16/09/2010

Adriana Moreira e seu Direito de Sambar



Lançado pelo CPC-UMES, selo paulistano que abriga grande safra de artistas independentes, o CD Direito de Sambar foi bem recebido pela crítica, que o ressaltou por ser um expressivo trabalho de pesquisa, com arranjos especialmente compostos. Quase todas as músicas de Batatinha (1924-1997) falam de tristeza, sofrimento, má sorte, indecisão.

O lançamento ocorrerá nos dias 23 e 24 de Setembro, às 21hs, na Casa da Mãe, no Rio Vermelho, em frente à Colônia dos Pescadores, couvert R$10 reais.

O lamento cai bem num samba, não se pode negar, mas este rosário de dor,
dificilmente associado a um baiano (Ary Barroso, por exemplo, traduziu aquele pedacinho do mundo como 'terra da felicidade'), foi rezado diariamente por Oscar da Penha até o cabo de seus 72 anos de vida: 'Se eu deixar de sofrer/ Como é que vai ser/ Para eu me acostumar?', questiona em "Hora da razão", parceria com J. Luna.

Nos versos de "Sorte do Benedito", que compôs sozinho, ele se queixa: 'Coisas da vida/ Que acontece/ E sempre sofre/ Quem não merece'. Batatinha declarava publicamente ser um homem triste, mas é interessante notar como há mais variedade cromática nas melodias do que muitas vezes sugerem as palavras.

Adriana Moreira, estreante em disco, visivelmente uma pessoa solar, se identifica com a poética soturna do autor soteropolitano. Canta com reverência, maravilhas como a dançante "Sorriso de mulher" ('Fui vítima e sofri/ Com tanta resignação/ Também fiz padecer/ Um outro nobre coração') e a antológica "Diplomacia" ('Meu desespero ninguém vê/ Sou diplomado em matéria de sofrer), escalada para a trilha sonora do filme Barravento, de 1960, do conterrâneo Glauber Rocha. "Diplomacia" também foi gravada por Maria Bethânia no seu primeiro disco (Maria Bethânia, de 1965), que trazia, ainda, "Só eu sei". A baiana colocou mais quatro composições de Batatinha em dois álbuns seus - "Toalha da Saudade", "Imitação" e "Hora da Razão" (no LP Rosa dos Ventos, de 1971) e "O circo" (Drama, 1972).

Cantora de escolhas certas, Adriana defende uma prática antiga que parece estar voltando aos poucos: Salpica músicos de choro numa ficha técnica que até bem pouco tempo estaria lotada por músicos do samba. Luizinho 7 Cordas abusa das baixarias em faixas como "Rosa tristeza" (parceria com Edil Pacheco) e "Ago-ago", Toninho Carrasqueira enfeita com suas flautas as frases dolentes de "Conselheiro" (com Paulo César Pinheiro), escorado nos arranjos e no violão de Gudin, e Nailor Proveta
e sua clarineta reluzente colocam pressão em diversas músicas, incluindo a faixa-título "Direito de sambar".

Em "Bolero" (com Roque Ferreira), reforça o poderoso naipe de sopros feito pelos companheiros da Banda Mantiqueira (Ubaldo Versonato, Cacá Malaquias e Vitor Alcântara). Já Wilson das Neves empunha suas famosas baquetas em oito das 14 músicas do álbum e Edmilson Capelupi joga nas onze: toca violões, cavaquinho, bandolim e assina a maioria dos arranjos.

Página na Internet:
http://adrianamoreira.blogspot.com
http://myspace.com/adrianamorera

Contato:
producaoadrianamoreira@yahoo.com.br
Junior.pita@yahoo.com.br


Sobre Adriana Moreira
Adriana Moreira Clemente de Almeida nasceu no dia cinco de Março de 1970, na cidade de São Paulo. Teve o primeiro contato com a música - especialmente o samba - ainda criança na Escola de Samba Camisa Verde e Branco, onde foi praticamente criada.
Sua primeira experiência com a música, mais especificamente como cantora veio a acontecer em 1996 participando com a “Orquestra Paulista de Samba” da gravação do disco “O Cúmulo do Samba”, do compositor Carlinhos Vergueiro. Em seguida, integrou o núcleo de músicos e compositores que constituiu o Mutirão do Samba (1997 – 1999), movimento deflagrador de uma série de outras iniciativas, notadamente o Samba da Vela, de Santo Amaro; e o Projeto Nosso Samba, de Osasco.

Decidida a seguir carreira como cantora, Adriana começou a estudar. Em 1997 entrou na
Universidade Livre de Música (ULM). Nesse mesmo ano subiu ao palco pela primeira vez em um show com o Trio Bequadro e Mutirão do Samba no Café Piu - Piu em São Paulo. No ano de 1998 participou do show “Pra quem teve paciência” do compositor e cineasta Kiko Dinucci onde se destacou.

Mais tarde, em Julho do ano de 1999 participou com o coral de estudantes da ULM e Orquestra Jazz Sinfônica, da inauguração da Sala São Paulo. Em 1999 começou a trabalhar com teatro junto à Companhia Incomodada e integrou o Projeto Samba da Benção apresentado no teatro Artur de Azevedo sob a direção de Zé Celso Martinez, e em seguida tomou parte da série de shows intitulada Mpbar apresentada no Teatro Folha.

Trabalhou como backing vocal até 2002, neste período esteve ao lado de grandes sambistas, entre eles: Dona Ivone Lara, Monarco, Walter Alfaiate, Jorge Simas, Almir Guineto, Nelson Rufino, Luis Carlos da Vila e Wilson das Neves. No final do ano de 1999 Adriana conheceu a obra do baiano Batatinha – falecido em 1997 –, pela qual se interessou muito, começando um trabalho de pesquisa sobre a obra do compositor.
De 2000 a 2002, Adriana Moreira, agora se dedicando à carreira solo, apresentou - se na noite paulistana no tradicionalíssimo Bar Brahma ao lado do pianista Ary Costa e do Sambista Carlinhos do Cavaco, e também fez shows baseados no repertório do baiano Batatinha no Sesc Itaquera e Sesc Santo André.

No ano de 2003 participou do projeto Ilustre e Desconhecido no Sesc Pompéia como cantora e também idealizadora do grande show em homenagem ao compositor Batatinha com participações de seus parceiros Nelson Rufino, Walmir Lima, Edil Pacheco, Riachão e seu filho Jorge Penha.

Nesta ocasião recebeu da família de Batatinha seu acervo de fotos e toda o obra inédita do compositor. Tendo em mãos tal preciosidade, resolveu gravar seu primeiro cd só com musicas de Batatinha.

Em 2004 fez um show no Sesc Vila Mariana : “As músicas de Baden e Vinícius”.

Em meio às gravações de seu primeiro disco já em 2005, Adriana Moreira concorreu ao prêmio de melhor intérprete do Festival Cultura – A Nova Música do Brasil.

Defendendo das eliminatórias até a finalíssima, a música Lama do talentoso compositor Douglas Germano. No começo do ano de 2006 participou do show “Na cadência paulista do samba”, cinco espetáculos que reuniram artistas consagrados como Márcia, Jair Rodrigues, Paulo Vanzolini, Eduardo Gudin e caras novas do samba de São Paulo, na semana de aniversário da cidade. Ainda neste ano participou do novo cd do compositor paulistano Eduardo Gudin: Um jeito de fazer samba. Em Outubro lançou seu primeiro cd “Direito de Sambar – Adriana Moreira canta Batatinha(Oscar da Penha)” que tem direção musical de Edmilson Capelupi e arranjos, entre outros, de Eduardo Gudin. O cd foi lançado pela gravadora CPC – Umes, com dois espetáculos no Sesc Santana.

Em Novembro se apresentou na Sala Funarte Sidney Miler no Rio de Janeiro, tendo a
especialíssima participação de Carlinhos Vergueiro. Em Junho de 2007 participou, ao lado de Vânia Bastos e Marilha Medalha, da inauguração do Centro Universitário de Cultura e Arte Gianfrancesco Guarnieri, com a peça Pontos de Partida – Tributo a Gianfrascesco Guarnieri sob direção de Heron Coelho.

Ainda em 2007, Adriana Moreira deu continuidade à fase de lançamento de seu cd levando seu show “Direito de Sambar” ao interior paulista. Passou por Bauru, Araraquara, Sorocaba e Presidente Prudente. De Janeiro a Março de 2008 Adriana se dedicou também ao teatro. Fez parte do elenco da peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra dirigida por Heron Coelho que foi apresentada no SESC Paulista.

Em setembro de 2008 Adriana idealizou um belíssimo show: “Voz Irmã” com Carlinhos Vergueiro, Eduardo Gudin e Elton Medeiros que foi apresentado no SESC Pinheiros com concepção e direção dela própria.

Em novembro de 2008 em comemoração ao 120 anos da abolição da escravatura e o dia da
consciência negra Adriana Moreira apresentou o espetáculo Ta Layiá-Resistir com participações de João Borba e Nei Lopes, o show consistiu em mostrar alguns do variados ritmos afro-brasileiros.

Neste ano de 2009 depois de ser convidada para cantar juntamente com seus respectivos
interpretes nas duas mais tradicionais escolas de samba do carnaval brasileiro a Camisa Verde e Branco( sua escola do coração) e a Nenê da Vila Matilde, Adriana Moreira idealizou um grande show em homenagem as mulheres sambistas. Nos dias 14 e 15de Março no SESC Vila Mariana foi apresentado o espetáculo “Damas Bambas” Adriana Moreira, Fabiana Cozza, Gisa Nogueira e Dona Ivone Lara, um belíssimo show, emocionante. O repertório trazia a visão feminina nas musicas, lá estavam sambas de Gisa Nogueira como “Opção” gravada por Clara Nunes, sambas de Dona Ivone Lara, musicas gravadas por grandes cantoras como Elza Soares e Alaíde Costa respectivamente Pranto Livre(Everaldo/Dida) e Valha-me Deus (Baden Powell e Hermínio Bello de Carvalho).

Atualmente Adriana Moreira esta em fase de concepção de seu novo cd previsto para ser lançado até o final deste ano de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário