01/03/2017

Gilberto Gil é o artista mais homenageado do carnaval de Salvador 2017


 Foto: Ulisses Dumas.
Um dos saldos positivos do carnaval de Salvador em 2017 foram, sem lugar a dúvidas, as mais que justas homenagens feitas ao compositor e cantor Gilberto Gil. Oficialmente, foram três no total: a do bloco Cortejo Afro, a do afoxé Filho de Gandhy e a do Governo da Bahia, em função dos 50 anos do movimento tropicalista.

A primeira das homenagens confirmadas veio do bloco negro Cortejo Afro, criado em 1998, dentro da tradição militante dos pioneiros Ilê Ayiê, Malê Debalê, Muzenza e Olodum. O Cortejo escolheu o tema ‘CorteGil – Um Canto de Afoxé para Gilberto Gil’, com fantasia desenvolvida pelo estilista Fause Haten e por Alberto Pitta, artista plástico e presidente do Cortejo. Aliás, a veste rendeu elogios do próprio Gil: “trouxe uma elegância sofisticada, uma estética africana que misturou com elementos do Ocidente”. Foi assim que ele abriu o desfile da entidade na noite de ontem [segunda-feira, 27], no Farol da Barra. Em frente ao Camarote Expresso 2222, em cima do trio elétrico, ao violão, ele cantou ‘Toda Menina Baiana’, levando o bloco até a entrada da Avenida Oceânica. “Obrigado, meninos e meninas, por essa festa”, agradeceu, antes de puxar a segunda canção de sua participação, “Expresso 2222”, acompanhada em coro pelos convidados do Camarote. O desfile seguiu com o Cortejo Afro fazendo releituras de composições do homenageado como “Domingo no Parque” e “Parabolicamará”.

O afoxé Filho de Gandhy, por sua vez, também celebrou a história do padrinho tropicalista. Uma forma de agradecer por Gil ter sido o responsável por reerguer o bloco fundado por estivadores, em 1949, marcante na infância do cantor. Isso por que, no retorno do seu exílio político, em 1972, Gil iniciou uma retomada de identificação com a cultura negra da Bahia. A canção “Filho de Gandhy”, 1973, retirou a agremiação do isolamento e contribuiu para que, anos depois, viesse a formar um tapete branco de mais de 12 mil homens no carnaval de Salvador, e que conta com a presença de Gil há quatro décadas. Sobre o tributo a Gil, Francisco Lima, presidente do afoxé, escreveu: "a contribuição de Gil nos remete aos anos 70, quando ajudou a soerguer nossa instituição. Nos anos que se seguiram, ele sempre esteve por perto, fisicamente ou através de suas músicas. O seu gesto motivador continua sendo referência para todos até hoje. O que mais nos encanta em Gil é a simplicidade com que ele desfila no Carnaval, tocando seu agogô junto aos membros da bateria. Vida longa ao Mestre Gilberto Gil".

Uma terceira homenagem, organizada pelo Governo da Bahia pela passagem dos 50 anos do Tropicalismo, levou Gil a cantar músicas do movimento no show realizado na noite de sexta-feira (24), no Centro Histórico de Salvador. Gil abriu sua apresentação lembrando a importância de celebrar o Tropicalismo e a tradição musical, puxando, em seguida, a canção “Soy Loco Por Ti America”, interpretada primeiramente por Caetano Veloso. Dando continuidade ao repertório, Gil apresentou outras músicas, como “Marginália II”, “Domingo no Parque” e “Toda Menina Baiana”.

Extraoficialmente, outras homenagens foram rendidas ao cantor que é considerado um dos mais importantes da MPB, principalmente pelos cantores que desfilaram no Circuito Barra-Ondina, onde fica seu Camarote Expresso 2222. Frente a frente com Gil, ela no trio do Bloco Cerveja & Cia, ele na varanda do camarote, Ivete foi só elogios: “agradeço tanto a Deus por você existir em minha vida e rezo sempre por essa família pela qual eu tenho um imenso carinho e já se tornou um pouco minha também. Você é mestre, Gil. Te amo, vida longa a você!”, disse Ivete. Na sua hora de desfilar, Cláudia não fez diferente. “Todas as vezes que eu passar aqui pelo Expresso eu vou me sentir grata. A importância que esse homem tem na minha vida é imensa. Não só como artista, mas como pessoa. Alguém que sempre lutou pelo bem de todos – não só de si próprio e da sua família, mas de todos! O seu amor ecoou no mundo inteiro, Gilberto Gil. O seu amor ecoa nos nossos corações. Muito obrigada por tudo”, disse a loira.

Já Daniela Mercury pediu logo que entregassem um microfone a Gilberto Gil, que também estava na varanda do Expresso 2222. Enquanto o equipamento chegava, a cantora já deu início à homenagem, puxando a canção “De Deus, de Alah”, do próprio Gil. Já defronte à varanda, Daniela fez um dueto com Gil, na música “Toda Menina Baiana”, e depois deixou que o mestre da MPB entoasse “A novidade”, sendo acompanhado por uma multidão de vozes em uníssono. Pouco antes da passagem de Daniela Mercury, quem também desfilou foi o cantor Xandy, que fez uma reverência a Gilberto Gil ao chamá-lo de professor. Sem falar muito, Xandy logo anunciou: “mas se o professor chegou, então a gente tem que cantar pra ele”. Foi assim que o vocalista do grupo Harmonia do Samba puxou seu trio ao som do pagode “Mandei meu cavaco chorar”, intercalando trechos de “Andar com fé”, de Gilberto Gil.

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