10/07/2017

​ O processo criativo é o objeto da próxima exposição da Galeria Acbeu






A mostra apresenta fotos, vídeos, livros, instalações, objetos e performance do Coletivo Ojú, formado por nove jovens artistas


A próxima exposição da Galeria Acbeu, que ficará em cartaz de 21 de julho a 19 de agosto, reunirá nove dos onze jovens artistas que formam o Coletivo Ojú – Grupo de Estudos e Criações em Fotografia. Com o título Trajeto: processos fotográficos contemporâneos, a mostra – que tem curadoria do próprio grupo – expõe nove processos criativos que incluem fotos, vídeos, livros, instalações, objetos e performance, revelando os procedimentos de investigação e experimentações estéticas do grupo. Poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 14h às 20h, e sábados, das 9h às 13h. A Galeria Acbeu fica na Av. Sete de Setembro, 1883, Corredor da Vitória.

Os artistas Agnes Cajaiba, Alexia Zúñiga, Fabíola Freire, Lara Perl, Lucio Adeodato, Ravena Maia, Thamires Tavares, Victor Morales e Wendell Wagner exibirão seus processos na mostra do Coletivo Ojú, com a finalidade de levar o espectador a acompanhar a produção artística, provocando a discussão do tema a partir de encontros com o público. “A principal proposta de Trajeto é ampliar o conceito de obra, tomando o processo de criação como matéria significativa do fazer artístico contemporâneo”, segundo o próprio Coletivo, que assina o texto de apresentação da exposição com colaboração do também fotógrafo, artista visual e professor Fábio Gatti. “Conhecer os bastidores que permeiam a criação artística é desmistificar esse lugar do artista enquanto sujeito iluminado, expandindo o campo de reflexão para além da fotografia e, neste sentido, convidamos o público a pensar em alternativas que permitam quebrar os padrões na construção do projeto fotográfico”, conclui o texto.

A proposta da exposição é mostrar a vivência do próprio grupo, onde os universos particulares de criação de cada um dos artistas estão sujeitos aos olhares e intervenções do outro, em encontros, leituras e discussões. O que a exposição reúne são as descobertas dos diversos trajetos, potencializados pela força do processo coletivo. A fotografia, portanto, só é a desculpa para este encontro de tantas substâncias e temporalidades; e o caminho do fazer artístico pode ser mais potente do que a chegada. 

Os artistas e os processos
Artista: Agnes Cajaíba (Salvador, Bahia, 1989) | Artista visual, formada em jornalismo pela UFBA e mestranda em Estética das Artes Eletrônicas pela UNTREF (Argentina). Desde 2009 trabalha com curadoria de exposições, fotografia still para cinema, direção, filmagem e edição de videoclipes e vídeos institucionais.
ProcessoTravessia | “Partindo de uma motivação afetiva pessoal, fiz um mapeamento artístico do entorno marítimo de Madre de Deus, colecionando histórias do mar contadas por moradores, me perdendo pelas ruas estreitas da cidade e caminhando por sua costa, investigando sensações trazidas pelo mar, técnicas e vocabulário da atividade pesqueira local, questões ambientais”.

Artista: Alexia Zúñiga (Mixquiahuala, México, 1984) | Comunicóloga pela Universidade Intercontinental e fotógrafa formada pela Escuela Activa de Fotografía. Atualmente é mestranda de Artes Visuais na UFBA.
ProcessoApontes duma Pós-Fotografia | “Através das imagens coletadas na internet, filmes, gifs, música e o que meus olhos capturam na rua se conforma meu processo artístico. O projeto para desenvolver mostra a coleta dessa matéria digital, onde as imagens aparecem no meu cotidiano e são capturadas ou coletadas para depois ser consumidas pela audiência por meio de códigos QR encontrados na exposição. Assim, o espectador interage com um arquivo coletado, com esta nova maneira de consumir informação e imagens na era digital.

Artista: Fabíola Freire (Remanso, Bahia, 1985) | Formada em Comunicação pela UFBA e especializada em Fotografia de Moda pelo IIF e pela London College of Fashion, foi assistente do fotógrafo Danilo Russo. 
ProcessoCrônica | “Um ponto fixo branco. Um toque perdido. Um pensamento preso. Um pulsar violento. Um compasso lento dissolvendo um a um os limites do corpo. Ser e estar se confundem e se perdem em um mundo alvinitente”.

Artista: Lara Perl (Salvador, Bahia, 1992) | De pai israelense e mãe baiana, Lara Perl é fotógrafa e artista visual, formada em comunicação pela Universidade Federal da Bahia, tendo realizado um intercâmbio para a Universidade Carlos III de Madrid, onde estudou história da arte e teorias da imagem. 
ProcessoAzul | “Azul é um projeto que surge de uma ausência e acompanha a minha vida. Não tem início nem fim, mas é como um mapa caótico que reúne rastros de um pai estrangeiro após a sua partida, envolvidos em sensações de absurdo, intensidade, tristeza e beleza; um vazio que vibra e brilha dentro de mim, uma eterna busca por um outro tempo, em que a cronologia perde o sentido e surgem apenas fragmentos azuis. Neste lugar, os arquivos se misturam com superfícies de água e pedra, percorridas por mim no nosso bairro e em longas viagens; as fotografias viram fissuras geológicas para um futuro fora do tempo”. 

Artista: Lucio Adeodato (Salvador, Bahia, 1981) | Graduado em Comunicação Social pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), formou-se posteriormente em Fotografia pela Escola Panamericana de Artes, em 2010. 
Processo: Corrente de Retorno | “O projeto se aproxima de um relato de viagem guiado por fotografias e reflexões sobre a imagem, sobre a memória e o fazer fotográfico na própria relação com o percurso criativo. Inspirado na história dos libertos no Brasil que retornaram à África no século XIX, pretendo, a partir de uma perspectiva contemporânea, desvelar a noção de pertencimento e estabelecer a relação entre memória e resistência, trabalhando a partir de dois suportes da comunicação humana: a visualidade e a verbalidade.”

Artista: Ravena Maia (Feira de Santana, Bahia, 1986) | Fotógrafa/artista, professora e pesquisadora, é mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense com estudos voltados às estéticas da paisagem e da fotografia documental contemporânea. Atualmente é docente substituta na Faculdade de Comunicação da UFBA e tem articulado trabalhos e pesquisas envolvendo performance, corpo e fotografia.
ProcessoCaixa de Mudança | “Estar em mudança percorre os meus processos, traz a todo o instante o questionamento do lugar que estou. Meus processos criativos indicam um corpo e um lugar, que se transforma, se guarda, se acumula enquanto memória e fotografia. A caixa cabe o peso das minhas mudanças e também cabe o meu espaço interior, minhas memórias, minha identidade, a minha própria imagem. Vasculhando as fotografias das casas que vivi, vejo meu passado se desfazendo, minha imagem mais distante daquilo que foi o meu estar. Na confusão de pertencer, já não encontro mais quem sou. O interior da caixa é corpo modificado”.

Artista: Thamires Tavares (Salvador, Bahia, 1992) | Artista visual e fotógrafa, graduada em comunicação pela Universidade Federal da Bahia com passagem pela Université Paris 8. Pesquisa a natureza, o corpo, a intimidade, a cidade e suas imbricações com a fotografia contemporânea.
Processo:  =function(){return | “Exponho a parede do meu quarto. Me exponho. Sob forma de método de escritório, organizo sentimentos. De maneira humana, desejo sentir a Natureza. É o percurso eterno. =function(){return está em busca de quais sensações seres humanos passam ao afastar-se da natureza, ao afastar-se de si. O que se vê do processo são rascunhos. É a chave da obra. Ideias centrais e iniciais. Base individual construída a partir das experiências de cada um”.

Artista: Victor Morales (Oaxaca, México, 1985) | Formado em Linguística pela Universidad de las Américas Puebla, vem realizando estudos visuais em diferentes lugares como o ICP em Nova York, o Centro da Imagem na Cidade de México e o Centro das Artes de San Agustín em Oaxaca. 
Processo: Novo Atlas Mondial | “O processo é uma exploração, uma acumulação de experiências, mas para mim neste trabalho, a criatividade tem uma fonte física, para criar um novo atlas foi preciso começar com velhos atlas, começar com informação acumulada. Minha proposta é compartilhar uma fase básica do processo: a coleta de informação, um processo que não é exclusivo da colagem, mas de quase todas as ações criativas”.

Artista: Wendell Wagner (Salvador, Bahia, 1983) | Fotógrafo, produtor cultural e jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). 
ProcessoL.A. me disse | 
“Poderia ser qualquer época de qualquer ano, em qualquer lugar.
Poderia ser com qualquer pessoa.
Quando se perde o próprio eixo e os elos, o tempo se dissolve, os lugares são iguais, os anos constam e as pessoas são passageiras.
Como lidar com perdas, traumas, mágoas, futuros interrompidos e passados marcantes?
“L.A. me disse” é um ensaio audiovisual sobre perda; sobre a tentativa constante de reerguer e trilhar novos caminhos.
É o que as coisas nos comunicam através do que se passa dentro de nós.”

Serviço
O que: exposição Trajeto: processos fotográficos contemporâneos
Quem: Coletivo Ojú - Grupo de Estudos e Criações em Fotografia: Agnes Cajaiba, Alexia Zúñiga, Fabíola Freire, Lara Perl, Lucio Adeodato, Ravena Maia, Thamires Tavares, Victor Morales e Wendell Wagner
Quando: de 21 de julho a 19 de agosto. Visitação de segunda a sexta-feira das 14h às 20h e sábados das 9h às 13h
Onde: Galeria Acbeu - Av. Sete de Setembro, 1883 - Corredor da Vitória. 
Gratuito

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