06/04/2015

Curta experimental IFÁ apresenta abordagem performativa do candomblé


Dirigido por Leonardo França, vídeo arte se inspira nas referências estéticas ligadas à religiosidade de matriz africana.

Imagens, movimentos, corporalidade – inspirações do universo afro-baiano serviram como mote para o curta-metragem IFÁ, dirigido por Leonardo França. De natureza experimental, o vídeo parte de uma consulta à IFÁ, entidade iorubana representada pelo Jogo de Búzios, para construir uma narrativa que joga com os formatos de ficção e documentário.

Uma conversa entre o diretor do filme e o Babalorixá Balbino Daniel de Paula (Obarayi), líder do Ilê Axé Opô Aganjú, deu origem a um argumento que se sustenta a partir da noção de que não é a equipe quem faz o vídeo, mas o próprio que se fará, em situação de jogo. Ao optar por esse argumento, foi incorporado o modo de pensar do “outro”, e considerado o desejo do “outro”, do que é externo ao próprio desejo.

Esse tipo de concepção conecta-se intimamente com um modo de pensar exercitado pelas religiões de matriz africana, caso do Candomblé, onde não necessariamente o desejo do adepto é quem determina os seus caminhos, mas seus orixás, funções, hierarquia. Dessa forma, o filme mescla a consulta à IFÁ, mediada pelo pai de santo, com performances que ativam as reflexões geradas a partir desse encontro, originando imagens de natureza poética e artística. A ausência de um roteiro convencional é o que marca o filme, que constrói uma espécie de jogo poético ancestral, deixando que o próprio vídeo oriente seus caminhos narrativos.

Idealizado pelo produtor Gabriel Pedreira, IFÁ é uma tentativa de apropriação dos símbolos do Candomblé para tocar em questões universais, a partir de uma abordagem mais poética/experimental e menos antropológica. Dentro dessa perspectiva experimental, as situações ficcionais que surgiram no diálogo direto e indireto com o jogo de búzios foram chamadas de “performances-ebós” – apropriações artísticas que homenageiam os orixás. Esse diálogo performativo com o lado documental do vídeo foi a saída que Gabriel e Leonardo pensaram para tornar o filme um objeto de apreciação não somente para quem já conhece das religiões de origem africana, mas para quem aprecia arte em geral.

Com fotografia de Gabriel Teixeira, as imagens instigantes do curta justificam seu status de vídeo arte, bem como o tratamento de som de João Meirelles, grande responsável pelo clima e ambientação do filme. Importantes artistas ligados ao cenário da performance e da dança contemporânea de Salvador estão em cena, como Michelle Mattiuzzi, Paula Carneiro e Fábio Osório Monteiro; além de membros da Comunidade Ilê Aganjú, como Maria Clara Daniel de Paula (Mãe Dadá) e o próprio produtor do curta, Gabriel Pedreira.

IFÁ foi desenvolvido a partir do projeto Bará: Imagem, Corpo e Movimento, selecionado pelo Edital 25/2012 – Culturas Identitárias, da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia, através do Centro de Culturas Populares e Identitárias, e executado com recursos do Fundo de Cultura da Bahia.



SERVIÇO

MOSTRAS do Curta Metragem experimental "IFÁ"

Exibição I: Espaço Cultural Alagados

Cinema na Praça – em realização conjunta com Cineclub / Rede REPROTAI

Dia: 09/04 (quinta-feira), às 20h

Endereço: Rua Direita do Uruguai (fim de linha), s/n, Uruguai, Salvador - BA

Entrada: gratuita



Exibição II: Lálá Multiespaço

Dividindo a noite com o show “Encarnado”, de Juçara Marçal

Dia: 10/04 (sexta-feira), às 20h

Rua da Paciência, 329 - Rio Vermelho, Salvador – BA

Lotação: 40 pessoas

Entrada: oferenda (oferta espontânea)



Exibição III: Sala Walter da Silveira, Biblioteca Pública dos Barris

Integrante da programação do evento Dominicaos

Dia: 03/05 (domingo), sessão dupla - às 18h30 e 20h

Endereço: Rua General Labatut, 27 - Barris, Salvador – BA.

Entrada: gratuita


FICHA TÉCNICA

Idealização e produção: Gabriel Pedreira

Direção, argumento e montagem: Leonardo França

Direção de fotografia: Gabriel Teixeira

Produção associada: Fábio Osório Monteiro

Assistência de produção: Thiara Fontes

Captação de som direto: João Tatu

Edição e finalização de som / Trilha: João Meirelles

Participação especial: Obarayi Balbino Daniel de Paula

Performers: Mãe Dadá (Oxum Toki), Fábio Osório Monteiro, Gabriel Pedreira, Michelle Mattiuzi e Paula Carneiro

Colaboradora de arte: Carol Tanajura

Programação visual: Caio Sá Telles

Assessoria de imprensa: Ana Camila Comunicação & Cultura

Agradecimentos: Jurana Margarete Pedreira, Sr. Carlos Sales e Comunidade Ilê Axé Opô Aganjú.

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