A conferência do escritor moçambicano abriu a temporada 2017 do projeto, que ainda traz a Salvador, a crítica cultural norte-americana Camille Paglia (15/08) e da ativista dos direitos humanos moçambicana, Graça Machel (5/09)
Foto: Ag. BA Press
“Sou um ateu não praticante”, assim se definiu o escritor moçambicano Mia Couto, ao abrir na noite dessa quarta-feira, dia 03, a temporada 2017 do projeto Fronteiras Braskem do Pensamento, em Salvador. Com o tema Os Deuses dos Outros, Mia falou para uma plateia atenta, que lotou a sala principal do Teatro Castro Alves. “A religião para mim é a capacidade do encontro com aquilo que me parece crente. Ninguém mora dentro de si mesmo, mas mora em todos”, afirmou o escritor, um dos mais traduzidos no mundo. O evento foi apresentado pelo escritor pernambucano Marcelino Freire, vencedor do Prêmio Jabuti 2006.
O Fronteiras, que este ano tem como tema principal Civilização - A sociedade e seus valores, prossegue com as conferências da crítica cultural norte-americana Camille Paglia (15/08) e da ativista dos direitos humanos moçambicana, Graça Machel (5/09), sempre às 20h30. Os ingressos continuam à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista, pelo site www.ingressorapido.com.br ou pelo telefone (71) 4020-2050. Ingresso individual por conferência: R$50 (inteira) e R$25 (meia). Outras informações pela Central de Relacionamento Fronteiras 4020.2050 e no portal www.fronteiras.com. O Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, com realização da Caderno 2 Produções Artísticas.
“Voz demoníaca” - Por cerca de 40 minutos, Mia Couto falou sobre a ligação da religiosidade com os movimentos políticos e o papel da literatura na libertação do ser humano. “A literatura e a poesia me salvaram”. Um dos pontos altos da conferencia foi quando o conferencista falou sobre a interferência dos meios de comunicação na vida das pessoas. “A televisão é uma peneira que não deixa passar a voz dos outros”, afirmou Mia, ao lembrar de uma fábula contada pela avó do escritor do Zimbabwe Chenjerai Hove (1956 - 2015), sobre uma “voz demoníaca” que saia de uma caixa chamada rádio.
Comparado a Gabriel García Márquez, Guimarães Rosa e Jorge Amado, Mia Couto citou a influência do escritor baiano para os escritores moçambicanos. “Jorge Amado ajudou a encontrar um certo sabor na literatura quando buscávamos nos afastar da literatura portuguesa”, garantiu Mia, que ficou encantado com a visita que fez ao Memorial Casa do Rio Vermelho, residência de Jorge Amado e Zélia Gatai. “Nunca vi um memorial cheio de vida, cheio de voz como aquele”, destacou.
Autor de uma extensa e diversificada obra, que inclui poesia, contos, romance e crónicas publicadas em mais de 22 países e traduzidas em diversos idiomas, Mia Couto lembrou de momentos de contemplação que o encantava em sua infância “Na escola via uma janela que dava para um pátio interno e na avaliação que meus pais receberam estava escrito ‘esse aluno nunca faltou, mas também nunca chegou a estar presente’”. Quanto ao seu processo de criação, Mia afirmou que é meio caótico. “Começo com algum encontro que me apontam alguns caminhos. Nunca tive um livro em que eu tivesse um pleno predeterminado”, explica.
Ao ser perguntado sobre a atual situação política do país, Mia garantiu que, “o mais grave que acontece no Brasil é o que acontece no mundo inteiro, de não sabermos para onde estamos indo, mas vamos dar a volta por cima, como diz uma música de vocês. Vai vencer a justiça e a liberdade”. O moçambicano finalizou a conferência prestando uma homenagem a todos os brasileiros que estiveram exilados em Moçambique durante a Ditadura Militar no Brasil.
PROGRAMAÇÃO FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO
CAMILLE PAGLIA (Estados Unidos, 1947)
15 de agosto (terça-feira)
Ensaísta e crítica cultural norte-americana, Camille Paglia participou do ciclo Fronteiras Braskem do Pensamento em 2008, em Salvador, com a conferência Variedades do erótico na arte do século XX. É uma das intelectuais mais influentes da atualidade e a principal teórica do “pós-feminismo”. Graduada em língua inglesa, seus ensaios abordam as representações da arte na cultura ocidental e suas relações com política, sexo, religião e sociedade. Ganhou destaque ao analisar a interação entre sociedade e cultura na obra Personas sexuais, e valorizar o tema da cultura de massas no ambiente acadêmico com os livros Sexo, arte e cultura americana e Vampes & vadias, entre outros. Sua mais recente obra traduzida no Brasil é Imagens cintilantes - Uma viagem através da arte desde o Egito a Star Wars. No projeto Fronteiras do Pensamento, Camille Paglia realizou as conferências A mulher na arte: da idade da pedra até Hollywood, em 2007, em Porto Alegre, e Arte, cultura e feminismo, em 2015, em São Paulo. Vídeos exclusivos estão disponíveis no portalwww.fronteiras.com.
Graça Machel (Moçambique, 1945)
5 de setembro (terça-feira)
Política e ativista dos direitos humanos, Graça Machel foi ministra da Educação e da Cultura de Moçambique entre 1976 e 1989, grande parte durante o governo de seu esposo, Samora Machel, morto em 1986. Defensora internacional dos direitos das mulheres e das crianças, foi nomeada em 1990 pela ONU para o Estudo do Impacto dos Conflitos Armados na Infância, trabalho pelo qual recebeu a Medalha Nansen das Nações Unidas, em 1995. Em 1998, casou-se com Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, tornando-se a única pessoa no mundo a ser primeira-dama de mais de uma nação. Formada em Filologia Germânica, Graça Machel atuou como professora, militou na Frente da Libertação de Moçambique (FRELIMO), e é membro do Painel para o Progresso da África (APP), grupo constituído por dez distintas personalidades que defendem o desenvolvimento equitativo e sustentável da África.
SOBRE O FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO
O Fronteiras Braskem do Pensamento é um ciclo de conferências alinhado ao projeto cultural múltiplo Fronteiras do Pensamento - www.fronteiras.com - que aposta na liberdade de expressão intelectual e na educação de qualidade como ferramentas para o desenvolvimento. O Fronteiras do Pensamento realiza anualmente edições em Porto Alegre e São Paulo, e na edição especial em Salvador abre espaço para o debate e a análise da contemporaneidade e das perspectivas para o futuro, apresentando pensadores, artistas, cientistas e líderes que são vanguardistas em suas áreas de pesquisa e pensamento. Os valores básicos do projeto são o pluralismo das abordagens, o rigor acadêmico e intelectual de seus convidados e a interdisciplinaridade de ideias. Por isso o Fronteiras Braskem do Pensamento já trouxe a Bahia importantes nomes como Enrique Peñalosa, Leymah Gbowee, Wim Wenders, Edgar Morin, Manuel Castells, Contardo Calligaris, Luc Ferry, Salman Rushdie, Jean-Michel Costeau e Valter Hugo Mãe, entre outros.
Sobre a Braskem
A Braskem é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, com volume anual superior a 20 milhões de toneladas, incluindo a produção de outros produtos químicos e petroquímicos básicos, e com faturamento anual de R$ 54 bilhões. Com o propósito de melhorar a vida das pessoas, criando as soluções sustentáveis da química e do plástico, a Braskem atua em mais de 70 países, conta com 8 mil integrantes e opera 40 unidades industriais, localizadas no Brasil, EUA, Alemanha e México, esta última em parceria com a mexicana Idesa.
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SERVIÇO
FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO SALVADOR 2017
PRÓXIMAS CONFERÊNCIAS: Camille Paglia, 15/8 e Graça Machel, 5/09.
LOCAL E HORÁRIO: Teatro Castro Alves, às 20h30.
INGRESSOS INDIVIDUAIS: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia) para cada uma das conferências.
INFORMAÇÕES SOBRE VENDAS: 3003-0595
PONTOS DE VENDA: Nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos postos de vendas do SAC dos shoppings Barra e Bela Vista, e pelo site www.ingressorapido.com.br.
INFORMAÇÕES PROJETO: Na Central de Relacionamento Fronteiras 4020.2050 e no portal www.fronteiras.com.
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