaia, Edgardo Ortuño; a ex-ministra de Cultura da Colômbia 2007-2010, Paula Moreno Zapata; o artista norte-americano, antropólogo e professor de Estudos Africanos da Universidade da Califórnia, Monterey Bay, Umi Vaughan, que trabalha com dança, fotografia e performances; a chefe do arquivo da Biblioteca Nacional de Trinidad and Tobago, Gerada Holder; o professor do departamento de Atlântico da Universidade de Barranquilla, na Colômbia, Daniel González; o especialista em cultura afro-brasileira e diretor do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra da Fundação Palmares, Carlos Moura; a professora pesquisadora da URFJ sobre discurso identitário brasileiro, Liv Sovik; os cantores e secretários de Cultura da Paraíba, Chico César, e do Amapá, João Miguel de Souza Cyrillo; o cineasta Joel Zito Araújo, os pesquisadores Jaime Sodré e Paulo Miguez; o historiador e diretor geral da Fundação Pedro Calmon, unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Ubiratan Castro; o professor de literatura da Universidade Católica de Salvador e articulador do coletivo Blackitude, Nelson Maca; e o jornalista, sociólogo e um dos mais importantes intelectuais da comunicação no país, Muniz Sodré, entre outros. As discussões têm como objetivo expandir o olhar e aprofundar o conhecimento da herança cultural trazida pelos negros arrancados do continente africano no processo de colonização do nosso país e, principalmente, compreender a complexa dinâmica do convívio simultâneo de tais elementos nas sociedades atuais.
Para o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim, a Bahia é um dos lugares do Brasil onde a herança da diáspora negra é mais visível e reconhecida. Somos um território de forte presença étnica e cultural afro-descendente. “Nada mais natural que este estado brasileiro busque celebrar as culturas da diáspora e pretenda sediar um grande festival anual inteiramente dedicado à valorização, à divulgação e ao intercâmbio destas culturas”, disse o secretário. O I Encontro de Culturas Negras marca, em Salvador, o início da “Década Afro Descendente”, período estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011. Neste ano, Salvador sediou o Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI). Na ocasião, a capital baiana recebeu o título simbólico de “Capital ibero-americana dos afrodescendentes”.
O I Encontro das Culturas Negras conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Cultura – Fundação Palmares, Universidade Federal da Bahia - CEAO, Universidade Federal do Recôncavo, Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e de entidades da comunidade cultural negra.
Solenidade de Abertura
No dia 08 de novembro, a partir das 18h, o Forte da Capoeira, no Largo de Santo Antonio Além do Carmo, sedia a solenidade de abertura do I Encontro das Culturas Negras, com Roda dos Mestres e a execução do Hino Nacional por Mestre Dinho & Sinfonia de Arame, e do Hino 02 de julho pela Orquestra de Berimbaus. Nesta noite, a Mesa de Abertura institucional conta com a presença de autoridades dos Governos Federal e Estadual, de suas secretarias e representantes de importantes instituições ligadas às culturas negras da Bahia.
Logo depois, tem início a programação das mesas redondas do evento, com o debate sobre Culturas negras no mundo contemporâneo. Ao final desta primeira noite, acontece a apresentação da “Orquestra de Pandeiros de Itapuã", com Tamima Brasil e Yago Avelar. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
Oficinas de videodança e comunicação para projetos digitais
Atento a importância da criação de espaços de troca e formação, o I Encontro das Culturas Negras contempla ainda em sua programação a realização de duas oficinas, ambas, na sede da Escola de Dança da Funceb, no Pelourinho, com 25 vagas cada. "Videodança Afrocontemporâneo" acontece entre os dias 7, 8 e 9 de novembro e será conduzida por Soraya Vargas e Dixon Quitian, membros da Fundação Imagem em Movimento – da Colômbia, e por Jaqueline Vasconcelos, integrante do Conexão ZAT – São Paulo.
Já a oficina "Teoria e prática da comunicação para projetos digitais", ocorre entre os dias 8 e 9 de novembro e será ministrada por Eduardo Krumpholz e Indira Motoya (Hipermedula.org/Argentina) e visa concretizar a relação que se estabelece entre cultura, comunicação e novas mídias, a partir da construção de uma proposta de comunicação. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de outubro através do site www.cultura.ba.gov.br.
Programação artística no Pelô
Além das mesas temáticas, plenárias e oficinas, integram também a programação do I Encontro das Culturas Negras, apresentações artístico-culturais que acontecem nas ruas e largos do pelourinho, ao final de cada dia de atividade. Artistas e grupos nacionais e internacionais que desenvolvem trabalhos ligados à diversidade cultural do povo negro se apresentarão na abertura do evento, no Forte da Capoeira (Santo Antonio Além do Carmo) no dia 08 de novembro, e nos dias 9 e 10 de novembro, simultaneamente, nas praças Pedro Arcanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água, localizadas no Pelourinho. No dia 12, quando o evento se transfere para Santo Amaro, as atividades acontecem no Teatro Dona Canô.
Os participantes do evento e a população em geral poderão apreciar apresentações internacionais, como do La Melaza, representante do Candombe uruguaio, e o soka do artista Shurwayne Wincheste, de Trinidad e Tobago. Também vão poder conhecer a música negra do Amapá com o grupo Raízes do Bolão, e o show do cantor José Miguel Cyrillo. De Minas Gerais, vem o grupo Berimbrown. Em um mesmo evento, o Maracatu Aruenda da Saudade, da Paraíba, se encontra com o Zampiapunga de Nilo Peçanha. E da Bahia, muitas atrações vão animar as noites do evento, com apresentações de orquestras de Berimbaus e Pandeiros e da Rumpilezz e Afrosinfônica, do soul de Dão e a Caravana Black, além do encontro de blocos afros como Gandhy, Os Negões, Malê, Muzenza, Bankoma, Didá, Okambi, Timbalada e show do Cortejo Afro.Tem também o Samba de Roda de D. Nicinha, apresentações de Wilson Carvalho, Matilde, Bié Nô e Carla Lis e, pela primeira vez, um espetáculo musical que vai reunir, na mesma apresentação, o Ilê Aiyê e o Olodum, nem encontro inédito. Toda a programação do evento é gratuita e aberta ao público.
Além das atrações musicais, sobem aos palcos do Pelô a Cia. de Teatro Abdias do Nascimento, com o espetáculo teatral PAN-AFRI-CAN-ISMO; as Companhias de Dança Jovem e Infanto Juvenil da FUNCEB, os solos do NC3 - Núcleo C de Composição Coreográfica, da Cia. Robson Correia. E o espetáculo do coletivo Dançando Nossas Matrizes, que vai realizar um ato para Mestre King, um dos homenageados do I Encontro, que também vai participar da programação artística, com a apresentação do espetáculo com sua direção, "OPAXORÔ”, da Cia. Gênesis.
Estão programadas também exposições paralelas que acontecerão no Museu Afrobrasileiro, na Galeria Solar Ferrão e no Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (Muncab), a exemplo da exposição fotográfica "Mulher Angolana – Ao Encontro do Desenvolvimento Sustentável", desenvolvida pelo Banco Espírito Santo Angola (BESA) em parceria com a World Press Photo (WPP) com o apoio da UNESCO e do Planeth Earth Institute (PEI), que fica em cartaz entre os dias 07 de novembro e 9 de dezembro na Galeria Solar Ferrão; e “Estética dos búzios” - do designer, artista plástico e diretor do Cortejo Afro, Alberto Pitta, em cartaz no Muncab .
Por fim, tem também um cortejo cênico, que vai percorrer as ruas do Pelourinho com 50 alunos do curso técnico em Dança da FUNCEB, junto a 10 percussionistas, com direção de Denny Neves e Marilza Oliveira. O I Encontro das Culturas Negras conta com a direção artística de Zebrinha, que fez a costura geral de toda esta programação.
Homenagens a Edison Carneiro e Mestre King
O I Encontro das Culturas Negras irá homenagear dois ícones da cultura afro-brasileira, nascidos na Bahia: um dos responsáveis pela criação da Dança Afro como ela é hoje, Raimundo Bispo dos Santos (Mestre King), e Edison Carneiro, estudioso reconhecido como uma das maiores autoridades nacionais sobre os cultos afro-brasileiros.
Primeiro homem a se graduar na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, o professor e coreógrafo, Mestre King desenvolveu um método que misturava elementos de danças folclóricas e populares brasileiras com a dança dos Orixás do candomblé, estilo que passou a ser conhecido como Dança Afro e, hoje, desperta interesse em dançarinos e plateias de todas as partes do mundo.
Já Edison Carneiro graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Estado. Além de jurista, poeta e folclorista, Carneiro, atuou como jornalista. Iniciou seus estudos pelos cultos afro-brasileiros, o folclore e a cultura popular na década de 30. No jornal Estado da Bahia, escrevia sobre os ritos e festas dos candomblés baianos. Em 1937, organizou o 2º Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador, que tinha finalidade estudar a influência da cultura africana no desenvolvimento do Brasil. Publicou ainda diversos livros e artigos nas áreas da etnologia e do folclore, da história e da literatura voltados para seu objeto de estudo.
Evento dá início à “Década Afro Descendente”
O I Encontro de Culturas Negras marca início da “Década Afro Descendente” em Salvador, período estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) após um ano de debates em torno do racismo e das situações social, econômica e política da população negra mundial na contemporaneidade. Diante da fragilidade dessa população em vários aspectos, a ONU percebeu a necessidade de ampliação da discussão no cenário mundial, ultrapassando o período de 2011, celebrado como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. Em novembro de 2011, Salvador sediou o Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI). Na ocasião, a capital baiana recebeu o título simbólico de “Capital ibero-americana dos afrodescendentes”.
Confira a programação completa no anexo a seguir ou no site www.cultura.ba.gov.br
SERVIÇO:
O quê: I Encontro das Culturas Negras
Quando: 08 a 12 de novembro de 2012
Onde: Abertura, dia 08 (Forte da Capoeira - Largo de Santo Antonio Além do Carmo);
Mesas redondas e plenárias (Auditório da Faculdade de Medicina no Pelourinho - Salvador e
Teatro Dona Canô - Santo Amaro da Purificação)
Nenhum comentário:
Postar um comentário