Mesmo com o Novo Coronavírus em ascensão, não podemos descuidar da saúde em relação às outras doenças, como é o caso das hepatites virais. Potencialmente silenciosas, elas acometem um número significativo de brasileiros. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 500 mil pessoas convivem com o vírus C da hepatite – um dos tipos mais importantes - e ainda não sabem. Por conta disso, o hepatologista do Hospital São Rafael (HSR), André Lyra, explica que o “Julho Amarelo” foi criado para conscientizar a população sobre a patologia que, se não for descoberta e tratada precocemente, pode evoluir, em alguns casos, para uma cirrose ou câncer.
De acordo com o médico, a doença provoca a inflamação do fígado, sendo desencadeada após contato com o vírus, classificando-se como aguda ou crônica. Dentre os sintomas clássicos das hepatites agudas, destacam-se mal-estar, falta de apetite, moleza, febre, icterícia (olho amarelo) e colúria (urina escura). A hepatite C raramente provoca esse quadro agudo, que é mais frequente nas demais hepatites virais.
Nos quadros crônicos, o cuidado tem que ser redobrado, pois habitualmente, os pacientes são assintomáticos, como é o caso da hepatite C. “Na maioria das vezes, os pacientes recebem o diagnóstico após exames de rotina. Por isso, a importância de fazer o teste de triagem da doença, pelo menos durante o check-up médico”, detalha o especialista.
Ainda segundo o hepatologista, a transmissão do vírus da hepatite C ocorre, principalmente, através do sangue contaminado. “Um meio importante de contaminação é o compartilhamento de material perfuro-cortante, destacando-se a partilha de material habitualmente usado no consumo intravenoso de drogas ilícitas, como agulhas e seringas. Aqueles que utilizam drogas ilícitas inalatórias, através do mesmo tubo compartilhado, também podem contrair este tipo de hepatite, se houver contato com lesões das mucosas nasais. É válido ressaltar que, de um modo geral, todo material partilhado, não devidamente esterilizado, pode ser um veículo de transmissão do vírus, incluindo lâmina de barbear, piercing, tatuagem e acupuntura, entre outros. É importante lembrar também que, quem recebeu transfusão de sangue antes de 1994, tem chance de ter contraído o vírus. A hepatite C não se dissemina pela saliva nem através dos alimentos”, conclui André Lyra.
Tratamento
O anti-HCV é o exame de triagem inicial que deve ser realizado para começar a investigação diagnóstica da hepatite C. Uma vez ele sendo positivo, é necessário realizar um teste confirmatório denominado de HCV RNA quantitativo. Somente se este último for positivo é que o diagnóstico da hepatite C pode ser estabelecido.
Segundo André Lyra, até pouco tempo atrás o tratamento da doença era feito com drogas parenterais e orais, que provocavam efeitos colaterais muito intensos e a eficácia variava de baixa a intermediária. Mais recentemente, novas combinações terapêuticas orais começaram a ser utilizadas em vários países, inclusive no Brasil, de forma mais eficaz, com efeitos colaterais reduzidos e clinicamente não relevantes.
Para o hepatologista, a doença pode ter cura. “As chances variam de 80 a 100%, a depender do quadro clínico do paciente e do genótipo viral. Uma vez obtida a cura, o teste anti-HCV permanecerá positivo por vários anos ou até mesmo por toda a vida, mas o paciente continuará curado”, conclui.
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