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05/12/2011
Festa de Santa Bárbara encheu o Centro Histórico de emoção e fé
Evento reuniu centenas de pessoas no Pelourinho, em Salvador.
Acarajés, abarás, carurus, uvas, pão, atabaques, zabumbas. A festa que abre o calendário dos eventos religiosos da Bahia é a maior festa popular viva do estado e ganhou ao longo de sua história características que misturam a fé católica com as simbologias típicas do candomblé.
A Santa Bárbara, também cultuada como Iansã, levou ao Centro Histórico de Salvador centenas de fiéis que pintaram o Largo do Pelourinho de vermelho, rezaram, cantaram e se emocionaram em louvor à santa dos raios, da força e protetora dos bombeiros.
O evento, que recebeu o apoio do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), órgão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA), foi marcado por manifestações ímpares e presenças ilustres, como a do Arcebispo Primaz do Brasil, Murilo Krieger, que realizou a primeira missa popular de sua vida de padre.
Para o Arcebispo, o fato da festa ter características fortes do candomblé, em nada influencia a fé dos devotos. “É importante buscarmos entender as diferenças. Isso se chama tolerância. Além do mais, o que realmente importa é a demonstração de fé que vimos aqui”, explica. A festa teve diversas manifestações de sacrifícios, como foi o caso do aposentado Ermínio Santos Viera, 78 anos.
Recém-operado do joelho e sofrendo da osteoporose, permaneceu durante todas as atividades, inclusive na procissão. Apoiado pelas duas filhas pelos braços, seguiu todo o trajeto e ao final afirmou que faria tudo de novo. “Há mais de 30 anos participo e este ano tive que vir em sacrifício, pois a Santa Bárbara operou muitos milagres na minha vida. Estou vivo até hoje graças a ela”, disse. A manifestação de fé e amor à santa pôde ser vista de várias formas.
A auxiliar de serviços gerais, Benedita Maria Silva Pereira, estava ali para agradecer pela formatura do filho literalmente de joelhos. “Para nós que viemos de uma origem humilde, tudo é feito com muito sacrifício. Meu filho agora é dentista e apesar de todos os problemas que tivemos, Santa Bárbara sempre operou milagres em nossas vidas”, explica.
A festa é considerada por muitos como a mais popular da Bahia, onde a religião e o lado profano têm o seu lugar. Para o Secretário de Cultura do Estado, Albino Rubim, o evento é de uma beleza inigualável. “A festa de Santa Bárbara é repleta de simbologias e sincretismos. No momento em que precisamos rever nossas festas populares e fortalecê-las, a de Santa Bárbara é um ótimo exemplo de resistência e beleza, um verdadeiro modelo a seguir”, pontua.
Samba e alegria. Na festa de Santa Bárbara, a parte religiosa e a parte profana é detalhadamente respeitada. Após as manifestações dos fiéis, por meio de oração, promessas e sacrifícios, o público que continuou no Centro Histórico iniciou os festejos com muita música e cerveja.
O palco armado pelo CCPI, que pela manhã foi utilizado como altar, à tarde deu espaço para atrações como Jorginho Comancheiro, Afoxé Kori Nagô, Banda Didá, Ara Ketu e Ilê Aiyê, no Largo do Pelourinho; A Banda Mulherada e Bankoma no Largo Tereza Batista; Gal do Beco e Neto Balla, no Largo Pedro Archanjo e Aloísio Menezes, no Largo Quincas Berro d’Água.
Durante a programação, várias atrações artísticas também se apresentaram de forma itinerante, como Swing do Pelô, Meninos do Pelô, Tambores e Cores, Filhos de Gandhy, Bandão Jurema e Bandão Status. A recepcionista Tâmara da Silva Santos diz que todo ano vai à festa e acompanha todos os momentos. “Gosto de tudo e agora à tarde quero me divertir, dançar e ficar com meus amigos. Que a nossa festa seja de muita paz”, conclui.
Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) - órgão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA) busca através do Programa Pelourinho Cultural, além de dinamizar as ações culturais no Centro Histórico, incentivar também a produção local, por meio de promoção de eventos realizados pela comunidade. Toda a agenda de atrações do programa tem acesso gratuito ou a preços populares.
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