25/04/2019

Artistas da Alemanha, Zimbábue, Canadá e Argentina chegam para residência artística no Goethe-Institut

Foto: Trevor Taylor

Mais um grupo de artistas internacionais chega à capital baiana neste mês de abril para integrar o Programa de Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut Salvador-Bahia. Durante dois meses, eles vão vivenciar a rotina da cidade, interagir com suas práticas e agentes culturais, para aprofundar suas pesquisas artísticas e trocar conhecimentos, sendo instalados em apartamentos construídos no último andar da sede do instituto, contando com toda sua estrutura física e articulações locais. Serão quatro residentes nesta temporada: a cineasta e artista visual Annika Kahrs (Alemanha), a curadora e artista visual Georgina Maxim (Zimbábue), o compositor Patrick Giguère (Canadá) e o músico e cineasta Segundo Bercetche (Argentina).

Oficialmente inaugurada em novembro de 2016, a Vila Sul é a terceira residência artística no âmbito geral das 159 unidades do Goethe-Institut existentes no planeta, e primeira e única da rede no “sul global”, abaixo da Linha do Equador. A sua proposta é fortalecer interlocuções entre o Brasil e demais países do hemisfério Sul a partir da presença de artistas de todo o mundo, genuinamente interessados em perspectivas sociopolíticas e culturais desta metade do planeta. Entre 2016 e 2019, 68 artistas e agentes culturais já experimentaram esta oportunidade.

Annika Kahrs é uma artista que trabalha principalmente com cinema, performance e instalação. Ela pesquisa representação e interpretação, e está interessada em construções sociais e científicas, bem como em relações orgânicas evoluídas, como aquelas entre humanos e animais. Seus filmes oscilam entre a encenação e a observação documental – e ela nunca se esconde neles, mesmo que sua presença só seja revelada em um breve olhar de um ator para o diretor. Os vídeos de Kahrs são como coreografias e a música geralmente desempenha um papel próprio. Ela já recebeu diversos prêmios e bolsas de estudo, incluindo o VG-Award em 2017, o Stiftung Kunstfonds em 2018 e o George-Maciunas-Förderpreis em 2012. Expôs nacional e internacionalmente, incluindo: Hamburger Bahnhof – Museum für Gegenwart, Berlim; 5ª Bienal de Arte Contemporânea de Thessaloniki, Grécia; Kunsthalle Bremerhaven, Savvy Contemporary, Berlim; exposição “On the Road” em Santiago de Compostela, Espanha; Bienal Internacional de Curitiba, Brasil; Hamburger Kunsthalle, Instituto KW de Arte Contemporânea, Berlim; Kunst-und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland, Bonn; Martin Gropius Bau, Berlim; Flat Time House, Londres; e o Festival Velada de Santa Lucia em Maracaibo, Venezuela.

Georgina Maxim tem mais de uma década de experiência na gestão artística e na prática curatorial. Juntamente com Misheck Masamvu, cofundou a Village Unhu, em 2012, um espaço coletivo de artistas que fornece estúdios, exposições, oficinas e programas de residência para artistas, entre jovens talentos e profissionais. De 1999 a 2013, trabalhou na Gallery Delta Foundation for Art and the Humanities como gerente de galerias, adquirindo sua primeira experiência durante e após seus estudos na Universidade de Tecnologia de Chinhoyi. Como artista, seu trabalho combina tecelagem, costura e descoberta de têxteis, criando objetos que escapam de definição. Vestuários são desconstruídos e às vezes reconstruídos para encontrar novas maneiras de prestar homenagem e reflexão sobre a pessoa que possuía a roupa original. Maxim descreve isso como “a memória de”. Ela foi nomeada pelo Prêmio Henrike Grohs (Goethe-Institut Abidjan) em 2018, exibiu extensivamente internacional e regionalmente e atualmente é representada pela Galeria Sulger-Beul, em Londres. Maxim estuda Artes Verbais e Visuais Africanas – Línguas, Curadoria e Artes na Universidade de Bayreuth, na Alemanha.

Patrick Giguère é um compositor cuja música é executada através das Américas e da Europa. Foi diretor artístico do Erreur de Type 27 e do Ensemble Lunatik e atualmente é diretor do Codes d’accès – três organizações dedicadas à música contemporânea. Entre muitos momentos importantes dos últimos anos, está a atribuição do prêmio Serge-Garant da fundação Socan pela terceira vez para a sua obra “Le sel de la terre”, em 2015, que depois foi gravada pelo Thin Edge New Music Collective da editora discográfica Redshift Records e transmitido no BBC Radio 3. A sua obra “Revealing” estreou pelo London Symphony Orchestra no Centro Barbican em Londres em 2018, sob a direção de Susanna Mälkki. No mesmo ano, Giguère fez parte no Generation 2018 Canadian Tour com ECM+. A prática da sua arte é um caminho para viver na sociedade de hoje e também de pensar e refletir sobre relações humanas e o mundo que nos rodeia. Patrick acredita que a música não é um fenômeno apartado e puro, mas sim fundamentalmente ligada à pergunta do significado de ser humano. A sua inspiração tem origens diferentes, sendo os performistas as mais importantes. A intensidade mágica, a sensibilidade e a virtuosidade da performance, bem como a fisicalidade do som, são suas fontes constantes da fascinação. Patrick compôs para vários conjuntos, como a London Symphony Orchestra, o Bozzini Quartet, o Birmingham Contemporary Music Group, o Ensemble Court-Circuit, o Nouvel Ensemble Moderne, o Exaudi Vocal Ensemble, o Ensemble Paramirabo, a Pacific Baroque Orchestra, o Le Page Ensemble, o Aventa Ensemble, a American Academy of Conducting in Aspen Orchestra e a Orchestre de la Francophonie. Também está colaborando com artistas que partilham a mesma visão artística, como François-Xavier Roth, Richard Baker, Mark McGregor, Jeff Stonehouse e Cheryl Duvall. Depois ter estudado na Universidade Laval, concluiu em 2018 o doutorado no Royal Birmingham Conservatoire, na Inglaterra. Durante a sua pesquisa, se focou no “conceito Duende” e valores como espontaneidade, autenticidade e exploração durante o processo criativo. Joe Cutler, Éric Morin, Howard Skempton, Michael Finnissy, Richard Ayres, Andrew Toovey e Ana Sokolovic são compositores com os quais trabalhou em estreita parceria, influenciando o seu desenvolvimento como compositor. Patrick Giguère recebe bolsa do Conseil des arts et des lettres du Quebéc (CALQ) para sua residência na Vila Sul do Goethe-Institut.

Segundo Bercetche lançou cinco álbuns como compositor sob o nome de Siro Bercetche. Além disso, é membro do Lujo Asiático, um trio que faz “música eletrônica”, mas sem máquinas ou computadores: usando apenas um conjunto de bateria, sintetizadores e samplers. Lujo Asiático percorreu o Japão em outubro e novembro de 2017, retornando com a edição em vinil de seu primeiro álbum. Bercetche começou a fazer videoclipes para si e acabou fazendo mais de 20 videoclipes para artistas locais e internacionais. O trabalho no documentário “Buenos Aires Rap” (2014) despertou seu amor pelo gênero. Também filmou “No va llegar” (2017), estrelado pelo bandoneonista Tomi Lebrero e sua jornada épica pela Argentina a cavalo. Atualmente, está trabalhando com Diane Ghogomu no filme “Buenos Aires Black”, um documentário que tenta responder o que significa ser negro em uma cidade que foi treinada para enterrar sua própria negritude. Também está trabalhando com Carla Sanguineti num documentário de auto-observação de um músico de Buenos Aires lutando contra a crise política, econômica, industrial e emocional, enquanto tenta entender a relação entre arte, trabalho e internet.

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