25/09/2010

Ataques covardes na Parada Gay - Campanha 24h de Combate à Homofobia

'Homofobia, fora daqui!' foi o tema da 9ª edição da Parada Gay da Bahia que aconteceu no domingo (12/09), em Salvador. A organização do evento conta que cerca de 1 milhão de pessoas participaram da mobilização, que reuniu entidades ligadas ao movimento LGBTT no Campo Grande.

O desfile de 11 trios elétricos imitou o circuito do carnaval de Salvador, com saída às 15 horas do Campo Grande em direção à Praça Castro Alves, retornando ao ponto de partida pela Rua Carlos Gomes. O encerramento da festa foi às 22 horas.
Segundo informações da assessoria da Polícia Militar, um efetivo composto por 1.015 homens foi responsável pelo policiamento nas ruas, que ficaram lotadas até a madrugada. O evento foi uma realização o Grupo Gay da Bahia (GGB), Quimbanda Dudu e Associação de Travestis de Salvador.

Mas tudo isso não foi suficiente para evitar o que aconteceu com Leonardo Eloi, PM de Salvador, que no dia não estava trabalhando, mas foi para a Parada para curtir a festa. Ele e mais quarto amigos foram agredidos física e psicologicamente. Ele conta com detalhes o absurdo que aconteceu nessa entrevista exclusiva para o blog Outting Cultural, confira:

1 – Como foi o dia de preparação para ir na parada gay?
R: Mais organizado que os outros anos, pois dessa vez eu ia poder curtir a Parada sem pressa do começo ao fim. Então preparei minha camisa com a PL 122/06 nas costas e fui encontrar os amigos.

2- Como tudo aconteceu? Foi muito rápido?
R: Já eram por volta de 19h40 e estávamos eu e mais quatro amigos indo embora. Ao passarmos em frente ao condomínio Mansão dos Cardeais pela Praça do Campo Grande, um grupo de aproximadamente cinco jovens passaram por mim que estava andando mais a frente e sem motivo algum tentou agredir o namorado de um dos meninos que estavam vindo logo atrás. Em seguida o namorado deste que sofreu a tentativa foi defender, dentro de 40 segundos mais ou menos, o outro garoto que estava conosco ajudou a segurar um dos meliantes no mesmo momento que outro deles veio e acertou um soco no rosco do meu amigo que foi ajudar o namorado. Fomos dar ajuda a meu amigo que já estava caído sangrando e os indivíduos correram. Foi tudo muito rápido e de saldo tivemos um lábio partido e um óculos quebrado. Mas no mais sem grandes traumas.

3 – O que você acha de essas coisas absurdas ainda acontecerem nos movimentos LGBTT, sendo que você trabalha com a violência todo dia?
R: Acho um absurdo que infelizmente não vai acabar tão cedo, cabe a nós sempre andarmos atentos e preparados para nos defender. Não há muito o que fazer além disso.

4- Você já sofreu preconceito no seu emprego?
R: Apesar do ambiente extremamente machista, dei muita sorte e tive poucos casos de preconceito mesmo, a grande maioria me aceita normalmente.

5 –Quem são as pessoas que te influenciaram a ser o que você se tornou hoje? Você tem ídolos, se sim, quem?
R: Sinceramente nunca pensei muito nisso, sou eu mesmo, não tenho muitos espelhos, mas admiro todo e qualquer homossexual que sabe trabalhar com sua orientação, com sinceridade e caráter.

6- Existe possibilidade de processar quem fez isso?
R: Não, pois não houve muito tempo para pegar características dos elementos, mas se pudesse o faria com certeza.

7- Qual é a sua visão sobre os direitos dos homossexuais?
R: Melhorando, ainda não estamos no nível ideal, mas imagino que em algumas gerações isso vai mudar, de forma natural até.

8- Você é favorável ao casamento gay?
R: CLARO!(risos) Quero um festão no meu.

9- Qual dica você dá ao leitor do Outting Cultural que deseja ir nesses eventos e não sofrer violência?
R: Andar em grupo e evitar áreas desertas e sem um policiamento por perto.

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