Foto: Andreza Mona
Depois do sucesso de público em Ilhéus e Porto Seguro, a exposição chega a Salvador com acervo composto por peças artesanais de diversas etnias brasileiras
e quadros de faces indígenas, no data em que é celebrado o Dia do Índio.
Cerca
de 200 peças artesanais e 20 pinturas ocuparão o 1º pavimento do
Palacete das Artes entre os dias 19 e 24 de abril. São arcos, colares,
lanças e bordunas das tribos
Pataxós, Xukuru Kariri, Maxakali e Krenak, entre outras, que apresentam
a cultura indígena como algo vivo e dinâmico, propiciando ao público
uma identificação positiva através das faces dos povos da floresta. O
acervo estará disponível para visitação na data
em são celebrados os valores, a importância da preservação e o respeito
a esses povos. Na abertura, que acontece às 17h, haverá vernissage para
os convidados conhecerem a proposta . A entrada é gratuita.
A
exposição já foi vista por cerca de 3500 pessoas em Ilhéus e Porto
Seguro, por onde já passou em curtas temporadas em fevereiro e março. É
voltada para o público em
geral, em especial, para estudantes do ensino fundamental, ensino
médio, pesquisadores, historiadores e professores. O projeto prevê
também uma apresentação indígena dos Pataxó, no dia 20, às 16h, na área
externa do Palacete das Artes e uma palestra gratuita e
aberta ao público, ministrada pelo colecionador Silvan Barbosa Moreira,
com o tema “Minha Vida na Tribo”, dia 22, às 15 h, no mesmo local da
exposição.
As
peças possuem valor inestimável e foram juntadas ao longo dos 25 anos
em que o colecionador Silvan Barbosa Moreira, ex-funcionário da Fundação
Nacional do Índio (FUNAI),
teve contato e se dedicou ao trabalho com as mais variadas tribos
indígenas brasileiras. “Tenho peças com mais de 30 anos e outras muito
raras. A mais antiga é da Ilha do Bananal, no Mato Grosso, já a mais
nova é um cocar e um colar Kaiapó que veio do Pará.
Entre peças artesanais, livros, CDs e DVDs, tenho quase mil objetos,
adquiridos ou que me foram dados de presente por amigos indígenas. Esta
exposição serve para contribuir e ampliar o conhecimento do público
sobre a vida e a cultura indígenas”, explica o
colecionador.
Já
os quadros de faces indígenas são de Gildásio Rodriguez, conhecido como
“O Gil dos índios”, que já foi protagonista de diversas exposições
individuais e coletivas no
Brasil, Estados Unidos e Portugal. “Ao ler a saga dos irmãos Villas
Boas no Alto Xingu, senti a necessidade de divulgar, através da pintura,
a cultura de um povo que sofreu e sofre injustiças dentro de um país
democrático. Comecei em 1998 e, desde então, criei
mais de 30 quadros”, conta o pintor.
A
exposição oferece ao público imagens e informações de natureza
histórica e cultural, propiciando uma identificação positiva com as
coletividades indígenas e oportunizando
ao público um olhar mais humano sobre essa questão. Para o curador da
exposição, Pawlo Cidade, "essa mostra aponta para um caminho no esforço
de pensar os indígenas sob o ponto de partida da cultura, de
uma janela que se abriu no passado, que continua aberta
no presente e mantém-se escancarada pela dimensão contemporânea,
permitindo um diálogo com muitas outras tradições culturais”.
O
projeto é uma realização da Comunidade Tia Marita e conta
com apoio do Fundo de Cultura da Bahia, mecanismo de fomento
à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do
Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz). Acompanhe todas as
informações na fanpage:
www.facebook.com/ Indiosnajanela
Sobre o colecionador Silvan Barbosa Moreira -
Começou sua carreira como na Fundação Nacional do Índio (FUNAI ), em
1987. Em Eunápolis, acompanhou a demarcação das
terras indígenas de Coroa Vermelha. Dois anos, depois acompanhou a
instalação da Aldeia da Jaqueira, em Porto Seguro. Em 1990 ficou refém
por três dias na Aldeia Nova Vida, em Camamu e, nesse período, conseguiu
a pacificação entre os próprios índios Pataxó.
Em 1994, quando foi trabalhar em Brasília e reencontrou o índio Galdino
que já o conhecia há sete anos e dele ganhou de presente uma borduna.
Estes presentes acabaram se tornando o pontapé inicial para uma coleção
de utensílios e instrumentos indígenas de
mais de duas centenas de peças.
Outras
empreitadas enriqueceram a experiência de Silvan, bem como o seu
acervo: trabalhou com o Cacique Juruna e o Cacique Raoni; participou da
retirada do gado da Ilha
do Bananal no Mato Grosso com os índios Carajá; e, em Minas Gerais,
chegou às terras dos povos Xacriabá, Pataxó, Maxakali e Krenak; foi
convidado para fazer parte da força tarefa em Rondônia, na retirada dos
garimpeiros de diamantes das terras dos índios Cinta
Larga, onde conheceu o índio Pio Cinta Larga. Aposentou-se em 2013,
depois de quase 30 anos desenvolvendo uma série de projetos em terras de
diversas etnias, mediando conflitos e colecionando os inúmeros objetos
que podem ser vistos na exposição.
Sobre o pintor Gildásio Rodriguez
- Ex-aluno do professor Edson Calmon, começou a pintar a figura
indígena em 1998, estudando a história dos irmãos Villas Boas:
Orlando, Cláudio e Leonardo, vanguardistas da Expedição Roncador-Xingu.
Foi protagonista de diversas exposições individuais e coletivas, entre
elas a II e III Bienal de Artes de Itabuna; 7º Salão de Artes do Estado
da Bahia. Expôs na extinta Casa dos Artistas,
Teatro Municipal de Ilhéus, Academia de Letras de Ilhéus, Espaço
Cultural Bataclan, Aleluia Ilhéus Festival e Espaço Cultural Tororomba.
Participou
de exposições fora do país como a Brasil Coffee House, em Nova York; A
Talentos do Brasil, no Palácio da Independência, em Lisboa, e da
exposição Trajectos,
em Alenquer, também em Portugal. Possui quadros na Embaixada do Brasil,
nos Estados Unidos da América.
Sobre o curador Pawlo Cidade
- É pedagogo, especialista em Educação Ambiental, dramaturgo, agente
cultural, produtor e diretor de teatro com 27 anos de experiência.
Além de membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia de Letras
de Ilhéus, também é escritor com 14 livros publicados. Já fez a
curadoria do Festival Nacional de Dança de Itacaré; do Centenário do
escritor Jorge Amado; do Seminário Teatro e Teatralidade,
do Seminário Dramaturgia e Contemporaneidade e do Simpósio Economia
Criativa e Legislação Cultural.
Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA)
– Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas,
o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O
mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente
culturais de iniciativa de pessoas físicas ou
jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo
Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da
importância do seu significado, sejam
de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio
junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas
de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações
Continuadas de Instituições Culturais sem
fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizad os;
Mobilidade Artística e Cultural e
Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br
Serviço
O quê: Exposição “Índios na Janela”
Onde: Palacete das Artes, Rua da Graça, 289,Graça, Salvador
Quando: Abertura: dia 19 de abril, às 17h. | Visitação: 20 a 22 de abril, de 13h às 19h; e 16 e 17 ( sábado e domingo), de 14h às 19h.
Apresentação indígena dos Pataxó: dia 20, às 16h, na área externa do Palacete das Artes.
Palestra: “Minha vida na tribo”, com o colecionador Silvan Barbosa, dia 22/04, às 15h.
Entrada gratuita para a exposição, palestra e apresentação
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