01/09/2016

“EGOTRIP – Ser ou não ser? Eis a comédia” estreia segunda temporada no SESI Rio Vermelho



“O homem do nosso século – o homem psicológico, econômico, moral, metafísico – é um homem ‘massificado’, mas é sobretudo um homem ‘separado’. Separado dos outros, separado do corpo social, separado de si mesmo, dividido, fragmentado, despedaçado”, Jean-Pierre Sarrazac, em Léxico do drama moderno e contemporâneo.

Depois de esgotar todas as sessões da primeira temporada, o espetáculo teatral “EGOTRIP – Ser ou não ser? Eis a comédia” volta a cartaz no Teatro do SESI Rio Vermelho, de 03 a 25 de setembro, sábados e domingos, sempre às 20h. Os ingressos custam R$ 30 [inteira] e R$ 15 [meia entrada]. O envolvente e divertido enredo gira em torno de um grupo de quatro amigos tipicamente urbanos e individualistas que decide viajar para uma longínqua cidadezinha do interior com o propósito de recuperar um suposto “anel de nobreza” pertencente à família de um deles. 

Nas curvas dessa viagem, os personagens viverão uma série de situações cômicas e dramáticas que transformarão suas percepções sobre o mundo. Uma clara alusão ao gênero cinematográfico road movie, em que os protagonistas deixam seus lares, partindo em busca de novas aventuras e fatalmente alterando as perspectivas sobre suas próprias vidas cotidianas. Durante esse processo, surgem muitas questões que refletem dilemas contemporâneos, como os binômios “carreira profissional x realização pessoal”, “posição política de esquerda x direita”, “casamento x vida solteira”, “cidade x campo” e “competitividade x solidariedade”. Dicotomias que proporcionarão uma busca de identidade, uma viagem do ego – daí o título da obra.

O espetáculo tem texto e encenação de João Sanches, trilha sonora ao vivo de Leonardo Bittencourt, e conta com um elenco estelar da nova geração do teatro baiano - Igor Epifânio, Alexandre Moreira, Jarbas Oliver e Rafael Medrado, que já integraram grandes sucessos de bilheteria, como “Entre Nós - Uma comédia sobre diversidade” (Prêmio Braskem de Melhor Espetáculo, Melhor Texto e Melhor Ator, em 2013), “A Bofetada”, “Os Cafajestes”, “Siricotico” e “Camila Backer”.
 
Por sua vez, o encenador João Sanches é responsável por prestigiados espetáculos, como “Eu te amo mesmo assim”, “Boca a boca: um solo para Gregório” e “Entre Nós – Uma comédia sobre diversidade”, e que já realizaram temporadas tanto em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, quanto em outros países, como Estados Unidos e Portugal. Para Sanches, a vida dos dias de hoje é uma vida de muitos trânsitos, muitos caminhos, com trocas mais dinâmicas e intensas. “Foi dessa observação que surgiu a vontade de refletir sobre um paradoxal sentimento contemporâneo de desconexão num mundo super conectado”, explica o encenador, que se apressa em complementar: “mas com leveza e humor”. 

O cenário do espetáculo é uma pop arte vibrante e colorida. A base do material primário utilizado são engradados de cerveja, fazendo uma referência à liberalização da bebida nos dias de hoje e no quanto ela está presente nas relações sociais, no estímulo aos debates contemporâneos e nas mais variadas conversas. As ilustrações que colorem os engradados são inspiradas na arte urbana e caótica do norte americano Jean Michel Basquiat, valorizando a estética do grafite e da pintura neo-expressonista.
Já a trilha sonora é toda realizada ao vivo pelo multi-instrumentista e compositor Leonardo Bittencourt, fazendo várias referências à cultura popular brasileira, desde o samba de roda do Recôncavo Baiano ao punk do Ramones. Além dos números musicais, Bittencourt também executa a sonoplastia, o fundo musical e outros efeitos e intervenções sonoros durante toda a peça, ajudando a criar a atmosfera das cenas.


O projeto global:
O projeto também contou com a realização de quatro workshops, destinados a artistas profissionais e amadores de três cidades do interior da Bahia: Euclides da Cunha, Morro do Chapéu e Livramento de Nossa Senhora. Esses workshops tiveram duração de 20 horas (em cada cidade) e aconteceram durante o processo de montagem da peça. O objetivo principal era o de criar uma interlocução entre a equipe do espetáculo e os grupos artísticos dessas regiões. Ensaios abertos também fizeram parte das atividades, estendendo o trabalho da equipe para além dos workshops.
 
As cidades do interior escolhidas são pouco dotadas de equipamentos culturais, mas têm uma cena teatral expressiva que busca afirmação e interação com outros artistas. Ademais, o próprio mote da peça perpassa pela dicotomia “campo x cidade”, em que a desconexão do homem contemporâneo consigo próprio e, consequentemente, com o seu meio social e ambiental, provoca uma reflexão entre as culturas da cidade grande e da cidade pequena, explorando a separação entre o urbano e o rural, entre o central e o periférico, que funcionam como metáforas dessa desconexão existencial.

Por fim, tal interlocução, além de contribuir para a formação de artistas baianos, naturais ou residentes no interior do estado, serviu enormemente como laboratório criativo para a concepção do espetáculo e de sua dramaturgia.

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