02/05/2018

Wanderley Meira e Augusto Nascimento - dois homens desconhecidos, presos à mesma espera

Foto: Diney Araújo.


Núcleo Teatro Viável volta ao Laboratório de Experimentação Estética do MAB para mais uma temporada de Ponto e Vírgula - pequena pausa antes do fim. O espetáculo com direção de Guilherme Hunder (Avesso, Paco e o Tempo) – que também assina figurino - fica em cartaz aos sábados e domingos até o dia 13 de maio, sempre às 18h, no Laboratório de Experimentação Estética do Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, com ingressos à venda no sympla.com.br a R$20,00 e R$10,00, ou no local uma hora antes das apresentações.

Dois homens, absolutamente desconhecidos se encontram em uma sala de espera. Eles aguardam a chegada de um atendente. Wanderley Meira (Woyzeck, Dark Times, Sade, As Confrarias, Longa Jornada Noite Adentro), que também assina o texto, e Augusto Nascimento (Romeu e Julieta, Propriedade Condenada, Na Fila) vivem esses dois homens sem nome, identificados apenas pelas senhas de número 1 e 2.

Entediados com a demora, aos poucos, uma conversa se desenrola e cada um deles, com mais ou com menos disposição, deixam escapar suas questões com a vida e o motivo da espera. Com diálogo ágil, deixando escapar, ou quase desperdiçando palavras que revelam verdadeiros traumas, o constrangimento de não se conhecerem e a exposição em que se colocam às vezes constroem cenas hilárias. Em uma situação quase absurda, esses homens aproveitam esse tempo para se libertarem das angústias, tristezas, medos e gritos.

O tempo e os silêncios daqueles dois homens são os mesmos que a plateia vive ao acompanhar aquele encontro na ansiedade que se estabelece automaticamente em qualquer “sala de espera” – lugar onde se quer ouvir o chamado do seu nome ou da sua senha, o sentimento e a necessidade de terminar, de chegar ao fim. Eles anseiam por isso até começarem a se questionar sobre a existência factual de um fim ou o seu desejo real de que este fim aconteça.

O cenário de Erick Saboya coloca, presos em exposição ao público, os dois homens e suas histórias. Projetado para se adaptar a diferentes espaços de encenação, exibe-se um não-lugar que sugere tanto o interior do ser humano na sociedade atual quanto ambientes cotidianos do serviço público de atendimento ao cidadão.

A luz dita o lugar e a atmosfera densa onde as personagens se encontram a duelar com as angústias colocadas pela situação. A iluminação de Allison de Sá é uma luz fria que expõe tudo que se vê e, junto com os personagens e suas histórias, vai se transformando, deixando aparecer também as sombras que tentam fugir da claridade. De forma suave, a luz contrapõe com a dureza da espera, o tempo que passa e nada muda.

Leonardro Bittencourt compõe uma trilha sonora que, sobretudo, valoriza os silêncios angustiantes da espera: ruídos que acentuam o silêncio nesses espaços vazios de relações  acionamento do bebedouro, ranger do ventilador, arrastar de cadeiras. A trilha, composta a partir de texturas sonoras que expõem a alma conturbada desses dois homens, vai se transformando também em música ao passo que eles se deslocam daquele ambiente para seu próprio interior.

O aparato técnico foi construído para que se possa realizar apresentações em espaços alternativos e que não sejam necessariamente uma sala de teatro. Ponto e Vírgula – pequena pausa antes do fim tem texto é uma realização do Núcleo Teatro Viável, com operação de som e produção executiva de Fernanda Beltrão.

Serviço
O quePonto e Vírgula - pequena pausa antes do fim (Núcleo Teatro Viável)
Quando: 05, 06, 12 e 13 de maio, às 18h
Onde: Laboratório de Experimentação Estética do Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória
Ingresso: R$20,00 (Inteira) e R$10,00 (Meia), uma hora antes de cada apresentação ou no sympla.com.br


Ficha Técnica
Texto: Wanderley Meira
Direção: Guilherme Hunder
Elenco: Augusto Nascimento e Wanderley Meira
Trilha Sonora: Leonardo Bittencourt
Operação de Som: Fernanda Beltrão
Iluminação: Allison de Sá
Operação de Luz: Guilherme Hunder
Figurino: Guilherme Hunder
Maquiagem: Fernanda Beltrão
Cenário: Erick Saboya
Programação Visual: André Luís Silva
Comunicação: Wanderley Meira
Fotografia: Diney Araújo
Produção: Wanderley Meira
Assistência de Produção: Fernanda Beltrão

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