26/09/2014

Cineastas de várias gerações se encontram no último dia do debate na Semana do Audiovisual Baiano


Fotos: Rosilda Cruz.

O último dia de debate na Semana do Audiovisual Baiano Contemporâneo, quinta (25), reuniu cineastas de várias gerações para discutir cinema na Bahia, na sala Walter da Silveira. Os realizadores Chico Liberato, Caó Cruz e Duca Rios debateram sobre “Animação no audiovisual baiano”, com mediação de José Araripe Jr, diretor do Irdeb. Caó Cruz começou a conversa contando sobre sua história e da importância de ter feito um curso ligado à escola de Norman McLaren (um dos mais importantes animadores escoceses voltados para a animação artística), coordenado pela prefeitura de Paris. “Esse curso foi muito importante porque a pessoa que nos coordenava era fanática por animação e passou essa paixão pra mim”.


Em seguida Chico Liberato relatou um pouco da sua trajetória e disse que resolveu fazer animação porque estava insatisfeito com o formato norte-americano de produção: “eu comecei porque não aguentava a expressão do cinema norte-americano, com aquelas figurinhas dominando as crianças. Eu achava que as crianças mereciam conteúdos que falassem da nossa cultura. Na época, o ICBA proporcionava a gente pensar e fazer. Lá tinha câmera e pessoas criativas, então conseguimos produzir o primeiro desenho animado”. Liberato contou sobre o processo de produção e até cantou um trecho da música feita para seu primeiro longa, “Boi Aruá”, composição de seu amigo Elomar.

Ainda abordando o tema “Animação no audiovisual”, Duca Rios ponderou sobre a questão do crescimento do mercado de animação: “é uma das indústrias que mais cresce no mundo, mais que turismo, por exemplo. Cada dia que passa está mais valorizada”. Rios complementou que o panorama é muito favorável para a animação e que o segmento do audiovisual é mais promissor no mercado, em relação à geração de produtos de exportação. ”A animação, diferente do filme, entra de forma mais fácil. A linguagem é mais natural. Em qualquer lugar que você manda a animação, faz-se a dublagem e faz sucesso”.

Na segunda mesa da noite, os cineastas Edgard Navarro, Fernando Bélens, Daniel Lisboa, Fábio Rocha e Wallace Nogueira discutiram sobre “Estética e linguagem do cinema baiano contemporâneo”, com mediação de Marcondes Dourado, diretor da Dimas/Funceb. Bélens falou da existência de uma área no cinema tão importante, mas que não é muito falada, e que deve ser mais explorada que é o ‘roteiro’. Além disso, revelou sua satisfação em presenciar que o cinema tem atraido a atenção dos jovens. “Eu acho muito bacana o encontro da velha com a nova geração produzindo cinema”. Navarro explicou que o cinema baiano sofreu um corte violento como todo cinema brasileiro em 1990, no período do governo Collor.



Falou também sobre o período em que o cinema baiano esteve defasado e só teve indício de retomada após um edital beneficiando três curtas que virariam um longa metragem (Três histórias da Bahia) com uma verba curta e que, por conta desse fator, ficou muito tempo para ser finalizado. “Foi sacrificante esse período, mas por outro lado formou uma geração desejosa de fazer cinema, inclusive formando também grandes fotógrafos. Foi um marco”.

Daniel Lisboa leu um texto que produziu com reflexões sobre o cinema baiano contemporâneo, abordando a crítica, participação de filmes baianos em festivais, linguagens, movimento de cinema pós-industrial. Fábio Rocha questionou as linguagens normativas no cinema. “Quando se fala em linguagem cinematográfica, parece que existe uma normatização do fazer. Pra fazer cinema a gente precisa filmar, editar, exibir e quiçá distribuir. Esse é um caminho natural.” Finalizando o debate, o cineasta Wallace falou sobre os vários caminhos que se têm no fazer cinema e as dificuldades: “é muito difícil fazer cinema. Tem algo especial também por isso. Quem pretende viver de cinema, independente de propaganda, quem trabalha com audiovisual e que está vivendo disso, legitima”. Ao final, público e cineastas fizeram reflexões sobre fazer cinema e cinema baiano.

A partir desta sexta e até domingo (26 a 28) é hora de assistir aos cerca de 100 filmes da Semana do Audiovisual Baiano Contemporâneo, com destaque para três lançamentos, na sala Walter da Silveira: “Revoada”, de José Umberto, na sexta, dia 26, às 19h, “Rito de Passagem”, de Chico Liberato, no sábado, dia 27, às 19h, e “João e Vandinha”, de Aurélio Grimaldi, no domingo, às 18h.

Vale destacar que a entrada é gratuita para os filmes (Inclusive os lançamentos) nas salas Walter da Silveira e Alexandre Robatto (Barris). Nas salas do Circuito Saladearte (Cinema do Museu e Cine Vivo) , os ingressos têm ingressos preços populares: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia), com exceção do filme “Quincas Berro D'Água, de Sérgio Machado, no domingo, dia 28, às 20h, no Cine Vivo (Paseo/Itaigara), que tem entrada gratuita.

A programação completa com os horários de cerca de 100 filmes que estão em cartaz na Semana do Audiovisual Baiano Contemporâneo está no site www.cultura.ba.gov.br e no blog semanadoaudiovisualbaiano.wordpress.com Esta é mais uma realização das secretarias estaduais de Cultura e de Comunicação/IRDEB e Ministério da Cultura, com apoio de várias instituições parceiras.

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