05/12/2017

Natura apresenta lançamento de livro e relançamento de três álbuns do trio “Os Tincoãs” com Mateus Aleluia

Foto: Vinícius Xavier.

Projeto terá lançamento de livro, relançamento de três discos e um show comemorativo no Teatro Castro Alves, em Salvador, dia 6 de dezembro

Às margens do Rio Paraguaçu, na cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano, surgia no final dos anos 50 um trio vocal que marcaria a história da música afro-brasileira. Temas, conceitos e cantos de religiões de matriz africana eram interpretados pelos Os Tincoãs com perfeita harmonia vocal, em uma sonoridade enraizada, mas bastante sofisticada. Mais de 15 anos após o fim do grupo, os Tincoãs têm sua obra revisitada em dezembro de 2017 sob a narrativa de Mateus Aleluia, um de seus membros e compositor de muitos sucessos.
A trajetória do grupo será relembrada em um projeto com múltiplas linguagens, patrocinado pela Natura por meio do Natural Musical, que contempla lançamento de livro de memórias, show comemorativo no dia 6 de dezembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador, e o relançamento dos três principais discos do grupo em versão física. Pela primeira vez, após 40 anos do lançamento do último álbum, os Tincoãs terão CDs dos álbuns: Os Tincoãs (1973), O Africanto dos Tincoãs (1975) e Os Tincoãs (1977).
“O inovador dos Tincoãs é a temática. A quebra de paradigmas dentro da música popular brasileira. Essa questão de trazer à baila o candomblé, a identidade de uma forma digerível, talvez tenha sido o grande diferencial. E trazido de uma forma harmônica. O candomblé deixou de ser apenas uma música exótica. Passou a ser vista também como música de conservatório”, resume Mateus Aleluia.
Livro – Sob o olhar de Mateus Aleluia, um livro-memória está sendo escrito coletivamente, com textos de Marcus Preto, Iuri Passos e Paulo Bahiano para resgatar e preservar a história dos Tincoãs. São fotos, críticas musicais, matérias de arquivo, biografia dos seus integrantes, além de depoimentos de personalidades como o radialista Adelzon Alves, produtor musical do grupo, e de artistas que são admiradores do grupo como Martinho da Vila, Ana Lomelino, Criolo, Emicida e o grupo instrumental Bixiga 70.
À frente da compilação de informações e da direção de arte do livro, Gringo Cardia mediou rodas de conversas em Cachoeira, no Rio e em Salvador com pesquisadores, estudiosos e novos artistas que são influenciados pelo legado do trio sonoro. Dentre os nomes estão o Maestro Letieres Leite, o cantor Saulo Fernandes – que já fez um show em homenagem aos Tincoãs –, a jornalista e líder da banda Didá, Viviam Caroline, o Ogã do terreiro do Gantois, professor e pesquisador de música de candomblé, Iuri Passos, e diversos pesquisadores e estudiosos que debateram a obra e legado do trio.
“De certa forma, todas estas pessoas contribuíram para que os Tincoãs sigam vivos na memória das pessoas”, destaca Mateus Aleluia. A obra, com tiragem de 3 mil exemplares, terá os três CD´s encartados com capas originais. Antes de serem comercializados, haverá pré-venda em um hotsite criado para o projeto.
Show – Para marcar o lançamento da coletânea musical, Mateus Aleluia e Badu convidam artistas convidados da nova geração da música brasileira para um show no dia 6 de dezembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Farão parte da apresentação Saulo, Margareth Menezes, Ana Mametto, Bira Marques, Ganhadeiras de Itapuã, Margareth Menezes e Terreiro Icimimo, com transcrição e adaptação de Nilton Azevedo.
Presença ilustre no show, o ex-integrante Badu, que mora nas Ilhas Canárias, não vem ao Brasil desde os anos 90. “Estou bastante ansioso para este momento. Esse encontro vai ser a realização de um sonho! Venho esperando por isso há muitos anos! Fazer parte de Os Tincoãs foi tudo na minha vida. Tudo que eu aprendi, toda a base que eu tenho artisticamente, foi no período em que participei do grupo”, conta, emocionado, Badu.
O reencontro dele com Mateus Aleluia no palco não acontece há 36 anos. O espetáculo contará com os músicos Alex Mesquita, Maestro Bira Reis e Luizinho do Gêgê e terá direção musical de Mateus Aleluia Filho. A cenografia será assinada por Gringo Cardia.

Os Tincoãs - Com a formação inicial de Erivaldo, Heraldo e Dadinho, Os Tincoãs interpretavam no final da década de 50 apenas boleros. O grupo ganhou projeção, no entanto, quando passou a cantar a música dos terreiros de candomblé, das rodas de capoeira e do samba de raiz. Nesta época, meados dos anos 60, Erivaldo saiu e entrou Mateus Aleluia. Nascia ali uma expressão musical que viria para modificar a música religiosa afro-brasileira.

“No fundo nós somos amalgamados culturalmente. Duas ou três pessoas não representam o que a Bahia é. Tincoãs fundamentalmente é recôncavo baiano e Cachoeira é isso: essa junção da cultura barroca com a cultura africana, mas tudo isso sustentado na cultura dos donos da terra, que são os índios. Isso dá um universo de influências. Nós temos tudo das filarmônicas, temos tudo do candomblé e temos tudo das igrejas católicas também”, ressalta Mateus Aleluia.

Em 1973 gravaram juntos um disco antológico, com grande impacto. Apesar de bastante sofisticado, o trio contava com poucos recursos. O resultado que os destacava vinha de arranjos delicados, voz em perfeita harmonia, violão percussivo e tambor harmônico. O álbum, que marcou época na MPB, reverenciava os orixás. Músicas para Iansã, Obaluaê e Iemanjá passaram a ser ouvidas pelos brasileiros fora dos terreiros.
Em 1975, com a morte de Heraldo, o grupo ganhou novo integrante, Morais, que foi logo depois substituído por Badu. Em 1983 o grupo foi para Angola, permanecendo por lá até encerrarem a parceria, em 2000, com a morte de Dadinho – parceiro de Mateus Aleluia na composição do clássico Cordeiro de Nanã.
Ao longo destes 17 anos, Mateus Aleluia seguiu carreira solo no Brasil e, em 2010, lançou o primeiro álbum solo “Cinco Sentidos” e neste ano de 2017 fez uma apresentação marcante no palco Sunset do rock in rio, juntamente com a banda Sinara. As músicas dos Os Tincoãs e de Mateus Aleluia seguem, no entanto, circulando na cena da música brasileira com regravações de artistas como Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Saulo e Márcia Castro.
O projeto foi selecionado para receber o patrocínio do edital Natura Musical, com apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio do FazCultura. “O Natura Musical foi criado para valorizar a diversidade e identidade da música brasileira, diz Fernanda Paiva, gerente de Marketing Institucional da Natura. “Desde 2012, o edital Bahia já contemplou 26 projetos no Estado de artistas como Russo Passapusso, Larissa Luz, Giovani Cidreira, Lucas Santtana e, agora, com a importante obra de ”Os Tincoãs”, complementa.
Sobre o Natura Musical
Com doze anos, o Natura Musical tem hoje um papel inédito na valorização da produção contemporânea e da identidade musical brasileira: já apoiou mais de 1350 produtos culturais (mais de 1200 shows, 132 CDs, 26 DVDs, 21 livros e 5 filmes), chegando diretamente a 1,3 milhão de pessoas e 1,3 milhão de seguidores no ambiente digital.
Na frente de fomento, os projetos são selecionados prioritariamente por meio de editais públicos, em nível nacional, com uso das Leis Rouanet e Audiovisual, e em nível regional, com uso de ICMS, conforme a disponibilidade de recursos.
A marca lança em média 20 discos por ano, com destaques em listas de melhores do ano e premiações nacionais e internacionais, além de patrocinar shows, livros, filmes e acervos digitais. Ao inaugurar a Casa Natura Musical, em São Paulo, amplia sua participação no entretenimento, com uma vitrine permanente para a rica e pulsante produção musical brasileira.
Sobre a Natura

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