10/03/2020

Março Azul-marinho alerta para o aumento de casos de câncer colorretal


Cirurgia robótica traz vantagens no tratamento da doença

A campanha Março Azul-Marinho marca a conscientização sobre o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino. Cada dia mais comum e bastante agressivo quando diagnosticado tardiamente, esse tipo de tumor possui enorme ocorrência no Brasil: são mais de 35 mil casos por ano. A doença abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto (final do intestino) e ânus. É tratável e, na maioria dos casos, curável, se detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. 

Uma pesquisa divulgada em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a incidência do câncer em geral deve aumentar 63% nos 20 anos seguintes, ou seja, até 2038. Para este período são estimados 1,9 milhão de casos de câncer colorretal, o terceiro mais frequente, atrás apenas do câncer de mama e pulmão. Dados do A.C. Camargo Câncer Center apontam que uma em cada 20 pessoas no mundo terá câncer de intestino durante a sua vida e que 90% dos casos são diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos.

De acordo com o coloproctologista Ramon Mendes, diretor do núcleo de coloproctologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), grande parte dos tumores de intestino se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede do cólon e que, quando associados a modos de vida não saudáveis e predisposição genética podem, com o passar do tempo, transformar-se em câncer. “Aos 50 anos, 1/4 das pessoas desenvolve pólipos no intestino, os quais podem ser removidos durante um exame de colonoscopia, exame preventivo que deve ser realizado anualmente a partir dos 45 anos”, recomenda o médico.

Fatores de risco - Além da idade igual ou superior a 50 anos, os principais fatores que elevam o risco de desenvolver câncer do intestino são excesso de peso corporal e alimentação não saudável, ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha também aumentam o risco para este tipo de câncer.

São sintomas do câncer colorretal sangue nas fezes, mudança no hábito intestinal, perda de peso intensa, cansaço que não cessa, dor na região anal, cólicas ou dores abdominais. O diagnóstico requer biópsia (análise de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio).  

Tratamento - O único tratamento que cura o câncer colorretal é o cirúrgico. Nos casos do câncer de cólon, o tratamento consiste em retirar o tumor, os vasos que nutrem o tumor e os linfonodos na raiz dos vasos (mesentério). Nos casos de câncer do reto, os principais tratamentos são a ressecção parcial do mesorreto, envolvendo ou não os músculos do assoalho pélvico. Em alguns casos, pode ser feita a quimioterapia e radioterapia pré-operatória, para reduzir o tamanho da massa tumoral e assegurar a preservação do esfíncter, poupando o paciente da chamada colostomia definitiva.

O câncer colorretal também pode ser operado por videolaparoscopia ou colonoscopia, ambos procedimento minimamente invasivos feito internamente com ajuda de uma câmera. A laparoscopia no geral tem uma recuperação mais rápida, com menos agressão imunológica e menos dor. Entretanto, a cirurgia robótica, uma evolução da laparoscopia, é uma alternativa ainda mais precisa para retirada dos tumores de cólon e reto.
Cirurgia robótica - “A utilização da plataforma robótica para tratamento deste tipo de câncer tem aumentado. Podemos utilizá-la para os mesmos casos em que usamos a laparoscopia, com a vantagem de que, com o auxílio do robô, a cirurgia torna-se mais precisa e nossa visão é melhor (em 3D, ao contrário do 2D da laparoscopia). Além disso, acrescenta-se a possibilidade de injetar na veia do paciente uma solução que tem propriedade de corar os gânglios linfáticos, permitindo um melhor clareamento das áreas tumorais”, explicou o coloproctologista do IBCR, Ramon Mendes.
Quanto à recuperação, a cirurgia robótica tem todas as facilidades da cirurgia laparoscópica, mas com maior precisão técnica e menor sangramento. As maiores vantagens com relação à laparoscopia são o uso de um sistema ótico estável e braços articulados, permitindo movimentação das pinças com sete graus de liberdade”, frisou o especialista.
A indicação da cirurgia robótica depende principalmente da localização do tumor, do gênero e do perfil nutricional do paciente. “Indicamos a cirurgia robótica preferencialmente para tumores localizados no reto, em homens e pessoas com sobrepeso ou obesas, ou seja, em situações onde a videolaparoscopia se torna mais difícil. Com relação ao estágio da doença, temos ampliado o uso do robô mesmo para os tumores localmente avançados”, concluiu Ramon Mendes.

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