07/03/2011

No circuito Batatinha, afro e afoxés divertem e emocionam



A noite de domingo foi dominada pela alegria dos foliões dos blocos de matriz africana.

Em mais uma noite de ritmos, o Circuito Batatinha recebeu neste domingo, 06, o desfile de blocos afro e afoxés de bairros da periferia de Salvador e também da Região Metropolitana.

Os tambores fizeram a festa, mas também teve espaço para o samba e o ritmo religioso do ijexá. Apesar do público que circula pelas ruas do Centro Histórico, a animação no circuito é mesmo dos associados dos blocos que vêm de bairros distantes para participar da folia.

Do bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, o bloco afro Zambiã realizou um dos desfiles mais bonitos e empolgantes. Oxum, a Orixá que rege 2011, foi homenageada através do dourado das fantasias dos foliões, das alas de dança e da banda. "Oxum é deusa guerreira e nos protege.

São muitas dificuldades para manter este bloco há 19 anos. Apenas há cinco conseguimos participar do Carnaval de Salvador. É a vontade de representar nossa negritude que nos faz estar aqui, com sofrimento e alegria", desabafou emocionada Rafaela Anunciação, diretora do afro Zambiã.

O dourado de Oxum esteve presente em outros desfiles como do afoxé Luaê e do afro Alabê, mas outro orixá também foi lembrado. O afoxé Kambalagwanze celebrou Xangô, o Deus da Justiça, espalhando o vermelho pelo circuito Batatinha.

"O nome Kambalagwanze é uma das denominações a Xangô em Angola. O nosso tema este ano são as rezas e benzeduras", explica Iracema Neves, presidente do afoxé nascido no Barbalho, mas ligado a um terreiro de Candomblé do bairro de Mussurunga.

Outros ritmos - Inovando no ritmo musical, o Afro Liberdade trouxe o samba do grupo Kangerê de Sinhá, que fez o público formar rodas e requebrar na Avenida. Bandeiras dos países africanos estampavam a camisa dos foliões do bloco que veio do Curuzu. "O Brasil é toda a África", disse o diretor Osvaldo Bailado.

A diversidade de ritmo seguiu no desfile do bloco afro Dandara, de São Caetano, que também apostou no samba, e no afoxé Luaê. A homenagem era aos povos indígenas, mas o cantor Edmilson Freitas, o Mico Santos, prometeu mandar RAP, pois “carnaval é a festa de todos os sons”, justificou o também diretor do Luaê, apresentando um terceiro nome artístico, “sou também conhecido como o Índio do RAP”.

Outro desfile empolgante foi realizado pelo afro Alabê, graças ao repertório eclético da banda que trouxe hits pop na batida dos tambores. "A banda é formada por pessoas da nossa própria comunidade do Curuzu – Liberdade, que ensaiam o ano inteiro para fazer esta festa", destaca o diretor Alírio Macêdo. A sequencia percussiva no Circuito Batatinha contou ainda com os tambores do afro Ogun Xorokê e o afoxé Olorum Baba Mi.

Tapete Branco - Já passava das 2h da manhã de segunda-feira quando os integrantes do afoxé Filhos de Gandhy retornavam ao Centro Histórico após desfile no Campo Grande. A maioria não mais demonstrava a farta quantidade de colares no pescoço como no início do desfile na tarde de domingo.

O afoxé mais tradicional do Carnaval sai novamente na segunda-feira, no circuito Dodô (Barra-Ondina), e terça-feira, no circuito Osmar, sempre acompanhado da versão feminino, o afoxé Filhas de Gandhy. Para os próximos dias, os integrantes do Gandhy terão que reabastecer o estoque de colares e de alfazema, afinal, a cidade aguarda com ansiedade o cheiro deixado na Avenida após a passagem do ‘tapete branco do Carnaval’

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