Pensador discute Afrotopia em 2ª edição do ‘Diálogos contemporâneos’
Apenas cinquenta anos separam a proposta de extinção da população africana sugerida no auge da pandemia de Aids no continente do seu atual status de promessa de futuro eldorado do capitalismo mundial. A que se deve essa mudança de representação? De que modo a África deve se reposicionar no mundo a partir de sua própria iniciativa?
Foram as reflexões sobre como o destino da África sempre foi decidido desde fora e a urgência de reinvenção do continente que inspiraram o pensador e escritor senegalês Felwine Sarr a desenvolver a noção de Afrotopia, tema da palestra que realizará no próximo dia 8 de outubro (terça-feira), das 18h30 às 21h, no Teatro Molière da Aliança Francesa Salvador.
Com mediação do diretor Mamadou Gaye, a conversa se dará em torno do livro “Afrotopia”, cuja versão traduzida em português será lançada no dia seguinte (09/10), no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia. O evento terá tradução simultânea e marca a segunda edição do “Diálogos Contemporâneos”, que estreou em agosto com o filósofo Souleymane Bachir Diagne, também do Senegal.
Uma crítica ao conceito hegemônico de desenvolvimento, a Afrotopia trata de “voltar ao passado para avançar”. Ela refere-se a “uma utopia ativa que procura encontrar as vastas extensões do que é possível no real africano e impregná-las”, segundo Sarr. A ideia propõe uma nova maneira de ver a “África em movimento”, realmente de acordo com o que é vivido in loco, não conforme uma visão fantasiosa, levando em conta a história.
Descrita como metáfora inspiradora para uma nova África, a obra retrata o desejo de Sarr de estabelecer uma independência intelectual africana e reúne os desafios sinalizados pelo autor para o continente, entre eles encontrar seu próprio equilíbrio para evitar novas quedas. Felwine defende ainda a necessidade de a África, no processo de recuperação de seu próprio domínio político, econômico e cultural, restaurar sua consciência histórica, não colocar seu destino nas mãos de outros e construir suas próprias alternativas.
Felwine Sarr foi um dos especialistas convidados pelo governo francês para produzir o levantamento das obras de arte africanas na França. Junto à historiadora francesa Bénédicte Savoy, recomendou ao país devolver a África os artefatos furtados de seu território, sobretudo, no período colonial, através do estabelecimento de acordos entre Paris e os Estados Africanos. Dessa maneira, cada nação receberia de volta o patrimônio que lhe cabe por direito.
O evento é realizado pela n-1 edições, Universidade de São Paulo (USP) e Embaixada da França no Brasil. Conta ainda com apoio da Aliança Francesa Salvador, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro/UFBA) e do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA).
Sobre o autor |
Felwine Sarr nasceu em 1972, em Niodior, uma ilha situada ao longo da costa atlântica do Senegal. Atualmente, é professor e pesquisador da Universidade Gaston-Berger em Saint-Louis, onde leciona Economia e também é diretor do departamento de Civilizações, Religiões, Arte e Comunicação (CRAC). Ele também é filósofo, poeta, músico e escritor, com quatro livros publicados: Dahij (Gallimard, 2009), 105 Rue Carnot (2011) e Médiations Africaines (2012), ambos pela editora Memory of Inkwell (Canadá), e Afrotopia (Philippe Rey, 2016).
Sobre a Aliança Francesa Salvador |
Instalada na capital baiana desde 1973, a Aliança Francesa Salvador é uma associação cultural sem fins lucrativos que tem por propósito a difusão da língua francesa e da cultura francófona no mundo. Pautada no lema “curso, cultura e alegria”, além de promover os tradicionais cursos de francês, a instituição também integra o circuito artístico-cultural da cidade, abrigando uma biblioteca com mais de 6.000 exemplares, uma Galeria para exposições, o Teatro Molière e, em breve, um novo bistrô.
SERVIÇO |
O que: AFROTOPIA — Diálogos contemporâneos: Felwine Sarr
Mediação: Mamadou Gaye
Quando: 8 de outubro (terça-feira), das 18h30 às 21h
Onde: Teatro Molière da Aliança Francesa Salvador
Quanto: Entrada franca mediante inscrição no e-mail escola@afbahia.com.br. Espaço sujeito à lotação.
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