31/07/2018

“Domínio Público” está na 12ª edição do IC Encontro de Artes

Foto: Humberto Araújo.

Reunindo artistas com histórico de linchamento público, peça discute a censura e a liberdade de expressão

A 12ª edição do IC Encontro de Artes, que, de 21 a 26 de agosto, terá como lema “Arte como Luta”, anuncia a participação do espetáculo “Domínio Público”, com Elisabete FingerMaikon KRenata Carvalho e Wagner Schwartzem sua programação. A peça, uma resposta ao linchamento, reúne estes quatro artistas que, em 2017, foram objeto de acalorados debates em torno da liberdade de expressão, censura e limites na arte. Tomando como ponto de partida um dos ícones da história da arte, eles revelam como uma obra pode ser utilizada em diferentes narrativas ao longo dos tempos. As sessões serão nos dias 22 e 23, às 21h, no Teatro do Goethe-Institut Salvador. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e já estão à venda em www.sympla.com.br/ic.

Wagner Schwartz, em sua performance “La Bête”, oferece seu corpo nu para ser dobrado e desdobrado pelo público, revisitando a proposta das esculturas “Bichos”, de Lygia Clark. Em uma apresentação no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o performer foi tocado por uma criança, acompanhada de sua mãe. Um recorte em vídeo deste momento foi manipulado por grupos conservadores e viralizado nas redes sociais, atribuindo ao artista o título de “pedófilo”. Elisabete Finger, coreógrafa e mãe da criança em questão, sofreu uma avalanche de acusações e ameaças em meio a inquéritos policiais e interrogatórios políticos, que colocaram em xeque o papel da mulher, da mãe, do público no Brasil de hoje.Maikon K, em sua performance “DNA de DAN”, fica nu e imóvel dentro de uma bolha transparente. Numa apresentação em frente ao Museu Nacional da República, em Brasília, teve seu cenário danificado e foi detido pela polícia militar sob a acusação de ato obsceno. Renata Carvalho, por diversas vezes, teve sua peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” censurada e foi impedida de se apresentar por ser travesti e interpretar Jesus Cristo no teatro.

Todos eles já estiveram antes na programação do IC Encontro de Artes e/ou no Goethe-Institut Salvador. Wagner Schwartz apresentou a própria performance “La Bête” na 11ª edição do evento, no ano passado, de onde saíram imagens que também foram alvo de ataques e colocaram o IC e o Goethe-Institut na rota da perseguição pública. Maikon K trouxe também o próprio “DNA de DAN”, uma das mais belas produções que compuseram a 10ª edição do IC, em 2016. Elisabete Finger, em sua mais recente passagem pelo festival, apresentou “Buraco”, um espetáculo de dança contemporânea para o público infantil, na edição de número 8, em 2014. Já Renata Carvalho teve o seu monólogo “O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu”, integrante do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia) em 2017, impedido de ser apresentado no Espaço Cultural Barroquinha, sendo então acolhido de última hora pelo Goethe-Institut.

O IC12, realizado pela Dimenti Produções Culturais, tem apoio financeiro do Estado da Bahia, por meio do Edital de Eventos Culturais Calendarizados.

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