Fotos: Rosilda Cruz / Div.
Da
decoração do Pelourinho que homenageia os 220 anos da Revolta dos Búzios
aos desfiles nos circuitos da folia, a ordem é se divertir
O Carnaval
da Cultura promete envolver baianos e turistas com uma variedade de
emoções, que vão desde a descontração e irreverência características da
folia, até a reflexão e despertar para a necessidade
de luta. Com o tema “220 anos da Revolta dos Búzios - Igualdade e Liberdade”,
referências e valores deste importante acontecimento histórico inspiram
a decoração do Pelourinho e a concepção dos projetos desenvolvidos pelo
Governo do Estado da Bahia,
por meio da Secretaria de Cultura, durante os dias de festa.
Em uma época
de intolerância entre os mais diversos segmentos da sociedade, lembrar
dos quatro heróis e mártires da Revolta do Búzios, Lucas Dantas, Manoel
Faustino, Luiz Gonzaga e João de Deus, em
plena folia de Momo, é trazer à reflexão de se brincar o carnaval sem
esquecer de reverenciar a história de luta de um povo. Eles conclamavam
liberdade e igualdade há 220 anos atrás, e hoje, o Carnaval da Cultura
prima pela diversidade na qual o baiano e o
turista aproveitam a festa em pé de igualdade e com liberdade de
escolha do que curtir.
Opções não
faltam para brincar o Carnaval, seja com os blocos apoiados pelo Ouro
Negro, projeto que este ano completa 10 anos de sua criação; pelos
artistas que irão tocar para o público pipoca com
os microtrios e nanotrios; ou nos largos do Pelourinho, com shows de
variados estilos musicais, além das apresentações de bandões, fanfarras e
artistas em desfiles no sobe e desce das ruas.
Pelô e Pipoca –
A
abertura do Carnaval do Pelô, na noite de sexta-feira, terá o comando de
uma das mais belas e fortes vozes que representam a Bahia, Lazzo
Matumbi, que com diversos clássicos que marcaram época,
apresenta um repertório que versa sobre liberdade, igualdade e
resistência. Entre os títulos que não devem faltar no show, canções como
‘Alegria da Cidade’ e ’14 de maio’.
Juntando-se
num ato de honra aos quatro heróis revolucionários símbolos da Revolta
dos Búzios, o ator Dody Só realiza a leitura dramática de um manifesto,
complementada por canções sobre o marco histórico
consagradas pelo bloco afro Olodum, na voz do cantor Lazinho, e pelo
Ilê Aiyê, interpretada por sua vocalista Iracema.
O Carnaval
no Centro Histórico fica ainda mais diversificado com a participação das
atrações contratadas através do edital Pelô e Pipoca. Foram 73 atrações
selecionadas para compor os cinco dias de
programação. O palco principal da festa, no Largo do Pelourinho, será
por mais um ano o cenário de encontros musicais surpreendentes que
prometem fornecer momentos memoráveis na folia.
Entre os
encontros, o cantor e compositor Mateus Aleluia, remanescente do grupo
Os Tincoãs – um dos mais importantes na história da música negra
brasileira – se reúne com cantoras de outras duas gerações
posteriores, a maranhense Rita Benneditto e a baiana Ana Mametto, ambas
também com trabalhos de conexão com a religiosidade africana. O show se
chama Folia Afro Brasileira, e será apresentado no domingo de carnaval,
às 20h.
Também se
misturam na programação os artistas e bandas Afrocidade, Luedji Luna e
Xênia França; Alexandre Leão, Moreno Veloso e Davi Moraes; Ronei Jorge,
Giovani Cidreira e Maglore; Riachão, Ana Paula
Albuquerque e Paulinho Timor E Os Bambas de Sampa; Claudia Cunha,
Manuela Rodrigues e Sandra Simões; Mazzo Guimarães, Luciano Salvador
Bahia e Simone Mota; Aloísio Menezes, Hugo Sanbone e Márcia Rejane; e
Luciano Calazans, Fernando Nunes e Gigi Cerqueira.
Além da
programação no palco principal, não vão faltar opções nos largos Pedro
Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro d’Água para foliões que
procuram tanto os ritmos tradicionais do carnaval, quanto
o público alternativo que busca por opções diferenciadas. Assim,
estilos atemporais do Carnaval da Bahia, como samba, afro, axé, guitarra
baiana, antigos carnavais e bailes de orquestra tem espaço garantido,
ao lado de ritmos como reggae, pop rock, hip hop
e arrocha, que vem criando novas vertentes na folia carnavalesca. E
claro que a criançada não vai ficar de fora, pois os bailes infantis
prometem animar as tardes dos pequenos foliões e suas famílias entre o
sábado e a terça de carnaval.
Na
sexta a partir das 19h, e nos demais dia a partir das 15h30, a
programação nos largos vai contar com atrações como Africania, Pali OJC,
Levi Barbosa, Vivendo do Ócio, Missinho,
Lateral Elétrica, Aila Menezes, Baco Exu do Blues, Orquestra Popular de
Maragojipe, Ligação 70 e o grupo infantil P.U.M.M. – Por um Mundo
Melhor.
Não é
somente a decoração que tornará mais bonitas as ruas do Pelourinho.
Mantendo a tradição, o vai e vem dos foliões no percurso do Centro
Histórico se misturará com os desfiles dos grupos de rua
e dos microtrios e nanotrios. Em meio aos símbolos do tema “220 Anos da
Revolta dos Búzios – Igualdade e Liberdade”, as apresentações ao ar
livre resgatam o clima de proximidade e compartilhamento dos antigos
carnavais.
Vindos da
capital e do interior do estado, bandas de diferentes portes apresentam
instrumentos de percussão, sopro e cordas, grupos realizam performances,
provocando uma explosão de cores, movimentos
e musicalidade por todo o Pelô. Os desfiles que transitam por diversas
ruas e vielas do Centro Histórico começam na sexta, das 18h às 20h, e de
sábado a terça, das 10h às 13h30, exceto na segunda-feira, com Banda
Varal de Cordel, e das 15h às 22h, com diversas
atrações.
Os
microtrios e nanotrios do Pipoca retornam ao Carnaval da Cultura, desta
vez oferecendo um número maior de desfiles para acontecer no Pelourinho.
A folia tem abertura na quinta-feira à noite, com
o grande Encontro dos Microtrios e Nanotrios, que vai iluminar a noite
no Terreiro de Jesus. Os projetos voltam a realizar mais uma
apresentação cada durante os dias de festa no Pelourinho.
Participam
do projeto Carnaval Pipoca os microtrios Peixinho Elétrico com Banda
Marana, Dom Quixote de La Conga, Tuk Tuk Sonoro com Sylvia Patrícia,
Microtrio de Ivan Huol, Garampiola, Verlando Gomes
e Rural Elétrica, e Maíra Lins no Boteco Elétrico; e os nanotrios
Bicicletrio Toca Raul com Banda Arapuka, Nanotrio Pelô Bossa Reggae com
Loos Candelas, Peu Meurray e o Coletivo Gente Gente Boa se Atrai, e o
Rixô Elétrico.
Ouro Negro –
Comemorando
dez anos de sua criação, o Ouro Negro se mantém como um dos mais
significativos projetos do Governo do Estado desenvolvidos por meio da
Secretaria de Cultura. A edição de 2018 contempla
91 agremiações carnavalescas de matrizes dos povos africanos e
tradicionais, subdivididos nas categorias
Afro, Afoxé, Samba, Reggae e Índio. Os
blocos desfilam nos circuitos Batatinha no Pelourinho, Osmar no Campo
Grande e Dodô na Barra.
Entre os
representantes da categoria afro, blocos de grande expressão popular
como o Olodum e o Ilê Aiyê, que em carnavais passados já fizeram
homenagens ao tema Revolta dos Búzios, portanto carregam
esta referência, sendo que neste ano adotam como temas “Deusas das
Águas – Oceanos, Rio e Lagos” e “Mandela – A Azânia comemora o
centenário de seu Mandiba”, respectivamente. Também participam blocos
como Cortejo Afro, Muzenza, Malê Debalê, Mangangá e Bankoma.
Sem deixar de destacar entidades de pequeno e médio porte que também
envolvem massivamente as suas comunidades desenvolvendo trabalhos
sociais que tem no carnaval o seu ápice, como Didá, Tambores e Cores,
Swing do Pelô, Okanbi, entre diversos outros.
O segmento
afoxé será amplamente representado por agremiações como os Filhos de
Gandhy, que tradicionalmente oferece momentos marcantes como o Padê, sua
saída no Pelourinho, e espalhando o tapete
branco da paz pela avenida. Agremiações como Filhas de Gandhy, Bahia em
Cena e Filhos do Congo também participam da folia. Na categoria reggae,
entre os destaques estão homenagens ao cantor Peter Tosh, que inspira
os desfiles dos blocos Aspiral do Reggae,
comandado por Kamaphew Tawá, e Chamego Afro Reggae. Banana Reggae e
Reggae O Bloco também são agremiações contempladas. O Commanche do Pelô
vem representando o segmento Índio, levando domingo ao Campo Grande e
segunda-feira ao Batatinha o tema “O Índio, suas
Histórias nunca faltam”. Como atrações, Jorginho Commancheiro, Samba do
Pretinho e convidados.
Os blocos de
samba também prometem fazer bonito na avenida, e na quinta-feira de
Carnaval ocorre tradicionalmente o seu abre-alas. Entre os destaques
desta primeira noite, o Alerta Geral, que homenageia
neste ano a Velha Guarda da Bahia, representada pelo empresário Luís
Almeida, por sua dedicação e amor ao samba, e pelo cantor e compositor
Roque Bentenquê. Nas atrações, Xande de Pilares, Delcio Luiz,
Arlindinho, Mosquito e Bambeia. O Bloco Na Moral com o
tema Samba e Futebol: Alegria do Povo desfila com Gera Samba, PEE
Morais e Day Ferreira. O bloco Proibido Proibir vai falar sobre Samba de
Raiz, com atrações como Denny Palma e Fuzukda. O Quero Ver o Momo
presta reverência à Cultura Indígena; o bloco Samba
Millenar vai lembrar de um dos grande nomes da história do samba na
Bahia, com “Eternamente Batatinha, o Poeta do Samba”, e tem entre as
atrações Cida Martinez. O bloco Corrente do Samba comemora 10 anos de
Samba no Pé, com Leandro Dimenor, Quintal do Zeca
e Samba Trator. O Amor e Paixão canta Santo Amaro, homenagem terá à
frente o cantor e compositor Nelson Rufino e os grupos Movimento
Batifun, Fora da Mídia, Samba Mocidade e Pedaço de Cada Um. Até o último
dia de Carnaval ainda desfilam blocos de samba como
Alvorada, Reduto do Samba, Samba Popular, Gera Dois, Vamos Nessa e Vem
Sambar. No circuito Batatinha também o samba pede passagem, com blocos
como Sambetão, Só Samba de Roda, Usina de Samba, Fogueirão e Mania de
Sambar.
A programação completa do Carnaval da Cultura já está disponível
no site da SecultBA.
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