05/02/2018

Diversidade e consciência marcam o Carnaval do Pelô e dos blocos Ouro Negro


Fotos: Rosilda Cruz / Div.
Da decoração do Pelourinho que homenageia os 220 anos da Revolta dos Búzios aos desfiles nos circuitos da folia, a ordem é se divertir
 
 
O Carnaval da Cultura promete envolver baianos e turistas com uma variedade de emoções, que vão desde a descontração e irreverência características da folia, até a reflexão e despertar para a necessidade de luta. Com o tema “220 anos da Revolta dos Búzios - Igualdade e Liberdade”, referências e valores deste importante acontecimento histórico inspiram a decoração do Pelourinho e a concepção dos projetos desenvolvidos pelo Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, durante os dias de festa.
 
Em uma época de intolerância entre os mais diversos segmentos da sociedade, lembrar dos quatro heróis e mártires da Revolta do Búzios, Lucas Dantas, Manoel Faustino, Luiz Gonzaga e João de Deus, em plena folia de Momo, é trazer à reflexão de se brincar o carnaval sem esquecer de reverenciar a história de luta de um povo. Eles conclamavam liberdade e igualdade há 220 anos atrás, e hoje, o Carnaval da Cultura prima pela diversidade na qual o baiano e o turista aproveitam a festa em pé de igualdade e com liberdade de escolha do que curtir.
 
Opções não faltam para brincar o Carnaval, seja com os blocos apoiados pelo Ouro Negro, projeto que este ano completa 10 anos de sua criação; pelos artistas que irão tocar para o público pipoca com os microtrios e nanotrios; ou nos largos do Pelourinho, com shows de variados estilos musicais, além das apresentações de bandões, fanfarras e artistas em desfiles no sobe e desce das ruas.
 
Pelô e Pipoca – A abertura do Carnaval do Pelô, na noite de sexta-feira, terá o comando de uma das mais belas e fortes vozes que representam a Bahia, Lazzo Matumbi, que com diversos clássicos que marcaram época, apresenta um repertório que versa sobre liberdade, igualdade e resistência. Entre os títulos que não devem faltar no show, canções como ‘Alegria da Cidade’ e ’14 de maio’.
 
Juntando-se num ato de honra aos quatro heróis revolucionários símbolos da Revolta dos Búzios, o ator Dody Só realiza a leitura dramática de um manifesto, complementada por canções sobre o marco histórico consagradas pelo bloco afro Olodum, na voz do cantor Lazinho, e pelo Ilê Aiyê, interpretada por sua vocalista Iracema.
 
O Carnaval no Centro Histórico fica ainda mais diversificado com a participação das atrações contratadas através do edital Pelô e Pipoca. Foram 73 atrações selecionadas para compor os cinco dias de programação. O palco principal da festa, no Largo do Pelourinho, será por mais um ano o cenário de encontros musicais surpreendentes que prometem fornecer momentos memoráveis na folia.
 
Entre os encontros, o cantor e compositor Mateus Aleluia, remanescente do grupo Os Tincoãs – um dos mais importantes na história da música negra brasileira – se reúne com cantoras de outras duas gerações posteriores, a maranhense Rita Benneditto e a baiana Ana Mametto, ambas também com trabalhos de conexão com a religiosidade africana. O show se chama Folia Afro Brasileira, e será apresentado no domingo de carnaval, às 20h.
 
Também se misturam na programação os artistas e bandas Afrocidade, Luedji Luna e Xênia França; Alexandre Leão, Moreno Veloso e Davi Moraes; Ronei Jorge, Giovani Cidreira e Maglore; Riachão, Ana Paula Albuquerque e Paulinho Timor E Os Bambas de Sampa; Claudia Cunha, Manuela Rodrigues e Sandra Simões; Mazzo Guimarães, Luciano Salvador Bahia e Simone Mota; Aloísio Menezes, Hugo Sanbone e Márcia Rejane; e Luciano Calazans, Fernando Nunes e Gigi Cerqueira.
 
Além da programação no palco principal, não vão faltar opções nos largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro d’Água para foliões que procuram tanto os ritmos tradicionais do carnaval, quanto o público alternativo que busca por opções diferenciadas. Assim, estilos atemporais do Carnaval da Bahia, como samba, afro, axé, guitarra baiana, antigos carnavais e bailes de orquestra tem espaço garantido, ao lado de ritmos como reggae, pop rock, hip hop e arrocha, que vem criando novas vertentes na folia carnavalesca. E claro que a criançada não vai ficar de fora, pois os bailes infantis prometem animar as tardes dos pequenos foliões e suas famílias entre o sábado e a terça de carnaval.
 
Na sexta a partir das 19h, e nos demais dia a partir das 15h30, a programação nos largos vai contar com atrações como Africania, Pali OJC, Levi Barbosa, Vivendo do Ócio, Missinho, Lateral Elétrica, Aila Menezes, Baco Exu do Blues, Orquestra Popular de Maragojipe, Ligação 70 e o grupo infantil P.U.M.M. – Por um Mundo Melhor.
 
Não é somente a decoração que tornará mais bonitas as ruas do Pelourinho. Mantendo a tradição, o vai e vem dos foliões no percurso do Centro Histórico se misturará com os desfiles dos grupos de rua e dos microtrios e nanotrios. Em meio aos símbolos do tema “220 Anos da Revolta dos Búzios – Igualdade e Liberdade”, as apresentações ao ar livre resgatam o clima de proximidade e compartilhamento dos antigos carnavais.
 
Vindos da capital e do interior do estado, bandas de diferentes portes apresentam instrumentos de percussão, sopro e cordas, grupos realizam performances, provocando uma explosão de cores, movimentos e musicalidade por todo o Pelô. Os desfiles que transitam por diversas ruas e vielas do Centro Histórico começam na sexta, das 18h às 20h, e de sábado a terça, das 10h às 13h30, exceto na segunda-feira, com Banda Varal de Cordel, e das 15h às 22h, com diversas atrações.
 
Os microtrios e nanotrios do Pipoca retornam ao Carnaval da Cultura, desta vez oferecendo um número maior de desfiles para acontecer no Pelourinho. A folia tem abertura na quinta-feira à noite, com o grande Encontro dos Microtrios e Nanotrios, que vai iluminar a noite no Terreiro de Jesus. Os projetos voltam a realizar mais uma apresentação cada durante os dias de festa no Pelourinho.
 
Participam do projeto Carnaval Pipoca os microtrios Peixinho Elétrico com Banda Marana, Dom Quixote de La Conga, Tuk Tuk Sonoro com Sylvia Patrícia, Microtrio de Ivan Huol, Garampiola, Verlando Gomes e Rural Elétrica, e Maíra Lins no Boteco Elétrico; e os nanotrios Bicicletrio Toca Raul com Banda Arapuka, Nanotrio Pelô Bossa Reggae com Loos Candelas, Peu Meurray e o Coletivo Gente Gente Boa se Atrai, e o Rixô Elétrico.
 
Ouro Negro – Comemorando dez anos de sua criação, o Ouro Negro se mantém como um dos mais significativos projetos do Governo do Estado desenvolvidos por meio da Secretaria de Cultura. A edição de 2018 contempla 91 agremiações carnavalescas de matrizes dos povos africanos e tradicionais, subdivididos nas categorias Afro, Afoxé, Samba, Reggae e Índio. Os blocos desfilam nos circuitos Batatinha no Pelourinho, Osmar no Campo Grande e Dodô na Barra.
 
Entre os representantes da categoria afro, blocos de grande expressão popular como o Olodum e o Ilê Aiyê, que em carnavais passados já fizeram homenagens ao tema Revolta dos Búzios, portanto carregam esta referência, sendo que neste ano adotam como temas “Deusas das Águas – Oceanos, Rio e Lagos” e “Mandela – A Azânia comemora o centenário de seu Mandiba”, respectivamente. Também participam blocos como Cortejo Afro, Muzenza, Malê Debalê, Mangangá e Bankoma. Sem deixar de destacar entidades de pequeno e médio porte que também envolvem massivamente as suas comunidades desenvolvendo trabalhos sociais que tem no carnaval o seu ápice, como Didá, Tambores e Cores, Swing do Pelô, Okanbi, entre diversos outros.
 
O segmento afoxé será amplamente representado por agremiações como os Filhos de Gandhy, que tradicionalmente oferece momentos marcantes como o Padê, sua saída no Pelourinho, e espalhando o tapete branco da paz pela avenida. Agremiações como Filhas de Gandhy, Bahia em Cena e Filhos do Congo também participam da folia. Na categoria reggae, entre os destaques estão homenagens ao cantor Peter Tosh, que inspira os desfiles dos blocos Aspiral do Reggae, comandado por Kamaphew Tawá, e Chamego Afro Reggae. Banana Reggae e Reggae O Bloco também são agremiações contempladas. O Commanche do Pelô vem representando o segmento Índio, levando domingo ao Campo Grande e segunda-feira ao Batatinha o tema “O Índio, suas Histórias nunca faltam”. Como atrações, Jorginho Commancheiro, Samba do Pretinho e convidados.
 
Os blocos de samba também prometem fazer bonito na avenida, e na quinta-feira de Carnaval ocorre tradicionalmente o seu abre-alas. Entre os destaques desta primeira noite, o Alerta Geral, que homenageia neste ano a Velha Guarda da Bahia, representada pelo empresário Luís Almeida, por sua dedicação e amor ao samba, e pelo cantor e compositor Roque Bentenquê. Nas atrações, Xande de Pilares, Delcio Luiz, Arlindinho, Mosquito e Bambeia. O Bloco Na Moral com o tema Samba e Futebol: Alegria do Povo desfila com Gera Samba, PEE Morais e Day Ferreira. O bloco Proibido Proibir vai falar sobre Samba de Raiz, com atrações como Denny Palma e Fuzukda. O Quero Ver o Momo presta reverência à Cultura Indígena; o bloco Samba Millenar vai lembrar de um dos grande nomes da história do samba na Bahia, com “Eternamente Batatinha, o Poeta do Samba”, e tem entre as atrações Cida Martinez. O bloco Corrente do Samba comemora 10 anos de Samba no Pé, com Leandro Dimenor, Quintal do Zeca e Samba Trator. O Amor e Paixão canta Santo Amaro, homenagem terá à frente o cantor e compositor Nelson Rufino e os grupos Movimento Batifun, Fora da Mídia, Samba Mocidade e Pedaço de Cada Um. Até o último dia de Carnaval ainda desfilam blocos de samba como Alvorada, Reduto do Samba, Samba Popular, Gera Dois, Vamos Nessa e Vem Sambar. No circuito Batatinha também o samba pede passagem, com blocos como Sambetão, Só Samba de Roda, Usina de Samba, Fogueirão e Mania de Sambar.
 
A programação completa do Carnaval da Cultura já está disponível no site da SecultBA.

 

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