Resultado do projeto Encontro Etnolírico-Destino
São Paulo em comemoração aos 30 anos de carreira pode ser conferido no CEAO
Foto: Sidiney Rocharte
Inaicyra Falcão realiza pocket show gratuito e apresenta documentário
Resultado do projeto Encontro Etnolírico-Destino São Paulo em comemoração aos 30 anos de carreira pode ser conferido no CEAO
A
professora doutora e cantora lírica Inaicyra Falcão realiza na próxima
terça-feira (25), às 19h, no Centro de Estudos Afro-orientais da UFBA
(CEAO), o evento “Olhares Encontro Etnolírico-Destino
SP”. A programação será composta por um Pocket show da artista, que
estará acompanhada da musicista Sanara Rocha, na sequência 1ª exibição
de um curta documentário produzido pelo cineasta Ailton Pinheiro. No
documentário, o público poderá conferir momentos
significativos do intercâmbio cultural realizado entre Inaicyra e o
grupo paulista Runsó. O encerramento da atividade será marcado por um
bate-papo com a plateia.
O
evento é gratuito e trata-se de uma contrapartida do Projeto Encontro
Etnolírico-Destino São Paulo que celebrou em setembro os 30 anos de
canto lírico de Inaicyra Falcão. Este projeto foi
contemplado no Edital de Mobilidade Artística e Cultural 2016, conta
com o apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de
Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
Inaicyra
é cantora lírica, professora doutora, livre-docente, pesquisadora das
tradições africano-brasileiras, na educação e nas artes performáticas.
Graduada em Dança pela Universidade Federal
da Bahia, com mestrado em Artes Teatrais pela Universidade de Ibadan na
Nigéria, doutora em Educação pela USP e livre docente na área de
Práticas Interpretativas pela Universidade Estadual de Campinas.
Confira a entrevista com a artista:
Entrevista Inaicyra Falcão
Pergunta: Você está comemorando 30 anos de carreira, quando começou a desenvolver esse gosto/aptidão pela musica lírica?
Resposta: Desde criança tenho habilidade com as artes e, quando
adulta, comecei a fazer dança. Na Nigéria (quando fez mestrado em Artes
Teatrais pela Universidade de Ibadan), participei de um coral e
desenvolvi a técnica. Depois em São Paulo, participei
de um congresso das religiões em que fiz canto em homenagem a minha mãe
ancestral, Maria Macelina da Silva, então comecei a desenvolver esta
aptidão.
P - Em 2000 você lançou o CD OkanAwa - Cânticos da Tradição
Yorubá, em homenagem ao centenário de nascimento de sua avó, Maria
Bibiana do Espirito Santo, Mãe Senhora (uma das célebres yalorixás do
Ilê Axé Opô Afonjá, que hoje possui como zeladora Mãe
Stella de Oxóssi). Como é a relação com sua avó e seu pai, Mestre Didi?
R - Tranquila. Relação de pai e avó. O que essa avó representa é
relação de avó mesmo. Ela me deu visibilidade através do CD. Com meu
pai, relação de pai mesmo.
P - Como eles te influenciaram a seguir esse caminho de pesquisadora das tradições africano-brasileiras?
R - Não influenciaram. Cresci dentro de um ambiente e sempre fui
muito curiosa. Fui em busca do conhecimento, entender tudo isso como uma
cultura, não como uma religião.
P - Você une duas importantes forças das artes, muitas vezes
vistas como antagônicas, a Música Erudita, clássica, lírica e as
tradições afro-brasileiras. De onde surge essa mistura que cria esse
canto
Etnolírico?
R - Quando fui cantar no congresso das religiões. Depois fui
apresentar a tese da livre-docência com o CD, então, tive que discutir
na pesquisa, academicamente. Com isso escolhi a minha própria história,
Mãe Senhora. Desde a barriga da minha mãe ouvia os
cânticos.
P - Você poderia definir/especificar como é esse canto?
R - Expresso o que sinto, o que sou. Faço porque ninguém fez antes.
Tive o privilégio de ter o dom, gosto de fazer a diferença. Me
identifico com as questões míticas do universo. No canto lírico
(técnica), recorri a uma cultura específica, a minha foi a
yorubá.
P - Por que é importante um edital mobilidade artística e cultural
para a cultura brasileira? Como esse tipo de projeto valoriza a cultura
negra?
R - É muito importante porque nós artistas não temos dinheiro para
executar nossas artes. Este edital é a luz para divulgar nosso trabalho.
As pessoas são sedentas para apreciar coisas diferentes e o projeto
possibilita, com esta iniciativa. Não tem adjetivos
para qualificar.
P - Qual o grupo/artista que seu repertorio se assemelha mais?
R - A forma como os negros africanos cantam. Como cantora, gosto de
Jessye Norman, admiro a voz e o repertório. Na dança, gosto de Judith
Ann Jamison, dançarina americana e coreógrafa, mais conhecida como
diretora artística do Alvin Ailey American Dance
Theater.
SERVIÇO
O QUÊ: Olhares Encontro Etnolírico- Destino SP (Pocket show/ Vídeo/BatE-papo)
QUANDO: 25 de outubro de 2016 (Terça-feira)
HORÁRIO: 19h
Local: CEAO-UFBA (Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42 - Dois de Julho, Salvador – BA)
INGRESSO: entrada franca
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