Ciclo de filmes alemães contemporâneos terá sessões mensais e se inicia com a exibição de “Em Trânsito”, de Christian Petzold
Com intuito de difundir a produção cinematográfica contemporânea da Alemanha, o Goethe-Institut Salvador-Bahia lança o projeto “CineAlemanha”, um ciclo de seis sessões de filmes que ocorrerá no Cinema do Museu, sala do Circuito Saladearte, sempre na segunda quinta-feira do mês. A estreia ocorrerá como parte da Semana da Língua Alemã, no dia 11 de abril (quinta-feira), às 19h, com o drama “Em Trânsito” (“Transit”, 2018), de Christian Petzold, aclamado como o maior cineasta alemão entre os realizadores revelados nos últimos anos. Ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Uma produção da Alemanha e França, “Em Trânsito” é uma adaptação livre do romance homônimo de Anna Seghers, cuja história, de 1942, é transferida para o presente. Fazendo uso dos paralelos de tirar o fôlego, quase misteriosos entre os fatos históricos e a atualidade, Christian Petzold conta a história de um grande amor quase impossível em meio a fuga, exílio e saudades por um lugar que se pode chamar de lar. As tropas alemãs estão se aproximando rapidamente de Paris. Georg (Franz Rogowski), um refugiado alemão, foge para Marselha no último instante e assume a identidade de um escritor morto, chamado Weidel. Ele conhece a esposa do falecido, Marie (Paula Beer). Ela não tem ideia da morte do marido e ainda espera por sua chegada, já que o casal queria deixar Marselha para a América do Sul, para recomeçar a vida. Mesmo que um caso amoroso se desenvolva entre ela e Georg, Marie mantém esse plano. Ao mesmo tempo, a situação política em Marselha está se tornando cada vez mais perigosa. Logo, Georg se depara com a questão de saber se ele deve tomar de vez o lugar do marido de Marie e deixar a Europa com ela para sempre.
Para maio e junho, a programação do “CineAlemanha” já está confirmada: no dia 9 de maio, com “Nos Corredores” (“In den Gängen”, 2018), de Thomas Stuber, e, no dia 13 de junho, com “3 Dias em Quiberon” (“3 Tage in Quiberon”, 2018), de Emily Atef, este em parceria com a Aliança Francesa Salvador.
CRÍTICAS
“Com o seu mais recente filme, Christian Petzold continua a afirmar-se como um dos mais distintos autores do cinema europeu contemporâneo. Que o consiga fazer ao mesmo tempo que faz um contundente comentário político e social é admirável. Petzold atreve-se a filmar uma manifestação do impensável, uma Europa de novo em guerra, França novamente ocupada por forças fascistas e a perseguição a minorias como os judeus e os imigrantes. Infelizmente, talvez esta última parte não seja tão inimaginável, e é a partir desse conceito de uma distopia realista, adaptando ‘Transit’ de Anna Seghers, publicado 1944 e sobre a ocupação nazi, que Petzold cria uma obra de âmbito perfurante. Não é que isso seja algo de novo em Petzold, cujos filmes anteriores revelavam dramas preocupados com um humanismo profundo e personagens em ofuscamento sentimental, mas se, pelo menos nos filmes anteriores, como ‘Barbara’ (2012) e ‘Phoenix’ (2014), tudo confluía para um grande gesto final, aqui parece jogar-se num campo diferente, mais imediato, onde todos os pequenos gestos ganham particular ressonância emocional”. Por João Araújo.
“O diretor Christian Petzold ousa conceber uma França dos dias atuais, em pleno século XXI, ocupada pela Alemanha nazista. Em outras palavras, a Segunda Guerra Mundial está acontecendo hoje. O alemão Georg (Franz Rogowski), morando na França, tenta escapar do país antes de ser pego pela polícia. O cineasta toma algumas precauções com seu tema espinhoso: primeiro, nada de ficção científica, de viagens no tempo, de contextualização histórica. A situação política é dada como fato, uma espécie de leitura alternativa dos acontecimentos, sem relação direta com os fatos de 1939 a 1945 – ou seja, esta não é uma continuação ou reedição da guerra anterior. Estamos em batalha, simples assim, e os personagens são perseguidos, precisando fugir desesperadamente. Nas ruas, homens com metralhadoras caçam a todos. Se a outra guerra, aquela real, existiu dentro dessa história, não sabemos. Esta é uma História do tempo presente. A dúvida sobre a veracidade das imagens e sobre a subjetividade da representação constitui uma última e importante camada de ‘Transit’, um produto de narrativa improvável, discurso político evidente e embalagem de um presente simples”. Por Bruno Carmelo.
Sobre o Goethe-Institut Salvador-Bahia – Instituto cultural da República Federal da Alemanha, o Goethe-Institut, fundado em 1951, se dedica a fomentar o diálogo entre culturas e é a maior instituição de ensino de alemão no mundo. Atualmente, dispõe de uma rede de 159 unidades em 98 países de todos os continentes. A unidade do Goethe-Institut Salvador-Bahia foi criada em 1962 e, desde então, promove a aprendizagem da língua alemã, divulga uma imagem abrangente da Alemanha e realiza colaborações locais, nacionais e internacionais na área da cultura, com numerosos parceiros públicos e privados. É um espaço disposto ao exercício artístico-cultural, realizando ações próprias e oferecendo suporte a iniciativas de variadas espécies. Dispõe de teatro, foyer, galerias, biblioteca, ateliês, estúdios, salas de aulas, praças, pátio e café. Após mais de meio século de atividades contínuas na cidade, iniciou, em 2016, o Programa de Residência Artística Vila Sul, com a proposta de fortalecer interlocuções entre o Brasil e demais países do hemisfério Sul a partir do acolhimento de artistas e agentes culturais de diversas áreas, linguagens e origens. Mais de 60 residentes já experimentaram esta oportunidade.
CineAlemanha apresenta:
“Em Trânsito” (“Transit”, 2018), de Christian Petzold
Gênero: Drama
Língua: Alemão com legenda em Português
Duração: 101 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Quando: 11 de abril de 2019 (quinta-feira), 19h
Onde: Cinema do Museu do Circuito Saladearte
(Av. Sete de Setembro, 2195, Museu Geológico da Bahia – Corredor da Vitória)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
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