05/09/2018

Nairzinha lança seu livro de poemas “Outonizando, os tons da vida” em comemoração aos 70 anos de idade e 50 de carreira artística



 O lançamento acontece em 11/09, às 18h, no Museu Carlos Costa Pinto (Corredor da Vitória)

“Eu diria que a envelhecência é a esquina da vida quando decidimos zerar a caminhada e nascermos melhores para um novo tempo que se descortina.” (Nairzinha)

A cantora, compositora, pesquisadora da cultura da brincadeira e – agora também – poetiza Nair Spinelli (Nairzinha) lança seu livro de poemas “Outonizando, os tons da vida” em comemoração aos 70 anos de idade e 50 de carreira artística. O lançamento acontece em 11/09, às 18h, no Museu Carlos Costa Pinto (Corredor da Vitória) com sarau e participação de amigos músicos que a acompanharam nesta trajetória de música e de atuação em prol da cultura: Zenilda Ramos, Greice Gomes, Mônica Gonzaga e Daisy Passos – sempre acompanhados no violão pelo parceiro Alex Carlyle.

O livro reúne 50 poemas de Nairzinha, alguns recuperados de sua juventude, mas a maioria da produção atual – resultado de um período de reclusão após um sério acidente que a deixou imobilizada 45 dias, com oito fraturas no braço esquerdo. “Costumo brincar, agora que tudo passou, que com a queda eu caí em mim. Eu repensei a minha trajetória e, mais uma vez, percebi que a vida não está perto de terminar ao se fazer 70 anos (já tinha tido este pensamento aos 50). Percebi que a vida é hoje! Sinto-me uma envelhecente que está cheia de vontade de colher os frutos maduros que cultivei até agora, mas que tem muito gás para curtir o novo, inclusive com a sabedoria de ver que a vida tem várias faces e não é uma reta, mas com curvas surpreendentes. Resta a nós termos olhos para ver a vida com sua beleza e surpresas”, filosofa.

E é este o teor dos poemas de Nairzinha. “Nairzinha é poeta de alma e coração. Com inspiração, entrega humor e observação; constrói textos deliciosos que fazem o leitor se divertir, como em ‘O Checheteiro’, onde descreve um chato de carteirinha, que com certeza, todos já conhecemos um dia. Há textos difíceis, como quando fala da dor em seu coração, das perdas ao longo da vida, das redescobertas que somente a maturidade, e o reconhecimento de várias facetas pessoais, permitem. 'Outonizando’ é mesmo como o Outono, com suas transformações que nos remetem à viagens interiores. Se soubermos sentar na janelinha e apreciar a paisagem ir mudando, sem pressa de chegar ao destino. Mas sabendo exatamente de onde se partiu”, declara a jornalista Patricia Moura.

Quem é Nairzinha

Hoje, ela entende a própria trajetória. “Não estou nem muito lá, nem muito cá. Sempre estive no centro da minha inspiração”.

Num determinado momento de sua trajetória artística, Nairzinha percebeu que ocupava uma posição atípica na produção cultural. Valorizando a poesia e a construção melódica para falar sobre Deus, considera que seu trabalho não era doutrinário, mas artístico. Sua composição “Creio” é uma das 10 canções religiosas mais tocadas em todo no Brasil. Porém, de um lado os artistas não viam a música religiosa como arte e do outro, a Igreja, alegava que a sua música não se identificava com a sua proposta litúrgica.

Em 87, numa viagem à Europa, esteve em Assis (Itália) e, no túmulo de São Francisco, teve uma intuição: “Ninguém vai prestar conta a Deus do seu trabalho, só você”. Foi o suficiente para deixar para trás a preocupação com os rumos e a recepção que sua música tinha tido até então.  No mesmo dia e local, um monge anônimo falou para ela sobre o trabalho de São Francisco, que com os menestréis pelas ruas da cidade, cantavam em troca de pão para os pobres.

A partir daí, Nairzinha passou a estreitar os vínculos com comunidades carentes, fazendo um trabalho musical para captação de recursos e desenvolvimento de projetos sociais, com o grupo “Companheiros de Utopia”, formado com músicos amadores.

Em 2000 abriu o estúdio Sol de Assis Produções Artísticas e Fonográficas. Lá gravou o CD “A arte da vovó”, projeto sobre a ética e utopia para crianças de até oito anos com a participação de 54 artistas baianos entre renomados cantores, músicos e arranjadores. O estúdio também assessorou artistas.

Paralelamente ao trabalho de cantora e compositora, desde a década de 70, Nairzinha estuda, pesquisa, atualiza e devolve às crianças da Bahia e do Brasil as brincadeiras tradicionais, oriundas da tradição indígena, portuguesa e africana, formadoras da identidade cultural brasileira. A pesquisadora possui contextualizadas – do ponto de vista étnico, histórico, antropológico e musical – um acervo de 2.000 peças do folclore infantil brasileiro. Este trabalho está reunido, de forma teórica e prática, no projeto Cirandando Brasil que, desde 1987 já realizou mais de 6.000 eventos de cantigas de roda sendo mais de 3.000 em praças e parques e as restantes em congressos, escolas, centros comunitários, museus, hospitais etc.

As peças – catalogadas, escritas e partituradas – constituem um dos maiores acervos de cantigas de roda, brincadeiras contadas, parlendas, brincadeiras de rua, brinquedos, sambas, lundus, toadas, quadras populares e pregões da cultura brasileira. Para Nairzinha, esse conteúdo identificado como estratégia didática valoriza as contribuições identitárias, investe na autoestima e resgata valores como solidariedade, colaboração e partilha. Retornando a escola, valoriza uma brincadeira sem consumo, erotismo violência e competição.

Bio - Nascida no final da década de 40, na Rua Chile em Salvador (BA). Neta de Vicente Spinelli (maestro multi-instrumentista do Teatro São João), filha de Walter Spinelli (conhecido alfaiate que cantava com a pequena Nair músicas que até hoje ela recorda) e Helena Margarida Spinelli. Casou-se com Henrique Lauria, teve dois filhos (Fernanda e Daniel) e três netos (Maria Alice, Joaquim e Malú). Frequentou desde os 2 anos a “Hora da Criança”, um projeto do professor e jornalista Adroaldo Ribeiro Costa. Estudou com Irmãs Sacramentinas, nos Cursos Primário e Secundário. Cursou a Universidade (UCSAL), nos anos 70, diplomando-se em Serviço Social. Foi Coordenadora do Serviço Social do Mosteiro de São Bento da Bahia por 20 anos.

Discos:
·         “Deus é Meu Irmão” (1976) - considerado o primeiro disco religioso lançado por uma mulher leiga.
·         “Somos Um” (1978) - com a participação do cantor Antônio Cardoso.
·         “O Oitavo Dia de Criação” (1979) – com o primeiro hit da carreira, ‘Creio’.
·         “Missa da Criança” (1981) - coletânea de músicas infantis para catequese.
·         “Rodas de Paz e Bem” (1987) – Dedicado à Campanha da Fome de Betinho.
·         “Cirandando Brasil – Cantigas de Roda em Música Popular” (1990) - um resgate das cantigas de roda do folclore infantil brasileiro.  
·         “Cantar para Reviver” (1996) - apontado como seu grande trabalho, pois reúne as 13 composições mais cantadas da carreira de Nairzinha. Gravado na WR, produzido por Wesley Rangel e com direção de Nestor Madri.
·         “Coração Menino” (1998) – músicas de primeira eucaristia.
·         “O Mundo Canta Maria” (2000) – produzido e gravado na Itália. Nairzinha representa a língua portuguesa com sua ‘Ave Maria’. Em nome dos artistas, entregou o CD ao papa João Paulo II.
·         “Cirandando Brasil 2 – Brincadeiras Cantadas” (2001) – as principais brincadeiras cantadas do folclore infantil brasileiro, com arranjos na MPB.
·         “Oração a Quatro Vozes”, em 2002 - cantores católicos da Bahia cantando as composições de Nairzinha.
·         “Cirandando Brasil 3 – Os mais belos Acalantos, Cançonetas e Lenga-Lengas” (2003) – dedicado aos bebês de 0 a 3 anos e às suas mães.
·         “A Arte da Vovó – Canções para Mudar o Mundo” (2004) - 54 artistas, cantando e tocando as composições de Nairzinha que falam de ética e utopia para as crianças. Entre os artistas: Ivete Sangalo, Torquato Neto, Fafá de Belém, Márcia Short, Lazzo Matumbi, Margarete Menezes, Paroano Sai Milhó, Márcio Mello, Will Carvalho, Dendê Diet e a própria Nairzinha.

Livros:
·         “Grita a Esperança”, Editora Paulinas (1984) – primeiro livro de poesias de Nairzinha.
·         “Cirandando Brasil – Guia Prático de Pais e Professores com 180 partituras”, Editora Paulinas (2000).
·         “Quintal… Saudade ou Utopia”, Eduneb (2013) - livro que conta a história da brincadeira brasileira através das identidades que formam a nossa cultura.
·         “Cirandando Brasil vol 1”, Lúdico Editora (2013).
·         “Cirandando Brasil vol 2”, Lúdico Editora (2014).
·         “Cantando com Nairzinha”, Lúdico Editora (2015).
·         “Quintal – o mundo mágico da nossa infância”, Lúdico Editora (2016) – manual de brincadeiras para pais e professores.
·         “Outonizando – Os Tons da Vida”, Editora Press Color (2018).

Prêmios:
·         Prêmio de poemas em Medelin (Colômbia) com a poesia ‘América Latina’ (1967).
·         Honra ao Mérito – Cursilhos de Cristandade (1993), pelos 25 anos do cursilho.
·         Missionszentrale de Franziskaner (Itália, 1995), pelo musical ‘Rodas de Paz e Bem’.
·         Honra ao Mérito – Associação Comercial da Bahia (2000).
·         Arquidiocese da Bahia – Homenagem pelos 30 anos de música (2006).
·         Prêmio Cultura Viva – Ministério da Cultura (2007 e 2010).
·         Prêmio Ludicidade – Pontinhos de Cultura, pelo Espaços do Brincar (2008).
·         Prêmio Cidadã Voluntária – Santa Casa de Misericórdia da Bahia, pela Câmara Municipal de Salvador (2009).
·         Prêmio Tecnologia Social Replicável – Fundação Banco do Brasil (2009).
·         Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade – Categoria Educação Patrimonial 2009.
·         Prêmio Empresa Nota 10 – Prefeitura Municipal de Salvador, pelo projeto Cirandando Brasil – Capacitação de Multiplicadores (2011).
·         Prêmio Barra Mulher (2015).

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