Novo texto e direção de Gil Vicente Tavares celebra 30 anos de Marcelo Praddo
e passeia pelas canções de Ary Barroso
Foto: Divulgação
Nos
anos 60, uma transexual sonha em fazer um grande espetáculo,
encomendado por seu amante, cantando os maiores sucessos do compositor
Ary Barroso, um dos célebres
nomes da Música Popular Brasileira. Enquanto ensaia seus números, a
personagem mostra sua intimidade e as memórias durante conturbados dias
de
1964. Esse é o ponto de partida de Os Pássaros de Copacabana, novo
espetáculo de Gil Vicente Tavares, que assina a direção e a
dramaturgia, numa obra inédita, que usa da história de vida da aspirante
à cantora para provocar reflexões sobre a nossa história e o presente. A
nova montagem também é a celebração dos 30 anos
de palco do ator Marcelo Praddo, que se prepara para o desafio
de viver um novo monólogo onde, além de atuar, canta e dança. O
espetáculo, apresentado pelo Governo do Estado e
Vivo, por meio da Plataforma Vivo Transforma, estreia em Salvador no dia 11 de março, sábado, às 20h, no Teatro Molière – Aliança Francesa (Ladeira da Barra).
Os Pássaros de Copacabana
tem na história um importante pano de fundo com o qual o autor, Gil
Vicente Tavares, traz as primeiras circunstâncias da ditadura deflagrada
em 64, por meio das memórias da personagem
protagonista, aparentemente pouco afeita às discussões políticas,
embora absolutamente impactada pelo cenário pesado que vai se
instalando. A história dá sua partida no dia em que se comemora o
aniversário da cantora Carmem Miranda, mas também morre o compositor
Ary Barroso: 09 de fevereiro de 1964, um domingo de carnaval. Outros
personagens perpassam a história: a namorada dos tempos de juventude, a
figura materna de quem se lembra com saudade, o amante militar de poucas
palavras, o vizinho comunista. Absolutamente
musical, a montagem entrecorta as lembranças da narradora com diversas
canções de Ary Barroso, de sucessos a pérolas pouco conhecidas desse
compositor tão notável na história da Música Popular Brasileira, e
principal artista a projetar o samba mundialmente,
chegando a concorrer ao Oscar por uma de suas canções.
“Ainda quando realizávamos o espetáculo
Caymmi, do rádio para o mundo, nossa produtora Fernanda Bezerra
nos provocou a falar sobre Ary Barroso, por conta da riqueza de suas
canções e de sua importância para o Brasil e o mundo. Essa vontade
ficou, assim como o desejo de construir um solo para
Marcelo Praddo, que completou recentemente 30 anos de palco no mesmo
ano que nosso grupo Teatro NU alcançou uma década em atividade” explica o
encenador Gil Vicente Tavares, que optou por agregar, ao texto,
questões sobre gênero e sexualidade, que eram interesse
do ator e um assunto tão pulsante na sociedade brasileira. “O
espetáculo toca em diversas temáticas paralelas, refletindo sobre
música, política, gênero, assuntos tão debatidos na sociedade
brasileira, no meio dessa grande quebra de braço em que vivemos entre
progressistas e conservadores” acrescenta o dramaturgo.
Pela primeira vez, Gil
Vicente Tavares trabalha ao lado de Jarbas Bittencourt, que assina a
direção musical do espetáculo, apesar de já terem sido parceiros noutros
três espetáculos. Em cena, o músico Elinaldo
Nascimento toca instrumentos como piano e acordeão, entre outros, ao
lado da voz de Marcelo Praddo. De acordo com Jarbas Bittencourt, a
música da peça evoca a riqueza melódica das canções compostas por
Barroso, considerado um virtuoso. “Ary era um grande melodista,
criador de canções inesquecíveis. Mas ao longo do espetáculo, é
inevitável não olhar para algumas letras com os nossos olhos inquietos
do presente” pontua o músico. Perpassam 17 canções em cena, trazendo
releituras musicais, das quais apenas duas manterão
as características do samba, mas também ressignificadas pela
interpretação da personagem.
O espetáculo é realizado
pela Maré Produções Culturais e o patrocínio da Vivo e do Governo do
Estado por meio do Fazcultura, programa de fomento da Secretaria
Estadual de Cultura e Secretaria Estadual da Fazenda
da Bahia. O superintendente de Promoção Cultural da SecultBA, Alexandre
Simões, salienta a importância do Fazcultura na promoção do
desenvolvimento artístico e cultural do Estado. “O programa é
estratégico e traz oportunidade para as empresas investirem na
cena cultural, ratificando seu papel social. É interessante também pela
dimensão econômica, pois movimenta os equipamentos culturais, faz girar
essa cadeia e gera emprego e renda para centenas de profissionais”.
Vivo Transforma
O espetáculo Os Pássaros de Copacabana tem o patrocínio da Vivo via plataforma
Vivo Transforma, criada pela empresa para promover a
democratização do acesso à cultura e o envolvimento das comunidades em
iniciativas pautadas na transformação social, revelação de novos
talentos e valorização da cultura nacional. “Ficamos muito felizes
em apoiar este projeto que tem produção local e contribui para a
valorização da cultura baiana”, revela a diretora de Sustentabilidade da
Vivo, Joanes Ribas.
Fazcultura
O
programa de incentivo ao patrocínio cultural - Fazcultura -, executado
pela Secretaria da Cultura (SecultBA)
em parceria com a Secretaria da Fazenda (Sefaz), foi criado em 1996
através da Lei nº 7.015 com o objetivo de fomentar iniciativas culturais
dos mais diversos: música, artes visuais, patrimônio, memória, dança,
circo, audiovisual, cultura popular, literatura,
teatro, moda, design, dentre outras. Através do Programa, o Governo
permite que as empresas previamente habilitadas recebam benefícios
fiscais de até 80% sobre o valor total de um projeto cultural. Dessa
forma, a empresa deixa de recolher parte do Imposto
sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
(ICMS) devido, para destinar diretamente a projetos culturais aprovados
pela Comissão Gerenciadora do Fazcultura.
30 anos de carreira –
Marcelo Praddo comemora 30 anos de palco num trabalho sem dúvidas
desafiante. Viver uma mulher transexual, vítima das violências do seu
tempo – o que já demanda uma carga dramática
bem dosada, ao lado de cantar e dançar em cena. “Criar Os Pássaros de Copacabana
tem sido uma tarefa prazerosa, mas também difícil, que me tira da zona
de conforto e convoca maiores esforços como intérprete. Lidar com a
construção corporal de uma mulher,
a música, a densidade do texto e do espetáculo sem dúvidas é
desafiante. Mas também um grande presente” conta o artista.
Integrante do grupo
Teatro NU desde 2008, Marcelo Praddo é um dos atores mais importantes da
cena teatral baiana, reconhecido pela versatilidade e qualidade de seu
trabalho criativo. Como não lembrar de sua brilhante
interpretação como Boca de Ouro, em 2002, com direção de
Fernando Guerreiro, que lhe rendeu o Prêmio Braskem de Teatro como
Melhor Ator? Ou as indicações seguintes por
Quarteto, montagem de Gil Vicente Tavares, em 2014 ou primeiro monólogo
Eu, em, 2004, com direção de Vadinha Moura?
“Marcelo é um ator de
inquestionável qualidade, doçura, gentileza. Um artista generoso em seu
trabalho e com os colegas. Sempre trazendo para os ensaios entrega e
disponibilidade criativa” revela Tavares.
Os Pássaros de Copacabana
mantém a característica de trabalho do grupo, que prima por um teatro
de mínimos elementos que potencializam o trabalho do ator, contando com a
equipe de criadores que reúne Euro
Pires concebendo conjuntamente a cenografia e indumentária; Anna
Oliveira na maquiagem; e o desenho de luz de Eduardo Tudella,
colaborador do Teatro NU. Gil Vicente Tavares ainda conta com Bárbara
Barbará, parceira de trabalho, que assina a direção de movimento
e assistência na encenação.
SERVIÇO
Os Pássaros de Copacabana
Datas: De 11 de março até 01 de abril (Sábados e domingos)
Local: Teatro Molière – Aliança Francesa
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia entrada)
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