27/06/2013

Dez apresentações nos últimos dois dias da Programação Baiana de Circo, Dança e Teatro


Mudanças na escala do projeto concentram maratona de circo, dança e teatro nesta sexta e sábado, 28 e 29 de junho. Entre os destaques, estão os premiados espetáculos teatrais “Entre Nós – Uma Comédia sobre Diversidade” e “Namíbia, Não!”, o infantil “De Sol, De Céu e De Lua”, o circo feminino de “A Rádio do seu Coração”, além de intervenções urbanas de dança e danças de rua

A reta final da Programação Baiana de Circo, Dança e Teatro vai promover uma verdadeira maratona de apresentações nesta sexta e sábado, 28 e 29 de junho. Nestes dois últimos dias do projeto, serão 10 sessões gratuitas das artes cênicas da Bahia, entre espetáculos, intervenções urbanas e montagens de rua. Elas ocupam o Vão Livre e a Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA), além de se estenderem pelo entorno do teatro, no Campo Grande, incluindo o palco do Teatro Martim Gonçalves, no Canela. Promovida pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), a ação integra o Cultura em Campo, em que a Secretaria de Cultura do Governo do Estado (SecultBA) realiza um programa artístico-cultural especial durante o período da Copa das Confederações da FIFA Brasil 2013.

A Programação Baiana de Circo, Dança e Teatro foi iniciada em 17 de junho e reuniu um total de 25 propostas que representam uma mostra da atual produção destes setores no estado. Nos últimos dias, foram feitas algumas alterações na escala de apresentações, por conta dos jogos da seleção brasileira de futebol e das manifestações populares ocorridas na região. Assim, estejam atentos para as novas datas e horários.

Na sexta-feira, 28 de junho, o Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro da UFBA (Canela), será tomado pelo circo com A Rádio do Seu Coração, da Cia. Fulanas de Circo, às 16 horas. Também vão ocorrer duas intervenções urbanas de dança: Maçaroca – Investigações Gambiárricas, de Márcio Nonato e Paula Carneiro Dias, que ocupa o Vão Livre do TCA, às 14 horas, e Gráfico Planificado da Violência, de Fernando Lopes, na Praça Dois de Julho, às 16 horas. Às 18h30, o Vão Livre é ainda espaço de dança de rua com a apresentação de Síntese, do Grupo de Performances Street Vibe, de Vitória da Conquista. Fechando a noite, o sucesso da montagem que marca a estreia de Lázaro Ramos como diretor de espetáculos adultos emNamíbia, Não!, às 20 horas, na Sala do Coro.

Já o encerramento, no dia 29 de junho, começa para a criançada, com o espetáculo De Sol, De Céu e De Lua, de Mariana Moreno e Grupo Teca-Teatro, às 16 horas, na Sala do Coro do TCA. No mesmo horário, na Praça Dois de Julho, acontece a intervenção urbana de dança Ah, Se Eu Fosse Marilyn, de Edu O. O Vão Livre mais uma vez se toma de dança de rua com Das Ruas para Ruas, do grupo Independente de Rua, às 18h30. Às 20 horas, a Sala do Coro recebe o vencedor das categorias de Melhor Espetáculo, Melhor Ator (Igor Epifânio) e Melhor Texto no Prêmio Braskem de Teatro 2012: Entre Nós – Uma Comédia sobre Diversidade, de João Sanches. Fechando a maratona, o Grupo Alvenaria de Teatro apresenta Butô de Bêbado Não Tem Dono, às 21 horas, na Ladeira da Fonte.

SINOPSES

Dia 28 de junho (sexta-feira)

Maçaroca – Investigações Gambiárricas, de Márcio Nonato e Paula Carneiro Dias

[DANÇA – Vão Livre do TCA, 14h00]

MAÇAROCA: s.f. Pequena bobina sobre a qual a fiandeira enrola o fio./ Espiga de milho./ Canudo de cabelos que apresenta a forma de uma espiga de milho./ Molho, feixe./ Porção de tripas enroladas e amarradas para vender./ Fig. Enredo, maranha./ A extremidade cabeluda da cauda dos bovinos./ Bolas de crinas embaraçadas na cauda dos cavalos./ Duas pessoas escorrendo emaranhadas ladeira abaixo.

Ficha técnica: Concepção e Performance: Márcio Nonato e Paula Carneiro Dias/ Imagens: Léo França/ Edição das Imagens: Paula Carneiro Dias/ Cafofinho: Luis Parras



A Rádio do Seu Coração, da Cia. Fulanas de Circo

[CIRCO – Teatro Martim Gonçalves, 16h00]

Inspiradas na nostalgia da época de ouro do rádio brasileiro, o enredo conta a história de duas mulheres apaixonadas que se encontram para sentir nas ondas do rádio a magia do amor em seus corações. Levados pela emoção deste encontro, seus corpos evoluem em performances circenses, com números e aparelhos criados especialmente para o espetáculo. Além de importante meio de comunicação que ajudou a integração do Brasil, o rádio foi também companheiro de milhares de mulheres apaixonadas, espalhadas por este país afora. No momento em que a TV era para poucos, a rádio começava a apresentar para os seus ouvintes os primeiros artistas populares da música brasileira: Dalva de Oliveira, João de Barro, Ari Barroso, Herivelto Martins e Francisco Alves, verdadeiros ícones da cultura nacional. Sambas, marchinhas, tangos e boleros compõem a trilha sonora, tocada ao vivo por uma banda que embala o espetáculo. No roteiro, cenas que sincronizam trapézio duplo estático, trapézio em balanço, swing de fogo, clown e magia, através do seu grande rádio mágico. Dança, música, teatro e arte circense se entrelaçam para representar a maturidade e o profissionalismo da arte circense baiana.

Ficha técnica: Criação e atuação: Luana Tamaoki e Nana Porto



Gráfico Planificado da Violência, de Fernando Lopes

[DANÇA – Praça Dois de Julho, 16h00]

Quantos corpos foram ao chão de Salvador sem vida esse ano? Que corpos invisíveis são esses que estão no nosso meio, modificando a maneira como entendemos a segurança em Salvador e nos colocando de cara com nossos medos? Esta intervenção urbana surge destes sentimentos de apreensão e medo, e dos crimes e mortes que têm assolado a capital baiana nos últimos anos. Sob a concepção e direção de Fernando Lopes e apoio de diversos artistas, o trabalho pretende “planificar” o índice de assassinatos ocorridos em Salvador, pintando marcações de corpo nas ruas, interferindo assim no espaço urbano e na maneira como a população experiencia as ruas da cidade.

Ficha técnica: Concepção: Fernando Lopes/ Ação: Fernando Lopes, Camila Correia, Luna Dias, Eline Gomes, Nyrlin Seijas, Adjair dos Reis Vieira, Ivonaldo de Jesus Santos, Maria Railda Costa, Neide Santos de Souza, Sandra Maria Batista dos Santos e Leonilson Souza



Síntese, do Grupo de Performances Street Vibe

[DANÇA – Vão Livre do TCA, 18h30]

O Grupo de Performances Street Vibe surgiu no início de 2009, em Vitória da Conquista (BA), com o objetivo de promover as danças urbanas. Atua em interfaces híbridas do popping com linguagens de danças urbanas com ênfase nas técnicas dance performed with sensitivity (dança desempenhada com sensitividade). O processo coreográfico de Síntese é uma reinvenção de junção de conhecimentos de diversos estilos de danças urbanas, onde atuam dois intérpretes coreográficos: Ronne Costa (Hypnose) e Flávio Souza (Flávio Soul). As trilhas musicais, em sua grande maioria, foram especialmente criadas para enriquecimento do trabalho, resultando numa faixa sonora de gêneros variados, que vão desde a música erudita, glicht music, house music, RNB, até a dubstep music.

Ficha técnica: Direção Geral: Ronne Costa/ Coreógrafos: Ronne Costa e Flávio Souza/ Produção musical: Ronne Costa/ Concepção figurinista: Ronne Costa/ Marketing e relações públicas: Gisele Assis



Namíbia, Não!, de Lázaro Ramos

[TEATRO – Sala do Coro do TCA, 20h00]

Recentemente, recebeu o Prêmio R7 de Melhor Texto de Teatro de 2012 – São Paulo, através de votação popular, que mobilizou mais de 100 mil votantes. Contemplada com os prêmios Braskem de Teatro 2011 e Myryam Muniz 2010, ambos na categoria Melhor Texto (autoria de Aldri Anunciação), Namíbia, Não! é dirigida por Lázaro Ramos e já se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza e Brasília, tendo sucesso de bilheteria em todas estas capitais. Só na Bahia, contabiliza mais de 30 mil espectadores desde sua estreia (março/2011). O argumento da peça parte da seguinte situação hipotética: o ano é 2016 e o governo brasileiro decreta que todos os cidadãos de melanina acentuada sejam deportados para um país da África. Com humor e inteligência, a partir do confinamento de dois primos em um apartamento por causa desta absurda Medida Provisória, o espetáculo provoca uma discussão sobre a situação do negro no Brasil. Nesta apresentação, em substituição ao ator Flávio Bauraqui, estará o jovem ator baiano Fernando Santana, que dividirá a cena com o também autor Aldri Anunciação.

Ficha técnica: Texto: Aldri Anunciação/ Direção: Lázaro Ramos/ Assistência de direção: Ana Paula Bouzas e Thiago Gomes/ Elenco: Aldri Anunciação e Fernando Santana/ Música: Arto Lindsay, Wladimir Pinheiro, Rafael Rocha e Rodrigo Coelho/ Supervisão artística: Luiz Antônio Pilar/ Iluminação: Jorginho Carvalho/ Cenário: Rodrigo Frota/ Figurino: Diana Moreira/ Produção executiva: Kalik Produções Artísticas/ Realização: Tô Ligado Produções



Dia 29 de junho (sábado)

De Sol, De Céu e De Lua, de Mariana Moreno e Grupo Teca-Teatro

[TEATRO – Sala do Coro do TCA, 16h00]

Idealizado pela atriz e produtora Mariana Moreno (Baú Produções Artísticas) e pela Cia Teca-Teatro, formada por Marconi Araponga e Luciana Comin, o espetáculo, pioneiro em Salvador, se vale de estímulos sensoriais, imagens poéticas, sons e dramaturgia para valorizar a ludicidade de crianças de zero a 6 anos, através da inspiração nos poemas de Manoel de Barros e das telas do espanhol Joan Miró. Os artistas-criadores têm experiência de oito anos com teatro feito com e para crianças. Dentro do teatro, os menores – até 12 meses de idade – são convidados a sentar no palco, acompanhados de um adulto, para vivenciar de perto esta experiência – quase sempre a primeira. De Sol, de Céu e de Lua mostra as brincadeiras de uma “menina-árvore” e encanta bebês, adultos e crianças pela delicadeza e lirismo das cenas. O texto – com participação primorosa em off de Harildo Deda – permeia as cenas, mas prioriza-se, no auxílio à narrativa, o trabalho corporal, efeitos sonoros e estímulos dos sentidos (formas e texturas, tecidos com perfumes, esguichos de água etc.).

Ficha técnica: Concepção cênica, realização, atuação e programação visual: Mariana Moreno/ Concepção cênica, realização e atuação: Luciana Comin/ Concepção cênica, realização, direção e iluminação: Marconi Araponga/ Trilha sonora: Luciano Salvador Bahia/ Operação de áudio: Martina Pimenta/ Vozes em off: Harildo Déda, Gabriela Almeida, Luana Carrera e Rafael Rodrigues/ Cenografia: Atelier Cenográfico Maurício Pedrosa/ Preparação corporal: Tiago Enoque/ Consultoria psicopedagógica: Aline Villafane/ Execução de figurinos: Karina Allata/ Programacao visual: Daniel Paixão/ Fotografia: Alessandra Nohvais



Ah, Se Eu Fosse Marilyn, de Edu O.

[DANÇA – Praça Dois de Julho, 16h00]

Proposta artística de intervenção urbana, criada por Edu O. em parceria com a Cia Dezeo-Ito, para ser realizada em praias de Salvador, agora adaptada para a Praça Dois de Julho. Pretende refletir sobre o que nos tornamos com a passagem dos anos. Aquilo que chamamos de “chegar lá” e corresponde aos desejos antigos. Quando sabemos que chegamos lá? Quando alcançamos os sonhos? Um homem travestido de Marilyn Monroe e, assim como Winnie, personagem de Samuel Beckett em Dias Felizes, enterrado até a cintura, consumido pela areia, lendo um livro e fazendo ações cotidianas, do dia-a-dia doméstico, como escovar dentes, pentear cabelos, se maquiar. Olha-se no espelho e não vê aquele que pretendia ser, mas gosta do que é. Cabelos falsos, loiros, boca borrada, livro na mão. Tornou-se aquilo que consumiu, absorveu.

Ficha técnica: Criação e intérprete: Edu O./ Direção de produção: Catarina Gramacho/ Produção: Ampla Produção e Eventos/ Fotografia: Alessandra Nohvais



Das Ruas para Ruas, de Independente de Rua

[DANÇA – Vão Livre do TCA, 18h30]

A apresentação trabalha com as técnicas da dança de rua, popping locking e breaking e outras técnicas como o contacto e contemporâneo, com a coreografia direcionada a músicas nacionais remixadas. O grupo Independente de Rua articulou-se a partir da roda de break no Centro Histórico, onde é sua casa e local fixo de ensaios, treinos, aulas, intercâmbio, palestras e apresentações. Das Ruas para Ruas é o reconhecimento e comemoração de seus 10 anos de trabalho na Praça da Sé e bairros de Salvador, sempre com o intuito de fortalecer e ampliar a dança de rua, dando a ela visibilidade e garantindo a sua originalidade. Nascida nas ruas, crescida nas ruas e permanece nas ruas.

Ficha técnica: Coreógrafo e dançarino: AnaniasBreak/ Dançarinos: Adson Braga (Shura), Alan Moura, Danilo Jesus, Jerfeson Santos (Snony) e Tiago Santos (Stree)/ Figurino: TB



Entre Nós – Uma Comédia sobre Diversidade, de João Sanches

[TEATRO – Sala do Coro do TCA, 20h00]

Com três premiações pelo Prêmio Braskem de Teatro (Melhor Espetáculo, Melhor Ator – Igor Epifânio e Melhor Texto), o espetáculo tem texto, direção, iluminação e figurino de João Sanches e traz no elenco Igor Epifânio e Anderson Dy Souza no papel de atores que tentam inventar na hora uma história de amor entre dois jovens gays. Para isso, eles enfrentam uma série de situações conflitantes e engraçadas, até decidirem o destino dos personagens Rodrigo e Fabinho. Assim como na vida real, apresenta um nó difícil de ser desatado. Enquanto os personagens encaram suas sexualidades com naturalidade, os atores que os interpretam se constrangem, se confrontam e se atrapalham em cenas carregadas de humor. Esses momentos são pontuados pela trilha sonora executada ao vivo por Leonardo Bittencourt, que também assina a direção musical. No decorrer da criação do enredo, os atores da ficção se confrontam com os seus próprios preconceitos e visões de mundo. Isso pede para que o público decida sobre o desfecho da peça: se o casal deve ficar junto ou não.

Ficha técnica: Texto, direção, figurino e iluminação: João Sanches/ Elenco: Igor Epifânio e Anderson Dy Souza/ Trilha sonora ao vivo: Leonardo Bittencourt/ Produção: Patrícia Rammos (Da Preta Produções)/ Assistência de Produção: Andréa Machado



Butô de Bêbado Não Tem Dono, do Grupo Alvenaria de Teatro

[TEATRO – Ladeira da Fonte, 21h00]

Numa livre adaptação de uma frase de Christine Greiner, pode-se dizer que o espetáculo é sobre capturar espíritos em um intervalo de tempo-espaço chamado “bar”. Os corpos podem ser chamados de Fantasmas, Espíritos, Sombras. Mas, em verdade, são outra espécie de coisa: superfícies de encontro, espelhos de duas faces, portais. Construções ocas que trafegam as fissuras de um bar ou de uma praia: dejetos, cacos, fragmentos. Essas figuras não têm fundo, não têm profundidade – toda profundidade aqui resulta tão-somente de encontros, do espaço que se cria entre quem as observa e quem as move. Não existem como indivíduos, personas, personagens – subsistem como a Sombra de quem as vê ou o Espírito de quem as incorpora; como a imagem de um passado morto ou de um futuro em gestação. Enfim, existem apenas nesse presente eterno do acontecimento. São a superfície fantasmagórica que liga dois lados de uma mesma experiência: o real e o imaginário, o sonho e a vigília, o corpo e a linguagem, a memória e a ação.

Ficha técnica: Criação coletiva: Grupo Alvenaria de Teatro/ Elenco: Camilla Sarno, Ci Moura, Felipe Benevides e Liliana Mattos

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