O I Encontro de Moda e Cultura da Bahia terminou no sábado (28) e foi marcado pela interação entre agentes da cadeia produtiva da moda e gestores públicos.
O setor da Moda comemora os resultados e encaminhamento do I Encontro de Moda que aconteceu nos dias 27 e 28 de agosto, no auditório Sebrae, nos Aflitos, reunindo cerca de 120 participantes. O evento foi transmitido pela internet, contando com a participação de espectadores de todo o Brasil. Entre os destaques do Encontro, a discussão sobre mecanismos de fomento e associativismo para o setor com representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Bahia), da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI) e do Sindicato das Indústrias de Vestuário da Bahia (SINDVEST).
Um dos projetos discutidos foi o Arranjo Produtivo Local (APL). A experiência, estruturada em 2006 pela SECTI, tornou-se um case de sucesso no fomento a iniciativas coletivas para o fortalecimento do setor no estado. Com o apoio de parceiros, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o APL de Moda da Bahia atende cerca de 70 empresas de Salvador e Feira de Santana, oferecendo serviços de capacitação profissional e tecnológica, de acesso ao mercado e elaboração de planos de negócios. “Nós focamos na inserção do design como fator de competitividade e agregação de valor”, disse a coordenadora do projeto Tatiana Torres.
Participaram do I Encontro de Moda e Cultura da Bahia, os principais nomes do design baiano, a exemplo de Márcia Ganem, Luciana Galeão, Goya Lopes, além de acadêmicos, especialistas e representantes da indústria que fazem parte do setor. O diretor SENAI-CETIQT, Alexandre Figueira Rodrigues, definiu o Encontro como um evento histórico e espetacular. “Todos os povos tem sua identidade e nós temos a nossa consolidada. Este é um passo significativo para sair da postura de objetos e deixar de aceitar o que é imposto para ser protagonistas de parte da moda baiana”.
Diversas propostas foram formuladas pelos participantes que serão encaminhadas ao Governo do Estado e ao Ministério da Cultura durante o Seminário Nacional de Moda que acontece de 16 a 18 de setembro, em Salvador.
Os participantes identificaram a necessidade de um cuidado especial com as cooperativas que trabalham com moda a partir de materiais recicláveis já que agregam pessoas muito carentes, com dificuldades em acessar determinados mecanismos de apoio. A necessidade de intensificar o resgate cultural da estética e plasticidade dos blocos afro também foi outro ponto discutido. O setor defendeu ainda a realização de cursos específicos de elaboração projetos para facilitar o acesso às modalidades de incentivo existentes.
Entre as propostas elaboradas pelos participantes do encontro destacam-se a criação de uma Associação Baiana de Cultura e Moda, a implantação do Curso de Moda em universidades públicas, além de ações para impulsionar a moda baiana com criatividade e inovação, por meio de políticas públicas elaboradas por integrantes do próprio setor. A última atividade do evento foi a eleição da comissão pró Associação Baiana de Cultura e Moda, liderada pela estilista Márcia Ganem, pela produtora de moda, Tininha Viana, e por Luciano Cenci, artesão de moda.
Instituto do Cacau será Centro Nacional de Moda – Durante o Encontro, o Ministério da Cultura anunciou a criação do Centro Nacional de Referência em Design e Moda, com recursos garantidos para a primeira fase do projeto. Afonso Luz, da Secretaria de Políticas Culturais do MinC, fez o anúncio da criação do Centro ao mesmo tempo em que solicitou o apoio do Governo do Estado para sua construção. O secretário Márcio Meirelles comemorou a iniciativa, já que tem somado esforços para a preservação do imóvel que fica no Comércio e é tombado pelo Ipac - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia.
O Instituto do Cacau da Bahia, é uma das raras construções na linha da arquitetura expressionista alemã, e a única com o projeto de Alexander Buddeus, arquiteto da famosa escola Bauhaus que revolucionou o setor no início do século passado. O Centro Nacional de Referência em Design e Moda terá caráter não só expositivo, mas educativo e também de formação, antenado com a contemporaneidade, a moda internacional, sendo referência da moda no Brasil.
“A Bahia é local muito importante para se pensar em um novo Brasil. O Nordeste é uma espécie de China dentro do Brasil. É a região onde a economia está em expansão e tem potencial de crescer ainda mais, enquanto o sudeste está estagnado. Esse crescimento inclui a moda e o design, por isso foi decidido criar um Centro de moda e design na capital do estado”, disse Luz.
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