13/10/2016

Exposição de Almira Reuter retrata a imigração italiana no Brasil

Foto: Renata Rocha.


A artista plástica mineira Almira Reuter expõe suas obras sobre a imigração italiana no Brasil na exposição “Mémorias do Brasil Almira Reuter”, no dia 18 de outubro, às 18h30, na prestigiada Galeria Tibaldi Arte Conteporanea em Roma, na Itália.

Almira Reuter de Miranda é uma pintora expressionista autodidata, mais conhecida por Almira Reuter. Mineira de Nanuque, foi criada entre a Bahia e Minas Gerais. Mas foi em Cuiabá que destacou-se como uma das pintoras mais premiadas do Estado do Mato Grosso.
 
Abaixo, o crítico de arte César Romero expõe o seu ponto de vista através do texto Homenagem e Cultura, sobre a artista e a exposição.

Homenagem e Cultura

Almira Reuter a cada exposição muda o assunto, apenas a aparência, permanece a natureza das coisas. A artista é uma contadora de histórias, tem essa vocação memorialista e indo expor na Itália, ela de origem alemã, decidiu homenagear o povo italiano no processo imigratório a partir de 1900, nesta sua exposição “Almira Reuter Memórias do Brasil”. Estudou cuidadosamente o tema, das embarcações que chegavam, das esperas no cais, das trilhas a andar, das viagens de trem, caminhão até as lavouras de café, uva, para a sobrevivência. Era a mão de obra livre, quando se anunciava o fim próximo da escravidão.

Almira faz homenagem a personagens do cinema como Mazzaropi ator e cineasta, filho de imigrantes italianos, O Lambe-lambe uma forma de arte urbana antiga, que hoje ganha espaço nas decorações temáticas. Também a pintores como Chagall, Volpi e Portinari e ainda Pietro Maria Bardi e Lina bo Bardi, todos de ascendência italiana.

A cultura brasileira é plural, os imigrantes todos eles, contribuíram tanto com nosso desenvolvimento industrial como nossa cultura.

Nos estudos sobre cultura que significa no latin cultivar, tem-se de forma escrita, 167 definições diferentes. Sabe-se claramente que cultura não é um ideal da elite, mas todo um complexo que acumula informações, crenças, arte, lei, moral, costume, hábitos e aptidões que são assimiladas pelos indivíduos que formam a sociedade.

Depois da segunda guerra mundial abriram-se perspectivas para novos tempos em que a cultura se firma como um novo ideal, buscando eliminar as diferenças entre os povos, direcionando-se a uma realidade mais humanitária no mundo, no intercâmbio das mais diversas estéticas e encontros. Todas as áreas das artes formam referência e memória aprofundando essência individual e coletiva, buscando permanência e proteção guardando nosso patrimônio material e intangível. Nosso espirito nativo é história.

A cultura é o grande ideal de um povo. Sem ela não se concebe uma noção de pátria e pertencimento. No Brasil podemos pensar numa cultura endógena, de alma popular traduzida por nossas crenças, lendas, fábulas, mitos, religiosidade e pessoalidade.

Almira cuida das personagens com profunda ternura num expressionismo comovente, cada personagem tem tratamento especial seja na forma, seja na cor. A artista não tem pressa no seu fazer, vai lentamente compondo as cenas, com extremado cuidado. Madrugadas inteiras no diálogo com os pincéis e as tintas, criando estampas, desenvolvendo ideações.

Almira une culturas e cultura é criação e informação, é aparelhar e instrumentalizar o homem para uma vida melhor.

Sobre a artista:

Almira Reuter de Miranda é uma pintora expressionista autodidata, mais conhecida por Almira Reuter. Mineira de Nanuque, foi criada entre a Bahia e Minas Gerais. Mas foi em Cuiabá que destacou-se como uma das pintoras mais premiadas do Estado do Mato Grosso. Nunca frequentou academia, tampouco estudou técnicas de pintura. Nos anos 60 mudou-se para Cárceres (MT), depois seguiu para Cuiabá (MT), onde foi reconhecida por apreciadores e críticos de arte de renome como Aline Figueredo, João Spineli e José Serafim Betoloto. No ano 2000, realizou uma exposição individual intitulada “Reminiscências de Cuyabá”, um destaque que ganhou uma tiragem 15 mil cartões telefônicos com as telas da exposição. Foi citada como referência na obra “Incomum” de Jacob Klintowitz.

Realizou exposições no Brasil e exterior, expôs no Itaú Galeria, em Goiânia (GO), em Londres, e participou da Art Expo New York na Ava Galleria. Ganhou reconhecimento em salões de arte e ganhou inúmeros prêmios, entre eles, um prêmio da FUNARTE intitulado “Obras Primas”, do qual teve participação numa exposição na FUNARTE em Brasilia. É pioneira na pintura sobre acetato, uma técnica muito complicada que reluz as pinceladas expressionistas da artista. É como se fosse uma aquarela sobre o tecido. A artista já experimentou diversas técnicas e materiais como saco de estopa, seda, chitão, filó, barbante, aço, papel, metal, barro, tecido, também fez escultura, instalação, criou bonecos de pano e atualmente vem se dedicando a pintura digital – uma descoberta. Mora em Salvador, onde recentemente realizou a exposição "A Via Sacra" no Palacete das Artes. 

Serviço
Exposição “Memórias do Brasil Almira Reuter”
Data: 18 de outubro (terça-feira)
Horário: 18h30
Local: Tibaldi Arti Contemporanea
Endereço: Via Panfilo Castaldi, nº 18, 00153 – Roma, Italia

(Fotos: Divulgação)

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