Imagem do assassinato do embaixador russo é vencedora do prêmio principal.
A cidade de Salvador recebe, pelo segundo ano consecutivo, a exposição World Press Photo, mostra mais importante do fotojornalismo mundial que reúne os registros mais impactantes de 2016. A 60ª edição da exposição chega à Caixa Cultural Salvador a partir do dia 13 de dezembro e segue disponível para visitação até o dia 04 de fevereiro, de terça a domingo, das 09 às 18h, na Rua Carlos Gomes, 57, Centro. O acesso é gratuito, com classificação indicativa a partir de 14 anos.
São 154 imagens sobre temas variados como política, economia, esportes, cultura e meio ambiente. Entre as temáticas, a crise dos refugiados em função dos conflitos na África e Oriente Médio é o assunto que tem maior presença e repercussão nesta edição da mostra. “São imagens de quase dois metros de largura, que fazem as pessoas sentirem como se estivessem dentro da fotografia, com toda a emoção daquele momento e a intensidade do conflito retratado”, conta Rafael Ferraz, diretor executivo da Capadócia Produtora Cultural, que há dez anos realiza a exposição no Brasil. “A World Press Photo é uma exposição anual e queremos que a mostra se estabeleça no calendário cultural da cidade de Salvador, que todos os anos, em dezembro, as pessoas já saibam que vão conferir essa retrospectiva da nossa história recente”, comenta.
Este ano, o Brasil tem participação expressiva. Os fotógrafos Lalo de Almeida e Felipe Dana foram premiados e o Rio de Janeiro foi cenário de imagens vencedoras nas categorias Esportes e Assuntos Contemporâneos. A exposição é realizada em 45 países e vista por mais de quatro milhões de pessoas anualmente. A cada edição, a WPP seleciona as melhores fotografias jornalísticas, através de um júri composto por profissionais de notória relevância na área de fotografia.
A fotografia vencedora - “Um assassinato na Turquia”
A principal fotografia vencedora, a World Press Photo do Ano de 2016, foi “Um assassinato na Turquia”, do turco Burhan Ozbilici. O registro foi feito em dezembro de 2016, quando o policial Mevlut Mert, que estava de folga, atirou contra o embaixador da Rússia Andrei Karlov, em uma sala de exposições, em Ancara. Na imagem, o assassino aparece com a pistola na mão e o dedo em riste. Na ocasião, ele gritava: “Não se esqueçam de Alepo. Não se esqueçam da Síria”.
A foto esteve envolvida em certa polêmica e dividiu opiniões. O próprio presidente do júri - Stuart Franklin, também fotógrafo - se opôs à escolha. Segundo ele, conceder o prêmio mais importante ao registro de um assassinato premeditado é amplificar a sua mensagem de violência. No entanto, a maioria prevaleceu e a foto foi selecionada. O júri do concurso é independente e a sua decisão é sempre respeitada pela Fundação World Press Photo.
“Foi uma decisão muito, muito difícil, mas, no final, a maioria sentiu que a foto era uma imagem explosiva e muito representativa do ódio contemporâneo. Nós realmente achamos que ela resumia o que uma World Press Photo do Ano deve ser e representar”, afirmou Mary F. Calvert, membro do júri. João Silva, também membro do júri, declarou: "Atualmente, vejo o mundo marchando para um abismo. Essa imagem é a face do ódio”.
Segundo Rafael Ferraz, essas imagens, produzidas por talentosos e bravos fotógrafos, nos dão o real conhecimento do que está acontecendo no mundo. “Não teríamos a real dimensão da crise dos refugiados, se não fossem essas fotografias. Espero que a exposição ajude as pessoas a se sensibilizarem e refletirem sobre os assuntos que estão afligindo o nosso planeta”, completa.
O Brasil na World Press Photo 2017
O brasileiro Lalo de Almeida, fotógrafo da Folha de S. Paulo, foi premiado pela primeira vez na World Press Photo. Ele recebeu o 2º lugar na categoria Assuntos Contemporâneos com o sensível ensaio sobre bebês com microcefalia, vítimas do vírus da Zika no Nordeste - parte de um especial publicado pelo jornal em dezembro.
Já o brasileiro Felipe Dana, que trabalha para a agência The Associated Press, havia recebido uma Menção Honrosa em 2013. Este ano, no entanto, ele levou o terceiro lugar na categoria Notícias em Destaque, com a imagem “Batalha por Mosul”, feita no Iraque, durante a ofensiva das forças especiais iraquianas e das milícias aliadas para recuperar o controle da cidade tomada pelo Estado Islâmico.
O Brasil ainda está presente na foto do alemão Kai Oliver Pfaffenbach, que congelou o sorriso vitorioso do atleta jamaicano Usain Bolt na semi-final dos 100 metros rasos, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. A imagem recebeu o 3º lugar na categoria Esporte, fotos individuais.
A série de fotos premiada com o 3º lugar na categoria Assuntos Contemporâneos (histórias) apresenta a realidade dos moradores de um conjunto habitacional abandonado em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Os registros são do alemão Peter Bauza.
A premiação em números
O World Press Photo 2017 atraiu inscrições de todo o mundo: 5,034 fotógrafos de 126 nacionalidades inscreveram 80,408 imagens. O júri distribuiu prêmios em oito categorias para 45 fotógrafos de 25 países: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Índia, Irã, Itália, Paquistão, Filipinas, Romênia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Síria, Nova Zelândia, Turquia, Grã-Bretanha e EUA.
A World Press Photo, organização independente sem fins lucrativos, promove o mais importante concurso internacional de fotojornalismo. A fundação está empenhada em apoiar e promover altos padrões de qualidade na fotografia, com o objetivo de gerar interesse e reconhecimento no grande público pelo trabalho dos fotógrafos e de outros jornalistas visuais, e pela livre troca de informações.
Serviço:
Exposição World Press Photo 2017
Visitação: 13 de dezembro a 04 de fevereiro de 2018 (terça-feira a domingo)
Horário: 09h às 18h
Local: CAIXA Cultural Salvador
Endereço: Rua Carlos Gomes, 57, Centro, Salvador-BA
Telefone: (71) 3421-4200
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Entrada franca
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal
Apoio: Reino dos Países Baixos e Jornal A Tarde