O vermelho Brasil é a cor predominante do Lavabo Público, idealizado pela designer de interiores, Lydi Siqueira para a 21ª edição da Casa Cor Bahia. Embalada pelo “Brasil Visto Por Dentro”, a profissional se inspirou na índia que encantou os europeus com sua beleza e sagacidade.
O cenário retrata o possível “toilettes” de Catarina Paraguaçu durante sua estadia na França por volta de 1530. O ambiente expressivo em detalhes revela a valorização do banheiro pelos franceses que fazem dele reflexo da personalidade de seu dono.
“A ideia é recriar o banheiro de Catarina Paraguaçu através de uma viagem no tempo. Quem entra no toilette encontra boiserie, rosetas e elementos da arquitetura francesa da época decorados aos olhos de uma índia brasileira que imprimiu nele sua cor, seu ouro e sua madeira – evidenciando que muito do luxo com os quais os europeus eram agraciados vinham, na verdade, do seu Brasil”, contextualiza a designer responsável pelo projeto.
A arquitetura das principais igrejas de Salvador se transformam em telas através do traço do artista plástico Uby Maia. O conjunto de nove quadros evidenciam a devoção de Catarina pelo cristianismo, já os espelhos fazem simbologia ao artefato que ajudou a tornar amistosa a relação entre índios e europeus. Uma tela do também artista plástico e arquiteto, Fred Andrade, se destaca no espaço como um cartão postal pintado com tinta natural. A obra é levada ao ambiente para representar a mistura de lembranças de Catarina que formam uma ave em metamorfose insinuando também as mudanças que a própria índia vivenciava.
“Diferente do usual, onde trazemos a influência francesa ao Brasil, a proposta do ambiente é levar as referências brasileiras através da perspectiva da índia que descobriu a Europa”, pontuo Lydi. Catarina Paraguaçu vista por dentro
De origem Tupinambá, Catarina Paraguaçu se tornou uma das mulheres mais importante da época. Casou-se com o europeu Diogo Álvares Côrrea, para os índios “Caramuru – Deus do Fogo”, que se inseriu entre os nativos após um naufrágio e se tornou uma espécie de “cacique branco”.
A índia se comunicava através do tupi, mas aprendeu também a falar francês enquanto viveu no país levada por seu marido. Acredita-se que o português nunca foi pronunciado por Catarina em protesto ao tratamento que os portugueses direcionavam aos índios, demonstrando um comportamento protetor em relação ao seu povo. Religiosa, ela foi a responsável pela construção da Capela que deu origem a Igreja da Graça, área doada por ela ao Mosteiro de São Bento, parte da vasta terra que pertencia à família que envolvia inclusive, a região do Campo Grande onde acontece a Casa Cor Bahia 2015.
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