28/03/2014

Passado "cruel" da ditadura foi debatido no III Fórum do Pensamento Crítico


Fotos: Rosilda Cruz / Fundação Pedro Calmon

O último dia do III Fórum do Pensamento Crítico, nesta sexta-feira, 28, foi marcado pelo debate sobre os avanços e limites da democracia no Brasil e na Bahia. Na mediação da discussão estava o conselheiro de cultura Fábio Paes, responsável por organizar a participação dos palestrantes João Pedro Stédille, Mary Castro, Emiliano José, Paulo Henrique Almeida e Fernando Pacheco. O evento aconteceu no Teatro Castro Alves e pôde ser acompanhado pela internet no site www.fpc.ba.gov.br/forum.

Para o conselheiro Fábio Paes, o debate foi produtivo e com uma plateia bastante participativa. “O Fórum serviu para analisarmos o passado cruel de 21 anos de ditadura e a tentativa de se construir uma sociedade mais igualitária e justa, que seria uma saída para esse momento que vivemos", disse.


Paes ressaltou a importância de os participantes terem feito análises de como o governo federal atuou na ditadura militar. As críticas, segundo o conselheiro, mostraram como até na gestão do governo estadual baiano foi possível sentir o peso do militarismo. “Era um sistema político de exclusão, corrupção e tortura”, finalizou.

DEBATES - Foram debatidos assuntos como descriminalização do uso de drogas, intolerância à miscigenação racial, disputa de classes, autoritarismo político e educação popular. Uma das falas que gerou mais manifestações de apoio da plateia foi a da pesquisadora e doutora em Sociologia Mary Castro, que fez parte do Conselho Estadual de Cultura até o final do ano passado.

Mary destacou a importância dos movimentos sociais no Brasil e fez críticas ao modelo de Estado e Polícia Militar, que são responsáveis, em algumas situações, pelo cerceamento da liberdade de expressão no País. “Liberdade e direitos assegurados são aqueles que são conquistados e vigiados por cidadania ativa e participativa. Temos que perguntar: 'Que democracia é essa?'", questionou.

Ela disse ainda que “o militarismo é um retrocesso da Polícia Militar” e lembrou que abusos por parte dos membros do sistema de segurança pública são constantes. A pesquisadora defende a tese de que vivemos hoje em um Estado de várias faces, como a democrática e, do outro lado, a policial. “Se acabar com militarização vai se acabar com o enriquecimento ilícito de coronéis militares”, falou, sendo aplaudida pelo público.

O III Fórum do Pensamento aconteceu entre os dias 24 e 28 de março. O evento é uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, com apoio da Secretaria de Educação do Estado, Fundação Perseu Abramo, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, Jornal A Tarde, CESE, Ministério da Justiça, Assembléia Legislativa da Bahia e o Cinema Sala de Arte.

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